Pablo Gavi
Acordei com notícias desagradáveis para variar.
O avião de Vacchiano havia pousado de forma muito segura em Barcelona, e ela chegaria aqui a qualquer momento.
Chegaria com suas botas rosas e sorriso falso, com mil ideias para que minha carreira não se acabasse.
Que merda.
Não á via pessoalmente desde que vim para Barcelona, com 13 anos.
Eu e Vacchiano tínhamos uma longa história de ódio desde o jardim de infância. E a causa disso? É bem simples. Ela é maluca! Desde sempre fazia coisas horríveis e ganhava tudo de melhor. Derrubava qualquer um para conseguir o que queria. E era extremamente chata.
É claro que ela poderia ter mudado, já que se passaram nove anos, mas sinceramente ver ela me trás uma sensação ruim.
Depois da escola, ela se consolidou na industria musical. Diziam que ela era o Justin Bieber feminino, e hoje nem se ouve falar em Vacchiano.
Sua carreira era fundada em cima de bases que a mesma não acreditava. E eu tenho quase certeza que é por isso que ela não consegue mais chamar atenção. Ninguém é tão bom quanto ela faz parecer ser.
Eu sabia que não seria uma tarefa fácil.
– Gavião – escutei e não fiz questão de a encarar.
– Se sente aqui, por favor – Mateo avisou. – Temos tudo organizado, e agora podemos começar o planejado.
– Começamos com aparecimentos pequenos, em lugares mais encondidos, e vocês aparecerão nas fotos como se estivessem tentando manter o segredo – foi a vez de Robert falar.
– É o básico então, certo? – a garota pergunta e foi a primeira vez que olhei para ela.
Vacchiano era muito conhecida pela sua beleza. Cabelos escuros, e um olhar marcante, ela era tudo que os outros desejavam ser ou ter. Ela vivia a vida que as outras garotas queriam viver.
Usava uma roupa totalmente preta, mas tinham as malditas botas. Aquelas maldidas botas rosas que ela nunca tirava. Se eu fosse apostar, diria que ela saiu do útero com um par.
– As primeiras fotos precisam ser distantes e com baixa qualidade, para que a especulação comece. Ninguém pode ter certeza do que está acontecendo – ela prosseguiu.
– Exato. E aos poucos, mandaremos mais evidências para a mídia, como vocês indo para a casa um do outro, ou indo para hotéis, e até viajando se for necessário.
– Só uma pergunta – chamei a atenção de todos. - Isso quer dizer que temos que ficar o tempo todo juntos agora?
– Todo o tempo livre que tiverem, sim. Encontros depois dos treinos, saindo juntos do estúdio... – ele parou ao ver minha expressão. – Você sabe o que está em jogo.
– E isso dura até que nós dois possamos nos consolidar outra vez – ela se dirigiu a mim.
Assenti.
– E eu espero que não demore muito – acrescentei.
– Pode acreditar, ninguém aqui quer que isso aconteça – ela concordou.
– Aqui tem um cronograma, preciso que preencham – o encarei confuso. – Vocês podem decidir o que vão fazer, aí tem algumas opções de bons lugares. Me entreguem até o final da semana.
– Porra, isso aqui tem um mês – resmunguei baixo, mas ela escutou.
Quando eles saíram da sala, ela se aproximou e se sentou no mesmo sofá em que eu estava. Pegou o caderno das minhas mãos e começou a anotar.
– A primeira semana é crucial, faremos uma aparição na terça e esperaremos a notícia se espalhar. Quando isso acontecer, saíremos em um encontro mais formal, em algum desses restaurantes famosos em Barcelona. E então teremos que estar sempre aparecendo. Uma caminhada, festas, eu te busco nos treinos, você me busca do estúdio e assim ficará – ela lia enquanto anotava tudo isso.
– E quanto a primeira aparição oficial? – questionei.
– Os grammys.
– Aquela competição de canto? – ela revirou os olhos.
– A maior premiação musical do mundo – disse como se fosse óbvio – E é muito importante para a minha carreira, então levar você, vai mostrar ao mundo que estamos realmente comprometidos.
– Isso não é nos Estados Unidos?
– Justamente. Imagina só, você indo para outro continente por mim.
Era uma boa ideia.
– Pensou nisso tudo agora?
– Tenho me planejado. Você deveria estar fazendo isso também – bufei, não é como se eu não soubesse. – Quanto aos locais...
– A gente pode decidir na hora – dei de ombros, e ela me olhou estranho. – Que foi?
– Nada. Tanto faz – disse e saiu da sala.
Então seria isso.
Minha vida seria resumida em Vacchiano, Vacchiano e Vacchiano. Olha que incrível. Meu primeiro "namoro" seria com ela. Uau.
Sempre fui apontado como o solteirão cobiçado, e nunca reclamei, mas no fundo eu esperava encontrar alguém que me trouxesse paz. Minha vida já é muito caótica para se procurar mais caos. E esse plano era o maior caos em que eu já me meti.
É culpa sua, Gavi.
É, eu sei, voizinha chata.
Eu quero lidar com isso tudo de forma madura. Evitar discussões com ela, e fazer o que deve ser feito. Se depender de mim, farei todo o possível para facilitar isso por tempo suficiente até que possamos nos separar outra vez. E eu esperava que fosse o mais rápido possível.
Tínhamos que esconder a verdade até das nossas famílias. Fico pensando em como vou convencer Aurora de que estou apaixonado pela bota rosa.
Tinha tanta coisa em jogo...
02 | TEMPO PERDIDO.
"e o que foi prometido ninguém prometeu, nem foi tempo perdido, somos tão jovens"
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lie to me - pablo gavi
FanfictionA única coisa que pode tampar um escândalo é um maior ainda. a história é minha, todos os direitos reservados © tiktok: ifvgavira