Killshot - SASUSAKU

Quebra de acordo

"Eu amo o cheiro da gasolina e acendo o fósforo para saborear o calor, porque eu sempre gostei de brincar com fogo."
— Play with fire, Sam Tinnesz

O clima estava frio e o vento gelado beijava a bochecha de Sakura conforme ela andava pelos jardins do condomínio onde, agora, morava. As casas eram luxuosas e o ambiente definitivamente sofisticado e seguro, levando em conta a disposição de homens em cada esquina daquele lugar, que era grande o suficiente pra se assemelhar a uma pequena cidade dentro da capital.

Uma semana havia passado desde que chegara ali e aquela era primeira vez que ousara deixar as dependências da mansão, esperando pelo tempo necessário para que os homens de seu marido se acostumassem com sua existência. Sasuke não dissera uma palavra desde o primeiro encontro entre os dois, preferindo ficar em silêncio lhe encarando com ódio quando tinha oportunidade. O mesmo ódio que agora os guardas do condomínio lhe direcionavam ao ver uma Haruno entre o canteiro de azaleias.

Sakura não se incomodava, já que havia reciprocidade. Contudo, ela sabia que tinha que mudar a forma como era vista se quisesse ter êxito em seu propósito. Esse era o motivo de estar andando pelo condomínio. Como um predador procurando a caça, ela procurava pela pessoa perfeita, analisando com cautela quem poderia se tornar uma ajuda valiosa ou sua próxima vítima.

Os guardas, sejam homens ou mulheres, eram uma imagem petrificada e nada receptíveis. Sakura concluiu que talvez com eles não conseguisse se aproximar tão rápido quanto queria, mas sabia que somente eles poderiam lhe dar as informações que desejava. Eles ou Sasuke, mas seu marido não era uma opção considerável.

Sasuke era exatamente como havia lido nas informações que coletara nas semanas anteriores. Frio, impaciente e cruel. E cada poro de seu corpo a odiava ao ponto de desdenhar do assassinato de sua mãe, tentando usar aquele ponto delicado para subjuga-la, esquecendo que ele próprio possuía um ponto delicado que ela, também, se aproveitara para desdenhar.

Ambos possuíam pontos delicados, delicados demais. O assassinato de Mebuki Haruno pelos Uchiha e a origem da causa do seppuku de Fugaku Uchiha, que ocorreram dez anos antes. A rivalidade entre seus clãs sempre existira e era tolerada, mas depois desses acontecimentos a rivalidade se tornou algo intragável e mortal.

Assim considerar Sasuke como uma possível fonte de informação era a maior das tolices. Porque ela o odiava e ele também a odiava. E Sakura sabia que a relação deles seria embasada em crueldade, desdém e provocação, como se ambos não tivessem um teto de vidro sob suas cabeças.

— Por que você escolheu se mudar pra cá?

Sakura riu brevemente quando a pergunta de Tenten alcançou seus ouvidos. Ela conseguia sentir a tensão que emanava da empregada atrás de si.

— Você não acha que a ideia de Sasuke se mudar para o nosso distrito seria melhor, não é? — Sakura devolveu a pergunta, pegando uma azaleia do canteiro a sua frente. Ela friccionou as pétalas rosadas entre seus dedos enluvados.

— Teríamos mais controle sobre ele no distrito dos Haruno.

— Sua ingenuidade não é reconfortante quando se está casada com o inimigo — Sakura se virou para Tenten que tinha as mãos juntas atrás do corpo. — Se você acha que os nossos homens seriam capazes de conter Sasuke Uchiha, talvez eu devesse rever seu cargo como minha guardiã.

— O que a senhora quer dizer? — pendendo a cabeça para o lado, Tenten perguntou.

— Eu quero dizer que nem nossos melhores homens conseguiriam causar qualquer dano aquele homem, Tenten. Nem mesmo você. Então, não seja ingênua ao ponto de achar que poderia ser coercitiva com relação a Sasuke.