06 | fim do mundo.

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Pablo Gavi

Não falava com Vacchiano desde a briga e sinceramente não tinha ideia do que ela poderia estar pensando agora.

Talvez estivesse cogitando parar com tudo. Provavelmente querendo me matar agora, e isso definitivamente deixaria nossa relação mais esquisita.

Já fazia mais de uma semana que não á via, e hoje tínhamos um outro "encontro".

Eu já estava na porta da casa dela há cerca de meia hora, e ainda não tinha coragem de mandar mensagem.

Será que ela se lembrava que era hoje?

Será que ela iria?

Peguei meu celular e a avisei que estava na porta. Ela não tinha respondido quando escutei a porta do carro sendo aberta.

– Oi – ela disse e colocou o cinto.

– Oi – respondi.

Talvez fosse melhor conversar quando eu já estivesse lá, conversas em carros não me passavam muita confiança.

Descemos em um restaurante pouco movimentado, e nos sentamos na mesa que Robert nos reservou.

Pedimos a comida e ela manteve seus olhos no seu celular o tempo todo.

– Ei – chamei sua atenção e ela colocou o celular na mesa, me encarando pela primeira vez naquela noite. – Eu acho que te devo um pedido de desculpas.

Ela me olhou hesitante e eu percebi quando indicou que eu continuasse.

– Eu tô passando por muito estresse e eu acabei descontando isso em você, me desculpa. Não vai mais se repetir – prometi sincero.

Não queria que coisas assim se repetissem de maneira alguma, não podia me arriscar dessa forma.

– Eu meio que surtei um pouco também – ela admitiu, e eu respirei aliviado. – Essa situação com o meu... cara está um caos.

– Muito do que eu te disse não é verdade, Vacchiani – continuei. – Principalmente quando disse que não estamos juntos nessa, eu sei que isso afeta tanto a minha vida quanto a sua.

– Sua sinceridade é estranha para mim, sabe – admitiu, intrigada. – Você é muito fechado.

– Um dia você se acustuma – dei de ombros e ela balançou a cabeça, com um sorriso pequeno.

– Acho bem difícil.

– Eu só acho que só vai dar certo se formos sinceros.

– Isso já não era óbvio? Não temos muita gente para contar, temos?

Isso era uma verdade.

Uma grande verdade.

Nunca pensei em Vacchiano como nenhum tipo de aliada. E, por mais que eu não consiga nos ver como amigos, me dar bem com ela seria o mínimo para não estar tão sozinho.

Ela estava passando pelo mesmo que eu, em certo ponto.

Ela voltou a olhar o celular e eu me peguei prestando atenção nela.

Usava um vestido vermelho de gola alta, sem mangas. Ela ficava bem de vermelho, isso eu pude notar facilmente. Vacchiano também não usava muita maquiagem, sabia que não precisava. Seus cabelos sempre continham algumas ondas, e realmente destacavam seu rosto.

– O que tanto faz nesse celular? – tentei puxar assunto, era muito ruim não ter atenção.

– Resolvendo meus problemas, Gavira.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora