Oportunidade da Ganância

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"Estamos nos aproximando, a centímetros de distância. Sei que você me ama, meu bem, você não precisa dizer (...) Está tudo bem, é complicado."— I'm yours, Isabel LaRosa

Suas mãos estavam presas. Presas por abraçadeiras embaixo do corpo. Os cintos que a prendiam na maca apertavam seu pescoço, quadril e pernas. Estavam apertados — tão dolorosamente apertados — que as mãos esmagavam seu estômago e peito. Sakura mal conseguia respirar com aquela pressão. Com o pano em sua boca que abafava seus gritos para que ninguém a ouvisse nos andares a cima do porão.

A consciência era apenas um retalho, mantida com um esforço absurdo e medo — medo genuíno. Através da visão embasada, das lágrimas que se acumulavam e caiam, ela encarou o homem sentado ao seu lado. O olhar viperino era perverso, acentuado com as luvas cheias de sangue e o bisturi que ele tinha mãos. O bisturi que Orochimaru usava para debridar sua pele, para reviver as bordas das feridas em suas costas, para que com o tempo elas finalmente se fechassem.

Aquela era a parte fácil. O cheiro férrico era mais tolerável, o raspar da lâmina até que tirasse sangue também. Mas o que se seguia depois dela... aquela era a parte difícil.

— Vou começar a limpar — Orochimaru anunciou.

Sakura tentou se soltar, se movendo forte e com violência, como se estivesse num estado convulsivo. Mas seu corpo era fraco e esguio. Ela não havia se soltado sequer um milímetro daquela maca. Orochimaru deu um sorriso lento, acompanhado pela gargalhada esganiçada de Litsua, então pegou o frasco branco repousado na bancada.

Mesmo antes de sentir qualquer coisa, mesmo antes de sentir o queimar em sua pele, Sakura começou a gritar.

                                   •••••

Sakura acordou em sobressaltou. O coração rugindo dentro do peito.

Ela grunhiu de dor, as costas ardiam, ardiam com o que havia sido derramado ali. De novo e de novo. Suas feridas latejavam, dor percorrendo seu pescoço, braços e pernas. Mas Sakura conseguiu sair da cama, tombar sobre o carpete aos pés dela.

Suor escorria de sua testa, descia por sua nuca. A camisola encharcada... de álcool, com certeza era álcool que queimava suas costas como fogo e brasa. Ela gemeu e com muito esforço conseguiu se levantar. Seu corpo era um peso dolorido se movendo até o banheiro, se chocando contra a porta, finalmente para o box onde ela caiu de joelhos.

A dor lancinante lhe causara um momento de inconsciência.

Então Sakura estava arquejando, as costas arquearam para cima, uma tentativa de aliviar a sensação que invadia seu corpo e transformava o ar em seus pulmões em fogo, ardendo firme sobre a pele. Com cada músculo queimando, ela conseguiu ligar o chuveiro.

Sakura grunhiu entre os soluços sem lágrimas quando a água gelada caiu por suas costas. Sua pele chiou. A consciência se dissipando com cada pulso de dor intensa. Curvada sobre os joelhos, com a testa contra a cerâmica fria do banheiro, ela inspirou e expirou, com força. Respirou profundamente ao tentar se manter acordada, ao tentar voltar a razão. Voltar a consciência das feridas já cicatrizadas.

Aquilo não era real. Não era real. Era um pesadelo. Não existia dor. Apenas uma dor fantasma. Apenas. Nada mais.

Alguém se moveu nas sombras do banheiro. Sakura percebeu através da água, através dos cabelos molhados grudados sobre o rosto, através das lágrimas que se acumulavam. Sasuke. Certamente. Ela clamou aos deuses para que ele não se aproximasse, seu orgulho seria destruído... massacrado. Porém, seria justo. E Sakura sabia disso.

Killshot - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora