A enfermeira

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Henry narrando 

Como pode uma pessoa que sofreu tanto, trazer tanto conforto para outra?

Wendy consolava meu coração com cada palavra que saía de seus lábios, o que ela dizia era recíproco. Eu estava disposto a enfrentar o mundo por ela, não havia nada nesse mundo que eu não tivesse disposto a enfrentar, só para vê-la feliz.

Agora eu entendo o que a palavra de Deus diz... Que o marido tem que dar a vida pela esposa, assim como Cristo deu pela igreja. Estava ali olhando nos olhos da minha doce esposa, tão indefesa e vulnerável, a ouvindo. Eu estaria disposto a morrer por ela, se fosse preciso. Não existe algo que eu ame mais na vida, do que a minha doce Wendy.

- Eu te amo! Eu entendo perfeitamente tudo que você diz, pois é tudo que eu sinto. Desde o primeiro dia que eu te vi, eu te quis. Você trouxe cor para minha vida, trouxe luz para os meus olhos e alegria para os meus dias. Você é diferente, eu sei que o seu amor é verdadeiro, nunca foi por interesse. Sua simplicidade e gentileza me fizeram querer estar perto de você todos os segundos do dia. O jeito como você fala, como você sorri, como você vê o mundo, como vê as coisas... Tudo isso me atraiu ainda mais para você.

Eu não tenho forças quando estou longe de ti, é como se eu necessitasse respirar o ar que você respira. Eu tenho a dependência de te tocar, de olhar esses olhos perfeitos e sentir o cheiro de frutas que exala desses cabelos de bronze. Eu preciso dormir e acordar ao seu lado, você é meu último e primeiro pensamento. Eu me sinto tão seu... Você poderia me pedir o que quisesse, eu faria com louvor e com um sorriso imenso nos lábios. Eu quero fazer todas as suas vontades e te dar tudo o que você quiser. Em troca... Eu só quero o seu amor. Eu quero que você seja um carrapato, grudado em mim.

- Eu também... Só quero o seu amor. Eu tenho você, logo tenho tudo o que preciso. E eu também... Sou completamente sua. - Ela me puxou pela nuca e me beijou, me permiti ser dominado por aquele momento de paz e aquele sentimento maravilhoso. - Pode deixar que vou grudar em você, como uma sanguessuga. - Ela riu nos meus lábios.

- Você é minha dona, sabe disso? Você tem o poder de tornar tudo maravilhoso. Eu louvo a Deus por ter você em minha vida. - Naquele momento, lembrei de Dr. Arthur, olhei ao redor e não encontrei ele. Talvez ele não quisesse atrapalhar o momento e se retirou.

- Henry, eu tive um sonho... - Ela olhou pra baixo e mordeu o lábio. - Sonhei que um médico fazia meu parto e levava Henzo com ele. Daí eu perguntava se ele não ia me entrega-lo, ele respondeu que ainda não era tempo dele ficar comigo. Mas que me devolveria daqui a um tempo... - Ela levantou os olhos e olhou pra mim. - Temos que ser forte e confiar nos planos de Deus.

- Você me ajuda a ser forte como você? - Falei a olhando nos olhos. - Eu só tenho aparência de forte. Na verdade, você é minha força. Obrigado por cuidar de mim e ter uma fé inabalável. Você me ensina muito.

Wendy ficou mais dois dias no hospital e recebeu alta. Fiquei com ela todos os dias. O médico nos avisou pra ficarmos atentos se houvesse cólica e sangramento. Ele me falou que o bebê estava muito fraco e que não tinha muitas esperanças, mas eu não falei essa parte final pra Wendy. Ainda no hospital, recebemos a notícia que Paul tinha sido condenado e foi transferido para uma prisão de segurança máxima, seu irmão ainda estava foragido.

Antes de sairmos do hospital, liguei para alguns seguranças.  Deixei Wendy no quarto e fui levar algumas coisas para o carro.

Quando eu estava guardando as coisas no porta malas, senti algo gelado na minha nuca.

- Fica quietinho e vamos evitar constrangimentos. - Cedric estava com a arma na minha nuca.

- Fica calmo. - Levantei as duas mãos, como quem se rende. - O que você quer?

- Eu quero meu irmão solto. Isso que eu quero!

- Infelizmente eu não posso fazer nada, ele foi preso em flagrante.

- Então você arrumar um jeito de fazer algo... Entra no carro! - Ele caminhou até o banco do carona e sentou, apontando a arma pra mim. - Dirija!

Comecei a dirigir e logo pegamos a estrada. Antes de sair do hospital, vi Wendy parada olhando o carro se distanciar.

Ele me ameaçava o tempo todo, dizia que ia me matar e voltaria para matar Wendy, caso eu não fizesse nada para ajudar o irmão dele.

Wendy narrando

Henry estava demorando, então decidi ir ao encontro dele.

Ao chegar no estacionamento do hospital, vi o nosso carro indo em direção a saída. Henry dirigia e um homem com boné estava sentado ao seu lado com uma arma apontada pra ele. Meu coração disparou naquele momento, mas eu não podia deixar o medo me paralisar. Eu tinha que agir antes que fosse tarde.

Alguns seguranças cheragaram e eu informei o que havia acontecido. Álvaro chegou logo após, pois tinha informações sobre Cedric. Dei meu celular a ele, pois tinha o GPS do carro instalado nele.

Em poucos minutos uma equipe estava formada e saíram em busca de Henry. Álvaro clonou o aplicativo do meu celular, me devolveu o celular e se juntou a equipe. O carro que Henry dirigia dele estava parado, não muito longe dali.

Me levaram para casa, assim que cheguei em casa me agarrei em Tânia. Minhas pernas não estavam aguentando meu peso. A dor, o medo e o desespero me dominaram e eu só sabia chorar.

- Levaram ele Tânia... - Falei em meio as lágrimas.

- Como assim senhora? Quem o levou?

- Cedric, ele levou meu Henry.

- Meu Jesus! - Ela colocou a mão no peito e respirou fundo, como se fosse uma pessoa que não pudesse sofrer naquele momento. 

Tânia me ajudou a levantar do chão e me ajudou chegar até o sofá. Tinha apenas um segurança conosco e ele estava fazendo a ronda pela casa.

- A senhora tem que comer algo, vou preparar algo e trago pra senhora. - Ela foi em direção a cozinha. 

O interfone tocou e eles avisaram que uma enfermeira tinha vindo cuidar de mim, a pedido do Dr. Arthur, talvez ele e o Henry tenham combinado algo. O médico passou algumas restrições e repouso, deve ser por esse motivo que enviaram ela.

- Tânia, está entrando uma enfermeira enviada de Dr. Arthur. - A informei quando trouxe o sanduíche pra mim.

- Sim senhora!

- Olá, como vão. Sou Paty e vim a pedido do Dr. Arthur.

A mulher era loira, magra e parecia que estava doente. Tinha tanta olheira que o corretivo que usava, não conseguia esconder. Senti um frio percorrer na minha coluna, quando bati os olhos naquela mulher.

- Olá, Paty. Por favor, sente-se. Quer alguma coisa? Água, suco...

- Não... Estou bem. Obrigada! - Ela olhava a casa toda, ela tinha um olhar obscuro.

Como eu tive um presentimento ruim daquela mulher, inventei que queira comer algo diferente e pedi Tânia pra ir ao mercado comprar os ingredientes.

Tânia saiu e eu fiquei sozinha com aquela que se dizia se chamar Paty.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora