1.8| de volta a casa

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—se expliquem. Agora —a voz forte e firme do rei ecoa em nossos ouvidos, fazendo-me quase chorar apenas por ouvir ela. Em compensação, Yamaguchi já está aos prantos por ela, o que me dá muita, muita vontade de apenas fugir com o meu garoto para qualquer lugar longe daqui.

O pai de meu namorado joga uma-das-centenas revistas que apelam ao nosso nome. Essa em específico, tinha como principal elemento uma foto de nós dois nos beijando, e em dois pequenos quadrados, duas fotos nossas trocando as alianças, sendo a de cima minha, e a de baixo de Yamaguchi. A legenda dizia exatamente algo como: "AMOR PROIBIDO? príncipe Yamaguchi e príncipe Tsukishima são pegos aos amassos na cachoeira Fukurodani, a pessoa que capturou o momento prefere se manter em anonimato"

Esse filho da puta...

O mesmo joga outra revista em nossa frente, que de estampa, tinha outra foto de nós dois nos beijando, porém dessa vez, dentro da água —e eu estava tocando seu corpo escancaradamente, diga-se de passagem— nossas asas estavam em uma posição perfeita, como se uma completasse a outra. Seria uma foto espetacular, se não fosse a situação atual. A legenda também era apelativa como a da outra revista, dizendo: "DEU A LOUCA NA FAMÍLIA REAL!!!! Príncipe do submundo e príncipe do paraíso trocam alianças e beijos em plena luz da manhã! Para mais informações, vejam a página 13". Eu pareço estar na porra de um Tweet da choquei.

—kei... eu tinha acreditado em você, me sinto traído! —o rei grita em meus ouvidos, quase fazendo engasgar-me em minha própria saliva. Merda, eu não quero chorar na frente de Yamaguchi, eu preciso ser forte por ele.

—me desculpe, senhor, não era minha intenção te chatear —com a menor empatia que tinha no fundo de meu coração, peço perdão ao escrotinho, apertando minhas mãos contra a minha coxa. Eu simplesmente odeio quem nos deixou nessa situação.

—e você, Tadashi, como pode cometer o mesmo erro duas vezes? Você é como uma aberração, filho —o rei-de-merda fala mais algumas baboseiras ao meu príncipe, fazendo-o se desatar ao choro. Me sinto muito, muito irritado, porém não há nada que eu possa fazer nesse momento, já que ele parece que não irá mudar de ideia com nada que eu falasse.

—p-papai! Não use essas palavras comigo... —Yamaguchi se lamenta entre altos soluços, enquanto grossas lágrimas escorriam por suas bochechas coberta de pintinhas amarronzadas. Puta merda, eu vou chorar junto.

—você é um viadinho de merda, Tadashi —o rei berra na cara de meu esverdeado, fazendo-o se encolher de vergonha-e-tristeza. Suas mãos estão trêmulas,  assim como suas pernas. Ele estava arranhando seus pulsos, assim como ele faz sempre que está nervoso, e seu pai parece não se importar nem um pouquinho com isso.

Esse é o ápice para mim.

—perdão, que porra você acabou de dizer? —Rebato-o, incrédulo com sua conduta diante ao seu filho, confesso que foi com a coragem que estava enfiada no fundo de minha garganta. Puxo meu garoto  para perto de mim, o abraçando como se fosse a ultima vez que faria isso em minha vida, e o deixando chorar o quando quisesse em meu colo. Aos poucos sinto a tremedeira de seu corpo parando, porém nunca por completo. Eu estou puto para caralho— você é um anjo de merda.

—eu só estou falando o que ele deve ouvir! Ou você realmente acha normal ele gostar de homens? —ele estapeia a mesa de centro que nos dividia, enquanto Yamaguchi parece só desabar mais ainda em meus ombros, apertando-os com suas pequenas mãos.

—e você acha normal alguém falar essas besteiras para ele? Meu irmão vai se casar com um homem, e eu namoro a porra do seu filho! Ou você não percebeu ainda, caralho? —grito de volta a ele, no ápice de minha raiva— o que não é normal é você fingir que ama a nós e fora da mídia ser um pai imundo assim! Eu convivi com Yamaguchi por meses e o conheço bem o suficiente para saber quantos traumas meu garoto adquiriu apenas convivendo consigo, ou você realmente acha que ele vai começar a gostar de mulher apenas por que você tá mandando ele fazer isso? Ninguém manda no próprio coração! Nós já estamos fragilizados com a mídia inteira falando do nosso relacionamento, o que deveria ser algo apenas entre nós dois, mas você brigando por isso só piora! Quer foder mais ainda com o psicológico do seu único filho? —solto tudo que queria falar a um bom tempo para ele, me sentindo aliviado por isso, como se meus pulmões precisassem de ar depois de tento falar. Mas pelo outro lado, eu era apenas um garotinho indefeso, que tem medo de falar com superiores e tem vontade de chorar a cada mentira inventada sobre si, assim como na maior parte de sua adolescência.

As rosas de um demônio || tsukkiyama [Sendo reescrita]Onde histórias criam vida. Descubra agora