Epílogo

1.7K 132 79
                                    

A garota se moveu como uma sombra entre os canteiros de glória da manhã e saltou sobre os galhos de pessegueiro. Ela precisava ser rápida e discreta, embora o kimono vermelho impedisse que ela não fosse reconhecida entre os canteiros da estufa e o bastão entre os dedos fosse chamativo demais.

Alguém se moveu dentre as peônias japonesas, a máscara kabuki foi tudo que ela conseguiu ver antes de saltar por cima da pessoa que tentara atingir suas pernas. A garota correu, tentando adivinhar qual dos gêmeos estava sob a máscara kabuki, mas os detalhes praticamente iguais a impediram de reconhecer.

Se tivesse sorte seria Ryo que agora corria atrás dela, deslizando entre as gramas ao desviar das pedras que ela lançava em sua direção. Mas quando ela saltou no caminho ladrilhado e outra máscara kabuki surgiu em sua visão, a garota percebeu que a sorte não estava a seu favor.

Não havia nada nas mãos daquele ANBU, que estava disposto a defender a mesa de sobremesas sob as cerejeiras da estufa. Não era preciso, só as mãos já eram o suficientes para derrota-la, pra derrotar qualquer um em milésimos de segundos.

Com a mão firme no bastão, a garota o ergueu o cima dos ombros e abriu completamente a guarda. Com os ataques do seu adversário em mente e do outro que ainda tentava lhe alcançar, ela se preparou.

O que estava diante da mesa de sobremesas esperou pelo momento que ela lhe lançaria o bastão — e a garota queria que ele realmente esperasse isso — quando seu pé atingiu o perímetro de alcance do ataque, ela apoiou o bastão contra os ladrilhos e tomou impulso, saltando por cima do ANBU quando ele abaixou para desferir o golpe.

A palma aberta atingiu o tórax do que corria atrás dela, e o soldado foi ao chão. A garota aterrizou sobre a mesa, os bolinhos e chás e guloseimas caíram dos pratos e alguns rolaram na grama. Ela se virou e a ponta do bastão atingiu o soldado que golpeara e ele caiu de costas ao lado do irmão.

— A-há! Pelo jeito eu ganhei — a garota provocou, girando o bastão na mão ao avaliar qual dos doces ela escolheria.

De repente, um dos derrotados chutou a mesa e a garota se desequilibrou. Ela só não caiu de costas dos chão, porque mãos preocupadas amorteceram a queda.

— Você não ganhou nada — Ren tirou a máscara, tomando o bastão da mão dela. — A regra era não usar armas.

— Se a regra é não usar armas, devemos arrancar as mãos de Ryo — a garota argumentou, fazendo um bico chateado quando Ryo tirou a máscara.

— Ou aprenda a transformar suas mãos em armas letais — ele disse ao abocanhar o bolinho que havia tomado da mão dela. — Mas de qualquer forma, você não ganhou. Não estávamos jogando sério.

— Parem de menosprezar a minha vitória.

— Não estamos menosprezando, só estamos falando a verdade — Ren disse calmamente ao se sentar. — Eu teria derrubado você nos pessegueiros.

— E eu a teria conseguido golpear quando você saltou por cima de mim.

A garota cruzou os braços.

— Se vocês teriam conseguido fazer isso, por que não fizeram?

— Porque se machucássemos você, Sarada, tio Sasuke nos mataria — Ryo disse simplesmente, se levantando. Ren fez o mesmo.

Sarada ainda tinha um bico nos lábios quando eles ofereceram ajuda para ela se levantar. Limpando a terra do kimono e roubando o resto do bolinho das mãos de Ryo, ela se sentou à mesa. Seus primos fizeram o mesmo, pegando algumas frutas caramelizadas enquanto ela começou a colocar alguns Dorayaki* no prato.

Ryo e Ren eram idênticos. Os cabelos compridos amarrados num rabo de cavalo haviam escurecido com o passar dos anos e agora eram tão negros quantos os seus. Eles eram altos e com um corpo atlético por debaixo do uniforme.

Killshot - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora