lie to me - pablo gavi

28 | let the light in.

Pablo Gavi

Eu sabia que Anne Vacchiano não era facilmente conquistada.

Sabia que ela precisava muito mais que um clichê.

E sabia que nós dois devíamos explicações um para o outro.

Por isso eu peguei um avião particular para Turim, Itália. Depois da ligação, percebi que deveríamos conversar olho no olho e não me dei o trabalho de esperar muito tempo para isso.

O voo não durou muito mais que uma hora, mas eu não consegui pensar no que dizer para ela. Já estava a noite quando eu cheguei e quanto mais eu me aproximava de onde ela estava, mas sentia uma ansiedade gigantesca crescer no meu peito.

Milo, que trabalhava com ela, me deu todas as informações que eu precisava para conseguir a encontrar e eu estava na sua porta agora.

Não trouxe flores, nem doces, nem nada desse tipo. Esperava que quando mais sutil eu fosse, melhor isso tudo seria. Respirei fundo me sentindo atordoado e toquei a campainha, ansioso para que ela abrisse logo.

E de fato, não demorou para que ela abrisse a porta. Foi como se minha mente saísse de órbita. Como se tudo ao redor de nós deixasse de fazer sentido. De repente, eu sabia tudo o que queria dizer e não conseguia esperar mais um segundo sequer.

– Posso entrar? – pedi, vendo a morena me encarar de braços cruzados. Ela apenas assentiu, liberando espaço para eu passar e quando eu o fiz, fechou a porta rapidamente.

– Veio conversar? – ela perguntou, com uma face ainda desconfiada.

– Vim – assenti, e ela indicou o sofá para nos sentarmos. Ao sentar, limpei a gartanta para começar a falar. – Anne, eu... Eu me sinto maluco. Obcecado a procura de respostas que ninguém mais no mundo pode me dar, além de você. Me conta a verdade uma vez. Por favor.

Vi ela olhar para os lados por um momento, quase como se quisesse fugir. Eu apenas fiquei a observando, esperando que reagisse.

– O que você quer tanto saber, Pablo Gavi?

– A verdadeira razão pela qual "terminou" comigo. E não adianta mentir – acrescentei, enquando ela prestava muita atenção a mim. – Eu sei que focar em si mesma não foi a única razão.

– Eu pensei você soubesse – resmungou. – Tinha certeza que você tinha tido essa conclusão há muito tempo – balancei a cabeça. – Eu fiquei com medo.

– Anne Vacchiano com medo, essa é nova – brinquei.

– 'Tô falando sério, Gavi. Não sei, acho que depois de tudo eu simplesmente fiquei com medo do compromisso. Pensei que a mentira ainda duraria meses e então eu teria bastante tempo para pensar. Mas então, tudo desmoronou e eu não queria arriscar. Não queria arriscar entrar numa relação que eu não sabia se poderia manter.

– Você podia apenas ter me falado isso – apontei. – E eu sei que teríamos achado uma solução. Mas da forma que fez tudo, senti como se eu fosse um passatempo para você.

– E se acontecesse igual o que aconteceu com Marcus? – fechei o cenho ao escutar esse nome. – E se eu fosse a mesma pessoa péssima com você? E além de tudo, Gavira, você sabe o que fazem com as mulheres nesse tipo de situação, sempre somos as vilãs. Eu precisava cuidar da minha carreira antes que desmoronasse outra vez. Precisava garantir que eu não ia perder tudo o que eu tinha. Infelizmente não percebi que acabaria perdendo você também. Não fazia ideia de como isso me afetaria.