hautley's bend || DESTIEL

21. Caderno de Casas

Dean fica parado na floresta atrás de seu quintal por quase meia hora naquela tarde, voltando da escola para casa, olhando para a casa da senhora abóbora ao lado. Ele deixa seus olhos verdes examinarem cada janela prateada na luz fria do inverno, procurando por ela do outro lado em toda a sua glória solitária e fantasmagórica. Ela o deixa um pouco nervoso, e ele não sabe por quê. Bem, na verdade, ele sabe por quê - pelo menos parcialmente. Ela o viu esta manhã, queimando-se no telhado. Pelo menos, ele acha que ela viu. Ela estava olhando para ele. É como se alguém te visse nu. Vulnerável.

Ele mastiga a unha do polegar, encostado em uma árvore e olhando para as janelas dela, os olhos correndo de uma para a outra, procurando por qualquer sinal de movimento. Ele não tem certeza se já a viu sair de casa. Ele não tem ideia do que a mulher faz. Ela tem idade suficiente para se aposentar e, às vezes, Dean vê Andy do supermercado entregando mantimentos em sua casa, mas até agora não parece que ela tenha família alguma. Apenas sua coleção de vários cães e sua triste coleção de estátuas de fadas empoleiradas em torno de seu canteiro de abóboras podres. Dean nem sabe o nome dela.

Ele não deveria se sentir desconfortável perto dessa mulher. Ela é apenas uma velhinha que vive em uma pequena cidade da costa leste do fim do mundo, sozinha, definhando assim como tudo ao seu redor. Ela apenas fica nas janelas e observa as pessoas, mas para ser honesto, se Dean fosse velho e aposentado e não tivesse amigos, isso é tudo que ele faria também. Bem, isso e beber uma tonelada de uísque.

Ele suspira, afastando-se da árvore em que está encostado há meia hora, apagando o cigarro na casca e jogando a guimba para o lado. Até agora, tudo o que ele viu nas janelas da casa abóbora foram as cabeças minúsculas de várias raças diferentes de cachorros aparecendo a cada poucos minutos, apenas correndo desenfreadamente lá dentro, latindo e pulando por toda a mobília. Nenhum sinal da velha.

Ele revira um pouco os ombros, mordendo o lábio e saindo da floresta, se perguntando por que diabos ele está sendo tão paranóico. O que uma velhinha inofensiva vai fazer?

Ele suspira enquanto abre caminho para dentro de sua casa, que está escura e silenciosa. "Sammy, você está em casa?" ele chama, recebendo um pequeno grunhido do corredor em resposta. Dean deixa cair sua mochila em seu quarto e entra no quarto de Sam como faz todos os dias. Sam está no chão com um monte de papéis e marcadores diferentes, espalhados em pequenas pilhas organizadas.

"O que você está fazendo?" Dean pergunta, jogando-se na cama de Sam como de costume, bagunçando o cabelo desgrenhado de Sam no caminho. Sam resmunga para ele e alisa seu cabelo para baixo.

"Tentando fazer uma cartolina", ele responde, juntando alguns pedaços de papelão e colando-os.

"Por que simplesmente não saímos e compramos uma?" Dean pergunta: "Isso é para aquele projeto de árvore genealógica?"

"Não podemos pagar Dean, papai gastou o resto do dinheiro deste mês no Roadhouse na semana passada", Sam responde, e Dean pode praticamente ouvir o revirar de olhos em seu tom. "Eu só tenho que mostrar minha linhagem de alguma forma, e achei que uma cartolina seria mais fácil."

Dean cantarola em reconhecimento, observando Sam pegar vários pedaços de papel da impressora e colá-los no papelão, criando efetivamente uma cartolina improvisada. Dean tem que admitir, o garoto é esperto. "Você já teve tempo de fazer mais alguma pesquisa para o projeto?" Dean pergunta.

Sam dá de ombros. "Um pouco, mas não realmente. Provavelmente vou subir no sótão nos próximos dias e dar uma olhada naqueles álbuns e caixas de que você me falou."

Dean acena com a cabeça um pouco, deitando a cabeça no travesseiro de Sam e olhando para as pequenas estrelas de plástico e planetas no teto de Sam, tudo apenas um branco opaco, já que ainda está claro lá fora. Ele olha para o relógio no criado-mudo de Sam. Ele tem que estar na Missouri às sete e meia, então ele tem algumas horas para matar.