Diálogo

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Henry narrando 

Pedi Tânia para preparar algo leve para Wendy, eu levaria no quarto para ela. Tânia também estava muito nervosa devido à situação.

Eu estava preocupado com Wendy, ela só tinha almoçado e já começava a escurecer, pelo visto nossa noite seria em claro.

Esse momento a cada já estava cheia de policiais, encontro outros policiais trabalhavam fora da casa para achar o tal jardineiro. Tínhamos entrado em contato com a empresa que prestava serviço para nós, fomos informados que o antigo jardineiro que trabalhava em minha casa ainda estava ativo, que não tinham solicitado a substituição dele e que não sabiam do paradeiro do antigo jardineiro. Sendo assim começamos a procurar o antigo jardineiro também por estar desaparecido.

Certamente Paul e o atual jardineiro tinham sequestrado o antigo jardineiro.

Tânia preparou a refeição e eu subi as escadas com a refeição na mão, os policiais faziam minha escolta eu estava com colete à prova de balas e temia pela vida de Wendy.

Bati na porta informando que tinha levado sua refeição .

Wendy narrando 

Já fazia algumas horas que eu estava no quarto com Paul, eu só tinha almoçado e comecei a ficar fraca. Os remédios que eu tomava para o bebê ficar saudável eram fortes e me davam muita fome, por isso tinha que comer de três em três horas.

Levantei para ir ao banheiro e me senti tonta, antes de eu cair no chão, Paul me segurou.

- Presta atenção! - Ele resmungou pra mim com uma voz ríspida, após ter me segurado. - Se está tonta, então não levante! - Soltou uma respiração pesada pelo nariz.

- Desculpe! É que eu estou muito tempo sem comer, mas eu tenho que ir ao banheiro.

- Vai. Mas se você cair lá dentro, eu não vou estar lá pra te levantar. - Ele virou de costas pra mim e foi sentar na cadeira.

Fui ao banheiro e fiquei ali mentalizando como eu poderia fugir daquele lugar, pedi mentalmente que alguém fosse levar algo para eu comer, pois tinha começado a ficar nauseada.

Quando saí do banheiro ouvi Henry batendo na porta. Paul apontou a arma para mim e fez um sinal de silêncio.

- Wendy, trouxe sua refeição. Você está a muito tempo sem comer. Por que não abre a porta pra eu entrar? Está acontecendo alguma coisa? - Eu sabia que Henry estava disfarçando, a essa altura ele já sabia que alguém estava no quarto comigo.

- Pode deixar no chão, perto da porta, que eu pego. - Respondi tentando parecer mais calma possível.

- Wendy, está tudo bem? - Havia medo em sua voz e Paul também percebeu, isso o fez sorrir.

- Está tudo bem, meu amor. - Fuzilei Paul com o olho.

- Então vou deixar a comida aqui e vou descer, se alimenta e tome seus remédios. Eu te amo meu amor... - Paul revirava os olhos ouvindo Henry falar.

- Eu te amo! Vai ficar tudo bem. - Eu encarava Paul, enquanto falava.

- Eu sei que vai... - As palavras dele se arrastava. - Se alimenta e cuida do nosso pequeno, vou descer.

Esperei alguns minutos e fui até a porta. Paul ficou atrás da porta, com a arma apontada para mim, enquanto eu abria a porta. Puxei a bandeja de comida para dentro do quarto vagarosamente e pude notar um policial no canto do corredor. Ele tinha dois nomes escritos em dois papéis, o papel número um tinha o nome jardineiro, o papel número dois tinha o nome Paul.

Eu entendi que ele estava tentando identificar quem estava comigo no quarto.

Fiz o número dois com a mão e fechei a porta, após ter puxado a bandeja completamente para dentro do quarto.

Peguei a bandeja e coloquei em cima da mesinha.

- Você quer comer, Paul? - Falei sentando na cadeira perto da mesa.

- Não, muito obrigada. - Ele ficou me observando, enquanto eu comia.

Eu comia devagar e olhava para ele de vez enquanto.

- Por que você toma tanto remédio? O que há de errado com o bebê. - Ele tinha levantado e estava mexendo nos medicamentos que estavam na mesinha onde eu estava fazendo minha refeição.

- Meu bebê tem problemas, todo dia vivemos um milagre. - Tocar nesse assunto me fez ficar emocionada, senti o nó se formando em minha garganta e não consegui mais comer.

- Como assim? Que tipo de problema? - Ele estava curioso.

- Seu coração é fraco e o seu tamanho não está adequado para a idade gestacional. - Olhei para baixo e passei a mão na barriga, enquanto as lágrimas escorriam em meu rosto.

- Então o carma não pulou Henry. Bem que dizem que aqui se faz, aqui se paga. - Ele tentou sorrir mostrando o desprezo, mas eu vi a tristeza em seu olhar.

- Eu acredito que tudo o que plantamos, também colhemos. Mas eu não acredito em um Deus vingativo, eu sei que tudo o que passamos é para nos fortalecer e para termos testemunhos para contar.

-Ele ficou parado olhando para mim por um instante.

- Como você pode confiar tanto em Deus? Você está prestes a perder seu bebê.

- Independente de eu ter o meu filho não, independente de eu entender agora ou não, eu sei que eu preciso confiar em Deus. Ele sempre sabe o que é melhor para nós. Se Ele não permitir meu filho nascer, é sinal que Ele já sabe muito além do que eu sei. Talvez meu filho possa ser uma pessoa doente, que não tenha uma qualidade de vida e isso vai me fazer sofrer por vê-lo definhando em cima de uma cama.

Talvez meu filho vai crescer e vai ser uma pessoa ruim, que vai me trazer muitos desgostos no futuro. Eu não sei o motivo, mas se ele não chegar nascer, Deus sabe que assim foi melhor.

- Eu nunca vi uma pessoa com tanta fé, igual a você. - Ele negou com a cabeça.

- Temos que trabalhar nossa mente até mesmo para a dor. Eu oro todos os dias e peço a Deus que cure meu filho e que me dê a oportunidade de pega-lo no colo e criá-lo. Mas infelizmente, nem sempre a nossa vontade é a vontade dEle, o que nos resta é confiar e acreditar até o último minuto. Eu peço todos os dias a Ele forças, para eu não desistir e não desanimar. - Limpei o rosto com as costas da mãos.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora