lie to me - pablo gavi

18 | como eu quero.

Pablo Gavi

Já era dia e minha primeira visão foram os longos cabelos de Vacchiano entre meus dedos. Havíamos dormido ali mesmo, no sofá da sala - incrivelmente vestidos -, completamente colados.

Nossa noite tinha sido incrível, e nem avançamos nenhum sinal. Era ela que tinha essa poder sobre mim. O poder de fazer com que tudo vire ouro, apenas com um toque.

Seu corpo se mexeu em cima de mim; ela estava acordando. Esperei seus olhos abrirem com um sorriso, e ela retribuiu quando viu.

- Bom dia - ela disse com voz rouca.

- Bom dia, Anne - respondi e percebi que seu sorriso foi involuntário.

- Não sabia que eu já podia usar outro nome.

- Você pode tudo - Vacchi me encarou vencida, quase estufando o próprio peito de tanto orgulho.

- Baitola - zombou e eu ri baixo.

- Você consegue ser besta até quando eu tento ser fofo.

- Sua fofura é mais falsa que nota de três reais, tá? Só pra você saber – ela disse com um sorriso largo.

- Que mentira! Eu sou fofo o tempo todo - menti, e ela cruzou os braços.

- Só se for com outra pessoa - resmungou.

- E é - zombei e gemi quando senti um arder na minha coxa. - Ei! Eu não sou de ferro.

Ela se inclinou para mim e deixou um breve selinho em meus lábios.

- Pra sarar - disse e eu ri baixo, a beijando outra vez. - Sua cara está toda amassada - parou o beijo para comentar, e eu a olhei chocado.

- Diz isso porque não se viu no espelho ainda.

E eu nem estava mentindo. Sua maquiagem estava toda borrada, e seus cabelos embarassados por causa da posição em que dormimos. Parecia que tinha passado um furacão por cima dela, mas apesar de estar completamente bagunçada, nada em minha opinião sobre sua beleza sequer mudava.

Ela colocou a mão nos próprios cabelos, e se sentou rapidamente ao sentir seus fios entrelaçados.

- Caramba, mané - resmungou. - Passou um furacão aqui? - perguntou e eu ri automaticamente lembrando que pensamos exatamente a mesma coisa.

- Pensei o mesmo. Eu estou tão ruim quanto você?

- Vamos procurar um espelho - disse se levantando, e eu fui atrás dela.

Não me surpreendi quando paramos no meu banheiro, ela parecia chocada com a sua aparência.

- Quem te viu, quem te vê, Vacchiani - zombei vendo sua confusão, e a morena revirou os olhos, enquanto passava uma escova por seus cabelos castanhos.

- Continuo linda - ela respondeu, e eu ri apenas por implicância.

Ela estava completamente correta em se achar a pessoa mais linda do mundo. Ela realmente era.

Ela usou a sua própria escova de dentes, que tinha usado da última vez e eu escovei meus dentes ao mesmo tempo.

Não podia pensar em nada agora, pensar estragaria tudo. O que importava é que nesse momento exato, eu me sentia bem. E o explicar, mata o sentir.

Depois de não aparecer na festa hoje, eu sabia que precisava comparecer ao almoço de ano-novo na casa do Ferran Torres. Olhando meu celular, vi diversas mensagens dos meus companheiros confusos, pois eu nunca tinha faltado uma festa de véspera desde que entrei no clube.