Killshot - SASUSAKU

Dois malditos ridiculos e idiotas

"Não tem segredo, não tem nenhum mistério (...) A verdade está correndo em nosso sangue."
— Truth, Tristam

Algo muito errado havia acontecido com Konan.

Ela teve a certeza no momento que o relógio marcou muito tarde. Tarde demais para a kunoichi não ter lhe enviado o relatório diário sobre Sakura.

Andando de um lado para o outro, ela repassava todas as informações dos relatórios anteriores, cada palavra e frase. A percepção de que Sasuke parecia estar tão próximo de descobrir, seja lá o que ele quisesse, brilhou em sua mente como um alerta.

Ela sabia que havia algo por trás daquele casamento, todas as informações que Konan havia lhe repassado davam certezas às suas suposições. Além do mais, a ordem suprema jamais arriscaria a união entre um Uchiha e uma Haruno, se não fosse por algo muito maior. Algo que ela sabia muito bem o que era.

Talvez estivesse esperado demais. Talvez houvesse sido um erro acreditar que Sasuke e Sakura estavam irrefutavelmente vulneráveis um ao outro. Ter esquecido quem era o executor e quem era a pessoa que ela havia treinado.

De repente, uma de suas guardiãs adentrou no pequeno chalé daquela província, a qual ela se mantivera nos últimos meses. As palavras anunciadas fizeram seu coração falhar em cada maldita batida: Konan havia sido encontrada inconsciente e Sasuke e Sakura haviam desaparecido.

Certamente havia cometido um erro. Mas, talvez, ainda houvesse tempo de conserta-lo — tinha que ter. Porque havia muita a coisa em jogo. Seu filho, sua nora e o que eles haviam gerado. O destino do seu clã e do país.

Com isso em mente, ela decidiu que a espera e obediência não seriam mais uma opção.

                                    •••••

A verdade estava tão bem entremeada, sob as mentiras bonitas de Hagoromo, que talvez fosse perdoável o fato deles sequer a terem percebido.

O líder supremo os havia usado. De uma forma tão bem arquitetada que, certamente, ele ganharia algo muito valioso com aquele jogo, onde Sasuke e Sakura eram peças não somente fundamentais, mais como descartáveis.

Havia conflitos entre o clã Haruno e o clã Uchiha. Conflitos que perduravam por décadas. Mortais e problemáticos ao ponto de uma guerra civil ser iminente. Assim, a preocupação de Hagoromo era compreensível, mas os motivos dele foram descobertos serem totalmente distorcidos.

O acordo de casamento havia sido um pretexto para um objetivo maior. A princípio, a suposição mais aceitável seria que, talvez, o líder quisesse descobrir qual dos clãs era mais leal a ordem suprema e qual deles o entregaria algo que, definitivamente, era de muito apreço, como a localização da base militar dos Uchiha ou o banco de informações dos Harunos. Contudo, quando verdades encobertas e desconhecidas se tornaram tão nítidas como água, eles perceberam que, na realidade, Hagoromo queria tudo.

Uma década havia passado desde que a relação entre os dois clãs mais poderosos do país se tornou mais odiosa que nunca. Entretanto, a origem dos conflitos viera muito acima dos líderes de cada clã, viera da liderança de Hagoromo. Mesmo que as razões fossem desconhecidas, essa conclusão se tornava cada vez mais um fato irrefutável. Porque não fora Kizashi Haruno que entregara as acusações sobre Fugaku Uchiha — ainda que Hagoromo houvesse declarado isso há dez anos e o líder do clã Haruno não houvesse contestado.

A questão era o porquê. Por qual razão o líder supremo parecia determinado a promover conflitos entre os clãs? Tanto naquela época como agora?

Apesar de toda a relação conflituosa, ambos os clãs exerciam seu papel perante o país e ao líder. Não havia motivos plausíveis para Hagoromo querer destruí-los. Mas, ainda sim, o líder parecia mais que determinado a fazê-lo.