A volta dos pesadelos

19 1 0
                                    

Wendy narrando 

Ouvi algumas batidas na porta, eu estava tão entusiasmada para mostrar as imagens para Henry, que fui com o notebook na mão abrir a porta. Ao abrir a porta, senti imediatamente um cheiro de colônia masculina e não era a de Henry. Meu cérebro tinha gravado aquele cheiro, pois o trauma que eu sofri foi muito grande, e a gravidez ainda ajudava aguçar alguns cheiros. Eu fechei o notebook e tentei disfarçar o máximo possível. Pra minha infelicidade, quando abrir a porta, Paul estava parado bem ali, em minha frente com uma arma em punho.

- Não dê um pio, ou eu atiro. - Ele levou uma das mãos na boca e fez sinal de silêncio,  enquanto a outra mão segurava a arma apontada para mim.

Ele foi dando passos para dentro do quarto eu fui andando para trás. Ele puxou a porta com uma das mãos atrás de si e antes dele fechar eu arremecei o notebook, que passou por baixo da perna dele, passou pela porta, parando no corredor e ele fechou a porta atrás dele.

- O que tem naquele notebook, sua vaca? - Ele veio em minha direção e agarrou meus cabelos.

- Nada que te interesse! - Falei entre os dentes. - Ele me jogou em cima da cama.

- Eu te mato, fica de graça pra você ver... - Enquanto falava, apontava a arma pra mim.

Henry narrando 

Após a pergunta de Tânia, sobre Wendy, senti um certo desconforto e pensei em subir, quando estávamos na escada ouvi um barulho vindo do corredor.  Primeiro pensei que poderia ser Wendy passando mal, mas quando eu cheguei próximo ao nosso quarto a porta foi fechada e o notebook ainda rodava no corredor.

Minha vontade, na hora, foi bater na porta e tentar entrar. O detetive segurou meu ombro me impedindo de avançar e apontou para o notebook.

- Pode estar acontecendo algo e ela está sendo mantida refém, todo cuidado agora é pouco. Primeiro vamos entender porque ela jogou o notebook para fora do quarto, há algo que vocês tenham descoberto?

- Eu deixei alguns vídeos da sala de monitor baixando no notebook, eles já devem ter carregado, talvez há alguém suspeito no vídeo e esse alguém pode estar com ela agora dentro do quarto.

Eu senti um desespero tão grande. Minha Wendy estava com algum lunático ou bandido e eu não podia fazer nada.

Peguei o notebook no chão e abri a tela, para minha sorte a tela não foi danificada e já estava ligada. Apertei o play no vídeo que estava parado na tela e na hora identifiquei quem eram as pessoas no vídeo, um era jardineiro e o outro era Paul.

Caí de joelhos no chão com os pensamentos envoltos em minha mente. O que Paul queria... ? Só podia ser vingança.

Imaginei ele fazendo com Wendy o que eu fiz com Patrizia, quando tive o surto. E isso me deu tremores.

- Eu preciso saber se ela está bem... - Minha voz já saia trêmula e eu tentava controlar toda agitação dentro de mim.

- Tenha calma Henry, tudo vai dar certo, vamos pensar positivo.

- Eu não vou conseguir ficar aqui esperando, eu preciso ouvir a voz dela. - Levantei e corri em direção a porta do quarto, bati desesperadamente.

Wendy narrando

Após ele me jogar em cima da cama, ele sentou na beirada da cama, de lado para mim.

Ouvi algumas batidas na porta e a voz de Henry chamava do lado de fora.

- Wendy, sou eu. Abre pra mim... - dava para ver que ele controlava sua voz, eu conhecia muito bem meu esposo. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu não deixei isso me enfraquecer, não poderia demonstrar medo perto de Paul.

Paul imediatamente  apontou a arma para mim, na direção da minha cabeça. Ele sussurrou para mim para que eu não fizesse nada estúpido.

Eu concordei com a cabeça e respondi Henry.

- Oi meu amor não posso abrir agora! - Gritei pra ele. - Eu te amo!

Paul fez um sinal pra que eu parasse de falar.

- Chega! - Seu olhar era sombrio pra mim e seu maxilar estava rígido.

- Por que você está fazendo isso Paul? - Eu abracei os meus joelhos encostada na parede em que a cama ficava.

- Henry tirou tudo o que eu mais queria e agora é minha vez de tirar o que ele mais quer. - Ele deu um sorriso fino e olhou para minha barriga com ódio.

- Como assim ele tirou tudo que você queria?  Você não ficou com Patrizia? - Segurei a cabeça com as duas mãos e apoiei os cotovelos nos joelhos.

- Ah, então você sabe da nossa história. A parte que vocês não sabem é que ela estava grávida, e devido ao que o seu querido marido fez com ela, ela perdeu o bebê. Depois disso Patrizia nunca mais foi a mesma, só vive trancada, perdeu a luz dos olhos e eu não sou mais o suficiente para ela. Por isso eu vou tirar o que ele mais deseja. Para vocês verem como é dolorido lidar com a morte todos os dias. - Ele deu um sorriso de lado e eu senti um gelo na coluna. - Agora eu só tenho que pensar como eu vou fazer isso... - Ele bateu com a arma na testa, enquanto pensava.

Henry narrando 

Quando eu ouvi a voz de Wendy eu senti um alívio imenso, minha querida esposa estava viva e sua voz parecia calma. Mas quando ela falou que não poderia abrir a porta eu senti um medo tão grande, mesmo assim ela ainda pensou em me reconfortar dizendo eu te amo e isso me deu forças para lutar pela Wendy pelo nosso bebê.

O detetive Álvaro fez um sinal para que eu não falasse mais nada, pois poderia colocar a vida de Wendy em risco.

Obedeci, encostei na porta e deixei meu corpo deslizar até no chão, eu estava abraçado com o notebook e as lágrimas começaram a rolar em meu rosto. Só pude fechar os olhos e interceder pela vida de Wendy e de Henzo.

O detetive Álvaro, juntamente com os policiais contataram as delegacias, pedindo que encontrasse o tal jardineiro. O vídeo foi enviado juntamente com a foto dele para as delegacias.

Já havia se passado duas horas e eu comecei a me preocupar pois Wendy não podia ficar muito tempo sem comer, devido a gestação e os medicamentos que ela tomava.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora