Killshot - SASUSAKU

Declaração de Guerra

"Vou à caça, mas sem perder a leveza. Minha frieza esconde um lado brutal. Pra dizimar (...) trago no corpo uma substância letal."
— Rap Dos Hashiras (Demon Slayer), TK Raps

Ele não havia quebrado o acordo.

Era isso que Sasuke repetia a si mesmo. Não como forma de conforto, jamais, apenas como um lembrete e talvez, talvez, como futura argumentação. Ele não era um homem paciente e tolerante, assim suas ações deveriam ser relevadas e, de certa forma, compreendidas. Contudo, ainda que não fossem, Sasuke não se importava. Porque, de fato, ele não havia quebrado o acordo.

A premissa ainda era mantida. Sua esposa, Sakura, continuava odiosamente bela e viva, muito embora ele tivesse a certeza que a frieza e arrogância dela houvessem sido abaladas ou, quem sabe, destruídas — ele queria que realmente houvessem sido destruídas.

Havia sido muito fácil. Sendo o executor de seu clã, Sasuke sempre sabia quais eram os pontos fracos de seus inimigos. Então ele soubera desde o início qual era o ponto fraco de Sakura. Soubera desde o momento que ela havia feito questão dele saber o nome dela, da sua guardiã. Porém, ainda que tivesse uma informação tão importante desde o princípio, ele dissera a si mesmo que não a usaria ao seu favor. Ele dissera, mas não prometera.

Naquela noite, Sasuke havia ficado fodidamente puto. Num nível que apenas algumas vezes havia se permitido ficar. Além das irritações normais de sua posição, havia também as irritações relacionadas ao assassinato de Juugo, assim como os assassinatos que ocorreram nos últimos anos dentro do clã Haruno. O caso de Juugo havia sido encerrado. Mesmo após semanas de investigação nada foi descoberto, nem motivos e nem quem havia o assasinado — e isso irritava muito Sasuke. Contudo, o motivo que transformara sua paciência em resquícios quase inexistentes havia sido Asuma, o capitão responsável pelo distrito dos Haruno.

Após exigir e ler todos os documentos relacionados aos envenenamentos dentro daquele maldito distrito, Sasuke havia chegado à conclusão que existia algo a mais do que um simples descaso com o incidente que ocorrera a cerca de três anos. Havia omissão. Asuma não fizera questão, ele não quisinvestigar os assassinatos.

Assim, Sasuke passara o dia e a noite interrogando os homens da vigésima quarta divisão dos Uchiha. E todos disseram, incluindo o vice-capitão Maito Gai, que Asuma Sarutobi não havia permitido o aprofundamento das investigações na época, mesmo com a quantidade e a forma que os assassinatos haviam sido feito.

Doze ao todo, incluindo o de Litsua Haruno, num intervalo de um mês entre cada um deles.

Com exceção da esposa de Kizashi, os homens assassinados haviam sido encontrados fora das dependências da propriedade do líder dos Haruno, em lugares diferentes dentro do distrito. A causa da morte deles havia sido incontestável, veneno. Contudo a forma que eram envenenados se tornava mais cruel conforme os assassinatos eram feitos.

Ao questiona-lo sobre o motivo de sua omissão à investigação, Asuma dissera que os Harunos apresentaram relutância em colaborar. Nem mesmo Kizashi ou irmão de Litsua, Kakashi, prestaram depoimentos relevantes para a resolução do caso e Asuma dissera que havia sido persuadido a não insistir sobre a investigação pelo seu vice-capitão — informação que Maito Gai negara completamente.

Sasuke não acreditara em suas palavras.

Os gritos de Asuma ecoaram por longas horas dentro da sede dos Uchiha enquanto ele arrancava a verdade do capitão, tentando descobrir se havia possibilidade dele estar encobrindo alguém naquela época e agora. Com o rosto desfigurado, os dedos em ângulos horríveis e cortes espalhados pelo corpo, Asuma disse que não tinha qualquer envolvimento com os assassinatos ou com quem os cometeu. E, bom, Sasuke acreditou. Contudo, ainda que houvesse declarado sua crença as palavras de Asuma, os erros triviais e as irresponsabilidades perante o clã Uchiha e aos deveres de sua posição eram completamente intoleráveis.