O sogro

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Henry narrando 

Wendy adormeceu e eu sentei na poltrona esperando ela voltar. Cinco minutos depois, Dr. Arthur entrou na sala.

- Nossa Bela adormecida voltou a dormir?

- Sim... - Estava sentado, com os cotovelos apoiados nas pernas e com as mãos na cabeça.

- Vou avalia-la novamente. É normal que ela fique indo e vindo, devido quantidade de medicamento ingerido. Quando ela acordar peça para me avisar para eu trazer a dieta. Ela tem que se alimentar. Aliás, você também tem que se alimentar... Como eu sei que você não irá querer sair de perto dela, vou pedir para que tragam alguma coisa para você.

- Muito obrigado, Dr. Arthur.

- Não quero precisar cuidar de mais um doente. - Ele riu, enquanto anotava mais informações no prontuário de Wendy. - Acho melhor não contar para ela sobre o bebê, vamos esperar o tempo certo. Pois ela pode sofrer por antecipação e criar paranoias na cabeça.

- Tudo bem... Obrigado mais uma vez.

- Acho melhor você desmarcar seus compromissos por um mês, ela vai precisar de cuidados.

- Tá ok. Vou informar meu pai, pra me substituir.

- Tá ok!

Dr. Arthur saiu da sala e eu liguei imediatamente para meu pai, pedi para ele vir ao hospital, pois eu precisava conversar com ele. Expliquei que Wendy estava internada e que precisaria de cuidados.

Após alguns minutos, ele ligou dizendo que estava na recepção. Fui até onde Wendy estava, dei um beijo em sua testa e outra na sua barriga.

- Cuida bem da mamãe por nós. - Sussurrei perto de sua barriga. - Amo vocês...

Meu pai estava sentado na recepção e quando me viu se levantou, vindo me minha direção.

- Oi meu filho! - Me abraçou. - Como ela está? O que houve?

Contei tudo o que tinha acontecido, desde a minha volta. Só não falei sobre o risco de perder o bebê.

- Você está de sacanagem com a minha cara, não está Henry?! - Meu pai bufava e coçava a cabeça.

- Eu sei que estou errado, pai! Eu já pedi perdão a ela.

- Pedindo perdão... É assim que você acha que resolve as coisas? Você tem que pensar antes de fazer as coisas, cara! - Ele andava de um lado para o outro com a mão na testa.

- Eu sei que agi sem pensar... - Me afastei e sentei na poltrona. Apoiei os cotovelos nas pernas e segurei a cabeça. - Agora ela está correndo risco de perder o bebê. E é por minha causa, pai..   - Meus olhos marinaram.

- Mais essa ainda! O que você fez, está feito! Você deveria proteger sua esposa nesse momento difícil. Mas ao invés disso você preferiu ser uma criança mimada. Agora você tem que fazer tudo diferente daqui por diante. - Ele sentou de frente pra mim e segurou meu rosto com as duas mãos. - Eu estou aqui pra te ajudar, conte comigo. Somos uma família e vamos passar por isso juntos.

- Muito obrigado, pai!  - Ele me puxou para um abraço.

- É sério que eu vou ser vovô? Que felicidade! Parece até que estou recebendo a notícia que vou ser pai, só que a sensação é bem melhor. Porque eu só vou ter a função de mimar e dar presentes. - Ele chorava e ria. - Já imaginou como sua mãe vai ficar? Ela vai querer se mudar pra sua casa.

- Realmente, minha mãe vai surtar e vai querer carregar Wendy no colo . - Ri em meio as lágrimas.

- Eu posso vê-la?

- Tenho que perguntar o Dr. Arthur. Se bem que, se tratando do senhor ele vai deixar sim. Ainda bem que vocês são amigos.

Fui até a sala de Dr. Arthur e meu pai entrou pós mim. Eles conversaram um pouco e marcaram uma pescaria. Seguimos para o quarto,  onde o Wendy estava. Ela ainda estava dormindo quando entramos. Meu pai foi até ela e passou a mão em seus cabelos.

Ela abriu os olhos vagarosamente e sorriu para meu pai e pra mim. A sonda que antes estava no nariz dela, já tinha sido removida.

- Oi minha querida! Como você está? - Ele abaixou e deu um beijo na testa dela.

- Estou bem melhor, graças a Deus. Obrigada por perguntar. - Sua voz ainda era baixa.

- Olá, Wendy! - Se aproximou Dr. Arthur. - Você consegue se sentar ou ainda está muito sonolenta?

- Acho que já consigo me sentar estou bem melhor do sono. Mas... Como eu vim parar aqui? Só lembro de ter tomado o remédio de enjoo e após isso senti muito sono. Lembro de Sr. Tânia me chamando e após isso não lembro mais nada.

- Você está sentindo alguma dor?

- Sim, estou sentindo dor no peito. - Ela passou a mão na região do tórax. Enquanto tentava sentar e encostar cá cabeceira da cama.

- Pois é Wendy, você tomou o remédio errado. Achou que era para náusea e era calmantes.

- É sério?! - Ela fez uma cara de espanto.

- É muito sério, a partir de hoje não pode ficar mais sozinha, tem que ser monitorada.

- E o bebê, está bem? - Os olhos dela se encheram de lágrimas e ela colocou a mão na barriga.

- Vamos ter que te monitorar. Podemos fazer uma transvaginal agora pra ver como está ...

- Sim, por favor!

- Vou pedir o maqueiro pra te levar. - Dr. Arthur saiu do quarto e meu pai foi atrás dele.

- Oi meu amor! - Me aproximei dela.

- Oi! Que grande burrada que eu fiz... - Ela começou a chorar.

- Não fica assim... Vai ficar tudo bem. Eu tenho culpa nisso. Se eu não fosse tão infantil, isso não teria acontecido.

- Eu devia ter lido o nome do remédio direto, eu poderia ter pedido a senhora Tânia... - Ela se virou de lado na cama e ficou em posição fetal. Como se quisesse se esconder de mim. Uma crise de choro tomou Wendy. Eu queria pegar aquela culpa que ela estava sentindo, para mim.

- Você estava precisando de cuidados. Se tem um culpado nessa história, esse alguém sou eu. - Posso te abraçar?

- Sim, é o que eu mais quero. - Ela se chegou para o lado e eu deitei atrás dela. Puxei seu corpo e a abracei, enfiei meu rostos em seus cabelos e ficamos ali até o maqueiro voltar.

Na sala de transvaginal estava tudo como antes, o embrião ainda era muito pequeno e aparentemente estava tudo bem. Ainda não tinha dado os quinze dias pra repetir o exame.

Wendy voltou pra sala e o médico achou por bem dar alta, já que o medo era só por causa do bebê.

Ele passou mais alguns medicamentos. Tinha um que era pra aplicar no canal vaginal toda noite, pra segurar o bebê. Wendy não podia subir escadas, tinha que ter uma alimentação diferenciada por conta da lavagem, não poderia mais ficar sozinha e ficou o alerta pra voltar em caso de cólica forte ou sangramento.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora