Coisas a se pensar

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Wendy narrando

Não entendi porque Henry segurou meu braço me impedindo de sair.

Voltei o olhar pra ele com um questionamento nos olhos.

- Você não pode sair assim, e o meu beijo?

Aquilo me fez suar frio. Acho que ele reparou o desespero nos meus olhos, pois logo após ele virou o rosto e apontou para a bochecha.

- Estou esperando meu beijo princesa.

Paralisei segurando a porta do carro. Soltei e me inclinei para o lado dele, para dar o tal beijo na bochecha. Quando eu ia encostar meus lábios na bochecha dele, ele virou e eu toquei os lábios dele com os meus. Foi questão de segundos, mas para mim foram minutos.

Meu rosto pegou fogo, como ele poderia fazer algo assim?  Que cara astuto!

Não me permiti nem olhar pra ele, sai do carro correndo sem olhar para trás. Bati o portão com força atrás de mim e fui pisando fundo até chegar no meu quarto.

- Não está me vendo aqui não? Perguntou minha mãe quando eu passei por ela na sala.

- Desculpa mãe, estou com um pouco de pressa, não quero me atrasar para o culto. - Gritei entrando no quarto.

A ouvi ainda resmungar:

- Culto, culto, culto...

Como ele ousa? Perguntava pra mim mesma. Não sei se eu sentia raiva ou se achava graça.
Sou mesmo uma idiota.

Tomei banho afastando aqueles pensamentos de mim e me arrumei para o culto.

O culto terminou e eu fui direto para casa, aos Domingos o culto acaba mais cedo.

Fui correndo para casa, amanhã eu trabalho e eu tenho que descansar. E o medo de Henry vir me buscar estava me fazendo querer sair correndo para chegar em casa.

Ao chegar em casa meu celular carregou umas notificações.

Abri o Instagram e tinha uma mensagem de Henry:

Oi Wendy, desculpa se te constrangi. Como eu te falei, eu estou apaixonado por você e não resisti ficar tão próximo  sem te beijar.

Tenta me perdoar, por favor!

Eu não vou conseguir ficar sem te ver.

Prometo controlar meus impulsos e respeitar o seu espaço.

Se quiser, me mandar mensagem quando estiver mais calma. Ainda tem o número do celular que eu te dei? 

Se tiver perdido eu mando por aqui.

Mais uma vez... Desculpa.

Os dias se passaram rápido, hoje já é quinta- feira. Tenho tido muitos trabalhos essa semana. Tenho chegado em casa exausta. Teve dias
que nem jantar eu jantei. Só quero banho e cama.

Essa semana tem muitas fichas para preencher, casa vez mais aumenta o feminicidio.

É inadimissivel o que esses homens fazem. Se sentem donos dessas pobres mulheres.

Desde domingo não me comunico com Henry. Apesar dele só ter virado o rosto e me dado aquele selinho, eu não sabia com que cara eu olharia para ele novamente.

Talvez eu mande mensagem para ele quando eu chegar em casa, dependendo da hora que vou largar hoje.

Ao chegar em casa tomei um banho e fui fazer a janta. Minha mãe tem disso, só faz comida para ela e como estou pensando em levar marmita amanhã, para eu não precisar ficar sem comer como hoje, eu tenho que fazer. O dia está tão corrido no serviço que nem tive tempo de pedir comida.

Após arrumar minha marmita, jantei e fui escovar os dentes para eu dormir.

Peguei o celular e salvei o contato de Henry. Porém não mandei mensagem pelo whatsapp. Mandei a mensagem como de costume, pelo direct. A mensagem foi respondida de imediato.

- Olá, tem alguém aí?  Perguntei

Oi, que surpresa! Pensei que nunca mais ia falar comigo. - Respondeu ele.

- Também não é pra tanto. - Respondi

- Posso fazer uma chamada de vídeo? Está tudo bem por aí? Não tenho visto nenhuma postagem sua por esses dias. - Ele parecia preocupado.

Ah, estou tendo muito trabalho esses dias. Essa semana está muito cansativa, hoje nem consegui almoçar. 
Quanto a chamada de vídeo... Pode ligar sim.

O telefone tocou e eu atendi. Henry já estava deitado e eu estava sentada em frente a penteadeira penteando os cabelos.

- Wendy, me desculpa mesmo!

- Deixa isso pra lá, tá bom?!

- Wendy, você não sabe como eu senti vontade de ir aí. Ficar sem te ver é uma tortura. Agora meu dia melhorou mil porcento.- Ri enquanto ele falava passando as mãos no rosto.

Ouvi um barulho muito forte na porta do meu quarto.Antes que eu pudesse levantar pra ver o que era, minha mãe entrou no quarto gritando um monte de coisas que ninguém merece ouvir.

Não estava entendo o porquê daquilo tudo.Por um momento esqueci que Henry ainda estava na chamada de vídeo.
Ela veio em minha direção e agrarrou nos meus cabelos, cai no chão derrubando o espelho em cima de mim. Por sorte não quebrou, mas fez um pequeno corte no meu braço.

- VAI EMBORA DA MINHA CASA. Gritava ela.

Quando ela saiu do quarto eu me levantei,  peguei um casaco e o celular e corri para a rua.
Encostei na parece e fui escorregando até atingir o chão.
Comecei a chorar incontrolavelmente.
Foi então que ouvi a voz de Henry do outro lado da linha.

- Wendy, você está bem? Me responde!Você quer que eu vá aí?
- Limpei as lágrimas com as costas das mãos e tentei responder.

- Não precisa Henry. Desculpe por essa cena toda. Forcei um sorriso - Vou desligar, amanhã nos falamos.

Desliguei e abaixei a cabeça para voltar a chorar. Não sei por quanto tempo fiquei ali sentada na calçada abraçada em minhas pernas.

Senti uma mão em mim e levei um surto tão grande, só faltava ser estuprada agora. O susto me fez olhar imediatamente pra cima.

- Henry, o que você está fazendo aqui?

- Você achou que eu não viria? Não posso deixar você sozinha, não nessa situação. E eu estava querendo um motivo para vir te vê...
- Abaixei a cabeça e agradeci. Eu estava muito envergonhada pra falar.

- Você quer ir para minha casa? Tem quarto de hóspedes lá, você não vai incomodar, meu pais aceitam de boa.

- Muito obrigada Henry. Mas eu prefiro não ir, quero evitar coisas piores, espero que você entenda.
Eu te agradeço do fundo do meu coração.- Eu não tinha coragem de olhar nos olhos dele. Meus olhos pareciam dois braseiros de tão vermelhos que estavam. Só queria que aquela noite abasse logo.Tinha muita coisa para eu pensar.

Feito para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora