lie to me - pablo gavi

31 | everything has changed.

Anne Vacchiano

Acordei no dia seguinte com meu celular bombardeado de mensagens. As notificações vinham de todo lugar e eu não fazia ideia do que se tratavam. E, sinceramente, eu tinha medo de saber o que era. Tinha medo de que a notícia de nós dois já tivesse se espalhado tão rapidamente, ou até mesmo que esse imbecil que está do meu lado tenha postado alguma coisa.

Me levantei um pouco e sacudi o garoto, que não parecia querer acordar de maneira alguma. Chamei seu nome várias vezes mas ele não se movia.

Dessa forma, decidi ligar o aparelho que já estava em minha mão e infelizmente era o pior cenário imaginável. Além de Pablo ter postado uma foto minha em seus stories, fotos nossas passeando pela praça hoje já estavam em todo lugar. Rolei a tela do meu Instagram, involuntariamente lendo alguns comentários sobre nossa 'volta'. Tinha uns bons comentários terríveis sobre como eu não sabia me contentar sozinha e como eu era um atrazo na vida dele. Sobre como eu tentei o vilanizar nas minhas publicações e então ele simplesmente veio atrás do leite derramado. Diziam que eu não era boa o suficiente para ele, que eu era uma escorada, e que ele era muito burro por ter vindo para Turim.

Sinceramente, eu não ligava tanto. Nunca fui de ligar tanto. Mas eu não entendo como as pessoas podem ser tão mesquinhas... tão mal-amadas a ponto de tentar acabar com alguém que eles nem conhecem.

De repente, as paredes do quarto começaram a se mover, todas em minha direção. O guarda-roupa cada vez mais proximo do meu rosto, enquanto eu tentava o tampar com as maos.

– Ei. – uma mão quente acariciou o meu rosto. Levantei abruptamente, assustada. – Você estava me chamando, o que aconteceu?

Suspirei aliviada, foi tudo um sonho.

– Eu sonhei que todo mundo já sabia sobre a gente – admiti, me encostando na cama outra vez. – E eu, sei lá, surtei...

– Por que surtou? Seria tão ruim assim...

– Pablo – eu o interrompi. – Eu não quero me empolgar demais. Você disse ontem que queria postar... mostrar para todos que está comigo, mas eu não sei se quero isso. Não antes de ter certeza que vamos conseguir ficar juntos. Porque eu não sei se você sabe, mas muita coisa aconteceu desde que terminamos. E muita gente vai nos odiar se dissermos que voltamos.

Usar o verbo 'terminar' e 'voltar' nessa exata situação era um pouco engraçado. Nunca chegamos em nenhuma dessas partes.

Ele me olhava um pouco desapontado. Me inclinei para acariciar sua bochecha com meu dedão, tentando o confortar.

– Não me entenda mal, ficar com você é tudo o que eu mais quero – contei, sorrindo de lado. – Eu só não sei se estou pronta para fazer alguma loucura.

– Então a gente tem que resolver isso agora. Porque eu não quero perder mais tempo.

Virei a minha cabeça para o lado, finalmente entendendo o seu desespero em assumir tudo isso. Ele estava com medo de que eu fugisse outra vez e não tinha coragem de me contar.

– Eu prometo que não vou fugir dessa vez – sussurrei, deixando um pequeno beijo em seu maxilar.

– Escuta, eu... eu não posso te pedir para deixar a Itália outra vez – ele iniciou. – Mas eu também não posso deixar a Espanha.

– Bom, quer dizer, é como você costuma dizer: nós somos ricos, podemos fazer qualquer coisa. Eu posso te visitar quando eu tiver tempo e você pode me visitar quando tiver tempo. Não moramos tão longe assim.