27 | i know it won't work.

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Anne Vacchiano

– O show foi incrível! – Kyle disse correndo atrás de mim.

Olhei para o garoto que estava com uma expressão repleta de entusiasmo, e o alcancei com um abraço.

– Estamos muito orgulhosos de você, Anne, todos nós – ele continuou e eu não podia evitar meu sorriso de orelha a orelha.

– Eu nem consigo explicar o quanto eu estou feliz – respondi e passei meu braço pelo seu ombro enquanto andávamos. – Tudo que eu faço, tudo que eu escrevo, tudo é destinado a esse momento. A estar no palco e ouvir a plateia cantar junto comigo. Não existe nada melhor que essa sensação, eu me sinto... viva.

– E esse foi um show pequeno, viu. Quando começamos a tour, será mais do que o triplo disso tudo.

– Mal posso esperar para viver tudo isso!

Depois de me despedir de várias pessoas e agradecer várias outras, eu segui meu caminho para casa. Já estava tarde e as luzes de Turim iluminavam a estrada. Eu tinha até me esquecido do quão lindo a Itália era. E eu poderia afirmar: nem Roma seria capaz de superar Turim. Talvez fosse a cidade mais linda do mundo inteiro.

Ao chegar em casa, fui ligando todas as luzes e já arrumando algumas coisas que eu deixei largadas quando saí.

Era inegável que essa casa era grande demais para uma pessoa só; talvez fosse grande demais até para uma família. Depois da minha última discussão com meu pai, ele e minha mãe saíram daqui e eu não posso dizer que odiei. Morar sozinha é um passo adiante na vida adulta e aos 21 anos – prestes a fazer vinte e dois – eu precisava me construir sozinha.

Gavi me disse uma vez que a melhor coisa que tinha feito em sua carreira tinha sido afastar ela de seus pais. Eu rejeitei a ideia no primeiro momento, mas me sinto livre agora. Como se eu finalmente estivesse no controle da minha própria vida.

A energia italiana realmente melhorava meu humor. Talvez por ser muito mais querida aqui, talvez por poder rever meus amigos ou por simplesmente estar vivendo na minha cidade natal novamente. Mas sim, era ótimo estar de volta e eu não conseguia mais me imaginar morando longe daqui.

Respirei fundo sentindo a água do chuveiro cair sobre meu corpo. Eu amava me apresentar, mas definitivamente é algo muito cansativo. Passei meu banho inteiro pensando em como eu queria me deitar e dormir por um longo tempo.

Estava tudo sendo um completo sucesso. Meu álbum estava vendendo muito mais do que eu poderia imaginar, e eu estava ganhando um novo reconhecimento extraordinário. Mais patrocínios, mais fãs, mais convites para entrevistas e festivais. Tudo estava finalmente encontrando seus trilhos.

Me senti aliviada quando meu corpo afundou o colchão macio no qual me deitei. Minha cabeça ficando mais pesada quando eu encontrei a posição certa para dormir.

Já estava entregue ao sono quando ouvi meu celular tocar.

'Vou matar qual for o filho da puta que está me ligando essa hora', pensei irritada. Nem me dei o trabalho de ler o nome antes de atender.

– Por acaso você sabe que horas são? – respondi e ouvi uma risada baixa.

Desculpa, eu sei que devia ter escolhido outro momento  – arregalei meus olhos ao reconhecer a voz. – Posso ligar amanhã se for melhor...

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora