Omissão de informação

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"Não se preocupe, eu vou manter minha boca fechada. Todos os seus segredos estão salvos comigo."

— Secret, Joshua Bassett


— Está atrasada.

A voz soou abafada por debaixo da máscara de raposa branca, mas através do silêncio daquele enorme galpão, Sakura conseguiu ouvir.

Parada ao centro de um tatame improvisado, sua sensei a observava ajeitar a malharia colada em seu corpo. O modo que ela apertava as mãos, ao ponto dos nós dos dedos ficarem brancos, indicavam irritação.

— Estava em reunião com o líder supremo — Sakura disse com cautela. Um resmungo foi sua resposta. — Por que a careta?

As linhas vermelhas da máscara brilharam sob a luz fraca do galpão quando sua mestra levantou o rosto. Ela parecia a noite encarnada, vestindo um kimono tão negro quanto o céu lá fora. O corpo esguio e pequeno parecia maior.

— Não estou fazendo careta — ela rebateu, jogando um bastão. Após três meses de treino, Sakura finalmente o pegou com facilidade.

— Está sim — ela insistiu em sua dedução. Um segundo resmungo foi sua resposta. — Não disse? — Sakura repuxou o canto da boca. — Por que a careta? Não gosta do nosso líder?

A mulher indicou para que Sakura se posicionasse de forma correta. E assim ela o fez, segurando o bastão com as duas mãos.

— Desgostar talvez não seja a melhor forma de explicar o que eu sinto por Hagoromo — ela finalmente respondeu ao cutucar atrás dos seus joelhos com uma vara de madeira, para que Sakura os flexionasse.

— Você o odeia então? — ela tomou o silêncio como um sim. — Por que você o odeia?

A mestra juntou as mãos atrás do corpo.

— O porquê eu o odeio não lhe convém — Sakura rolou os olhos com a resposta ríspida — Mas posso dizer que definitivamente o odeio muito.

— Muito quanto?

Sakura encarou sua mestra, o rosto dela estava virado para cima, para onde o céu podia ser visto através do telhado quebrado. Mesmo que não pudesse ver seu rosto, completamente coberto por aquela máscara presa entre o cabelo perfeitamente trançado atrás da cabeça, Sakura conseguia decifrar as emoções que ela sentia. O ódio era nítido ao ponto de ser quase tangível. Principalmente quando aquela raposa a encarou de novo e ela respondeu com a voz tão fria quanto a madrugada:

— Ao ponto de se eu tivesse uma chance de matá-lo, eu não hesitaria.

•••••

Havia uma motivação para a tentativa de assassinato de Ashura. Ódio. Ódio vigente e pulsante. A motivação, atrelada ao veneno tão peculiar que fora usado, tornava sua mestra a principal suspeita. Contudo, com o decorrer da investigação, qualquer tentativa de chegar a um culpado fora posta completamente a baixo — e Sakura não sabia se isso a frustrava ou era, de alguma forma, reconfortante.

Com a atenção voltada para dentro do quarto, para o homem inconsciente sobre a cama, Sakura ponderava sobre todas as conclusões irrefutáveis, assim como sobre a cautela de Sasuke a respeito do seu amplo conhecimento.

Seu marido havia sido omisso. Ele não contara sobre a origem do veneno ou sobre a principal suspeita naquela investigação. Não quando essas informações envolviam Sakura e todos os segredos ao redor dela. Não quando tudo aquilo prejudicaria o acordo de casamento.

Killshot - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora