Fragmentos de oposição

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"Você me fez experimentar algo que não posso comparar a nada que eu já conheci, mas tenho esperança que depois dessa febre eu sobreviverei."
— The heart wants what it wants, Selena Gomez


Sasuke não sabia o que sua esposa havia passado em todos os machucados em seu rosto. Mas a dor, o latejar e a aparência haviam melhorado consideravelmente. O olho já havia aberto um pouco e os lábios voltavam a cor normal em algumas partes. Mesmo que ele houvesse dito que os ferimentos não o incomodavam — o que não era mentira — Sakura havia insistido em passar uma pomada feita com coisas que cheiravam a madeira e capim. Ela havia levado quase uma hora para prepará-la. O esforço e a insistência dela em cuidar de seus ferimentos foram a razão de Sasuke desistir de convencê-la do contrário.

— O que houve com ela? — ele perguntou a Konan, indicando sua esposa deitada na cama. A empregada estava parada a porta do quarto, Sai a um passo atrás. — Sakura parece cansada.

Exausta talvez fosse a melhor palavra para descrevê-la. Sasuke havia percebido as sombras escuras embaixo dos olhos e as pontas dos dedos machucadas enquanto Sakura passava pomada em seu rosto. Além disso, ela havia emagrecido. Não muito, mas o suficiente para as clavículas ficarem mais proeminentes.

— A senhora Uchiha não esteve muito bem nos dias de sua ausência, meu senhor. — Konan respondeu calmamente. — Ela mal comia. Durante as noites ela costumava ficar na biblioteca ou na sala de estar. Eu também encontrei várias roupas molhadas no banheiro.

Aquele fragmento de memória veio a mente de Sasuke. A imagem de Sakura de joelhos no box, os sons guturais que ela ecoava por conta da dor. Aquela lembrança ficou marcada em sua memória no decorrer daqueles dias, assim como foi a certeza de que o assassinato de Orochimaru por suas mãos era algo que ele nunca iria se arrepender.

Sasuke não pensara muito sobre as consequências da morte de Orochimaru. Não ao ponto de sua consciência lhe convencer do contrário. Ele apenas o fez.

Estava sentado numa cadeira velha em um dos vários galpões do complexo quando seu irmão chegou. O corpo do médico ainda queimava às suas costas, o cheiro da carne queimada preenchia todo o ambiente. Alguns homens torceram o nariz, mas Itachi apenas se aproximou. A expressão dele, gélida como a noite, era a prova que seu irmão já sabia de quem era o corpo em chamas logo atrás.

Por quê? — foi sua única pergunta.

Sasuke o encarou. O rosto calmo demais. Ele não queria responder aquela pergunta. Não somente porque ele não sabia, de fato, o que o levara a fazer aquilo, mais também porque qualquer uma das suas justificativas seriam completamente inaceitáveis ao seu irmão.

Assim, dando de ombros, Sasuke respondeu:

— Porque eu quis... porque me deu vontade. Porque ele me irritou... escolha a resposta que quiser.

Itachi estreitou os olhos, o rosto continuava frio.

— Segurem ele — ele ordenou após um minuto. Um minuto longo.

Dois guardas seguraram os braços de Sasuke e o colocaram de joelhos. Seria muito fácil se livrar daquelas mãos, mas ele não fez nada. Não poderia, jamais. Ele ainda estava calmo quando observou Itachi jogar o sobretudo negro no chão e ajeitar as mangas da blusa até o cotovelo. E continuou calmo quando punho do seu irmão atingiu seu rosto.

— Você tem ideia do que fez, irmão imbecil? — Itachi vociferou ao desferir um outro golpe. — Você sabe a merda que fez? Sabe o que a morte de Orochimaru vai causar para nós? Para o clã Senju?

Killshot - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora