Killshot - SASUSAKU

Conto de fadas

"No meio da noite (...) Vou ter o que é meu, você vai ter o que é seu. Basta chamar o meu nome como se você precisasse de mim."
— Middle of Night, Elley Duhé.

Sakura se olhava no espelho da penteadeira, em seu rosto uma maquigem leve destacava a cor de seus olhos, o verde esmeralda brilhante como se fosse, de fato, uma joia. Seu cabelo estava parte preso em um penteado atrás da cabeça, enquanto a outra formava uma cachoeira rosa ondulada por suas costas. Uma bela tiara azul metálico, escuro o suficiente para ser quase preto, estava perfeitamente acomodada ao topo de sua cabeça e combinava com as outras joias que adornavam seu pescoço e sua orelha.

O baile da Boa União acontecia todos os anos no início do inverno japonês. Era uma celebração glamorosa, onde o país festejava a boa união entre os clãs que formavam e apoiavam a nação. Em cada ano, um clã era homenageado e, naquela vez, o clã Hyuuga havia sido escolhido.

Com um suspiro, Sakura esfregou uma mão a outra, as palmas suadas. Aquela seria a primeira vez que participaria de um evento tão grande e o fato de participar como alguém que carregava não somente o sobrenome Haruno, mais também o Uchiha, lhe dava um certo nervosismo. Havia muita expectativaacerca de seu casamento e Sakura sabia que ela e seu marido teriam grande atenção naquela noite — na noite do baile, no dia em que seu casamento completava um mês.

Nos últimos dias, Sakura e Sasuke mal haviam trocado palavras e seu silêncio só não havia sido um incômodo a seu marido, porque ele se mantivera ocupado com os deveres do próprio clã. Sakura não tivera vontade de falar, não quando Sasuke se mostrara um homem esperto demais e havia conseguido ver um lado seu que ela considerava uma grande fraqueza. Sakura ponderava sobre como deveria agir e como usaria seus segredos a seu favor, porque a descoberta deles pelo seu marido era, irrefutavelmente, um fato iminente.

— O senhor Uchiha pediu para avisar que logo chegará para acompanha-la ao baile, minha senhora — através do espelho, Sakura encarou Sai atrás de si.

Apesar do mordomo ter se ausentado por longos dias devido a intoxicação severa, e mesmo com sua usual palidez mais acentuada, ele parecia bem.

Após um aceno, Sai deixou o quarto.

— Konan... — a empregada se aproximou, os músculos rígidos sob o uniforme branco e preto. Sakura sabia que a mulher que Sasuke havia designado para auxilia-la era um soldado, mas o uniforme desconhecido e a obrigatoriedade do uso da máscara, caso Konan saísse dos limites do distrito Uchiha, despertavam certa curiosidade quanto à posição e origem dela no clã. — Você fez um ótimo trabalho quanto a maquiagem e o vestido, muito obrigada.

Konan piscou algumas vezes, os olhos dourados surpresos quanto ao elogio repentino. Num movimento quase robótico, ela acenou em agradecimento.

Sorrindo, Sakura se levantou, acostumada com a quietude da empregada. O farfalhar do vestido embalou seus passos até o enorme espelho a parede adjacente. Com as mãos enluvadas juntas em frente ao corpo, ela admirou a própria imagem. Estava satisfeita, sem dúvidas. A escolha do vestido havia sido perfeita, embora a cor significasse uma contrariedade aos seus princípios e ao seu clã. Preto.

Um tecido de organza transparente, bordado com arabescos negros, enfeitava o busto decotado e se estendia por toda a parte superior do seu corpo, das suas costas até as mangas longas do vestido. A saia se abria levemente até o chão, o preto fosco da seda sendo coberto por uma camada de chiffondava não somente delicadeza, mais elegância à peça.

Sakura sabia que aquele vestido era a certeza que seria o motivo de todas as atenções, mas ela se preocuparia com isso e com o seu nervosismo depois. Naquela noite, a única atenção que ela se importava — e queria —, era a de seu marido.