Inconstância, Incoerência, Ignorância

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"Eu estou brincando com meus demônios (...) e esses dias estão longe de terminar."
— Pray, Root (feat. JRY)


Havia sido forte até o momento que a inconsciência se tornara atrativa demais. As últimas lembranças de Sakura era a consolidação daquele acordo, do toque de Sasuke em sua mão, antes do mundo se apagar por completo. Nos pequenos flashes de consciência havia o cheiro forte de macadâmia e o seu corpo envolvido por braços fortes enquanto ela era carregada escada a cima...

Sakura acordou em sobressalto, uma dor fina preenchendo a região medial do seu antebraço. Sua primeira visão foi a de Sasuke retirando o acesso venenoso do seu corpo.

— O que está fazendo? — ela perguntou em sussurro. Seu marido repuxou o canto da boca ao jogar o cateter e toda a estrutura da fluidoterapia para o lado.

— Estou tentando reverter a sua estupidez. — Sakura franziu levemente o cenho. Sasuke rolou os olhos. — Estou tentando desintoxicar você. O soro vai ajudar. Coloquei até um pouco de analgésico.

Sakura sorriu francamente ao perceber a ausência da dor latejante em sua cabeça. Pela quantidade da bolsa de soro, agora, vazia, ela supôs que havia apagado por quase uma hora.

— Achei que sua especialidade fosse matar.

— Tenho muitas especialidades além dessa — Sasuke respondeu. Vários sentidos sendo tomados com suas palavras. — Salvar a vida da minha querida esposa é uma delas.

Sakura não disse nada, apenas o viu se levantar e sumir em direção a porta que ela sabia que era o banheiro. Ela estava no quarto principal, no quarto de Sasuke, sobre a cama que ela jurara nunca se deitar. Apoiando o corpo sobre as palmas da mão ela tentou se pôr em pé.

— O que está fazendo? — a voz de seu marido ecoou no quarto de novo quando Sakura tombou sobre o colchão. Seu corpo ainda estava muito fraco e sua visão oscilava entre a clareza e o desfoco.

— Estou tentando me levantar.

Sasuke se pôs ao seu lado na cama. Ele havia retirado a camisa, apenas a calça social preta o cobria, e as carpas e dragões estavam completamente a amostra em seus braços. Sakura vislumbrou o peitoral nu, o torso e o abdômen marcados por músculos definidos e o símbolo do clã Uchiha tatuado logo abaixo do espaço entre as clavículas. Era um círculo com uma linha que o dividia em duas metades. A de cima em cor vermelho vivo a de baixo era na cor branca e possuía uma haste proeminente abaixo.

O símbolo de seu clã tatuado sobre a base do coração, entre arabescos que pareciam chamas negras que tomavam todo o seu peitoral e se estendia até a metade do abdômen, possuía um significado implícito, Sakura supôs.

O clã de fogo, a chama da justiça. Definitivamente para Sasuke seu clã significava sua base. E controlava seus pensamentos, ações e vida. A cima ou igual a ele, ninguém.

— O que pretende fazer? — Sakura quis saber quando seu marido pôs um braço sob seus joelhos e outro por debaixo de seus ombros.

— Sua febre não baixou e você está imunda. Você precisa de um banho.

— Eu posso fazer isso sozinha — ela espalmou a mão no peitoral dele, tentando para-lo.

Cale a boca — Sasuke disse, levantando-a em seus braços, como se seu peso foi algo trivial.

— Eu estou falando sério! Me ponha no chão!

— Eu mandei você calar a boca — Sakura tentou se desvencilhar, mas sequer teve forças para levantar os braços. Assim, contra sua vontade, ela foi carregada até o banheiro.

Killshot - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora