15 | seu jeito de olhar.

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Pablo Gavi

Eu estava tomando café e não conseguia pensar em nada que não incluísse a noite de ontem, e eu sei que ficaria na minha mente por muito tempo. Foi bom pra caralho. Foi demais, foi como se eu tivesse tido a minha primeira vez de novo, como se tudo fosse novo para mim.

Não esperava conversar sobre isso tão cedo, mas não esperava sua saída tão repentina. Sei que ela disse que só queria uma distração - mas me desejou ontem como uma garrafa de água no deserto. Tinha muito tempo que eu não desejava alguém tanto assim... Na verdade, eu nem sei se já havia sentido tesão em tanta intensidade. Vacchiano era o tipo certo de pessoa errada, que me hipnotizava na mesma medida em que me estressava as vezes.

Não sei se serei capaz de a olhar normalmente depois de ter visto seu olhar magnífico, completo por desejo. Parte de mim sabia que tinha sido um erro, porque o plano nunca foi nos envolvermos. Mas uma foda não mudaria nossas vidas.

Me pergunto em como seu ex-namorado reagiria ao saber que ela havia passado a noite inteira gemendo meu nome - ri com o pensamento. Adoraria que ele se sentisse um merda. Ele era um merda. Quem deixa Anne Vacchiano?

Flashes passavam em minha mente á cada segundo. Suas mãos passando por todo o meu corpo, nossas bocas necessitadas uma da outra, nossos corpos implorando por mais. Não sei como e se eu conseguiria ter auto-controle agora. Esperava que não precisasse ter, mas sabia no fundo que aquela noite não se repetiria.

Merda - falei mentalmente - Eu não podia pensar sobre isso.

Suspirei ao ouvir meu celular apitar, e me levantei da cadeira quando minha mãe alertou estar na porta. Conferi minha aparência na tela do celular, e ao ver que parecia normal, fui atender a porta.

Ela entrou sorridente, deixando um casto beijo em minha bochecha.

- Está tudo bem? - questionou, se aproximando do sofá e eu sorri.

Confesso que foi difícil olhar para o sofá e não me lembrar da silhueta de Vacchiano. Da nossa conversa superficial, do jeito que me olhou antes de se aproximar devagar... do seu corpo em cima do meu naquele sofá.

- Sim. E você? - perguntei, e notei em sua expressão que estava ansiosa com alguma coisa.

- Tenho uma novidade, e essa é incrível - ela disse dando palminhas em seu colo, e eu quis rir de como pareceu uma criancinha de nove anos. - Sua irmã vai se casar.

Levantei as sobrancelhas, completamente chocado e anestesiado ao ouvir aquelas palavras. E eu que pensei que Aurora nunca se casaria, como me enganei. Me lembrei que a devia cem euros agora, já que quando pequenos fizemos uma aposta e eu jurei que ela só se casaria depois dos quarenta, com um cara vinte anos mais novo.

Apesar de tudo, havia muita felicidade em escutar aquilo. Torcia pelo bem-estar da minha irmã mais do que qualquer um. E eu gostava muito da ideia de ter Javi na família, já que ele havia se tornado um amigo de longa data, dado o tempo em que eles estavam juntos. Sinceramente, cheguei até a pensar que ele só estava a enrolando com ideias de casamento, mas enfim deu certo.

Mesmo eu não sendo o fã número #1 de casamentos, sempre ficava ansioso quando pessoas próximas a mim se casavam. Um fato é que, depois dos vinte, você acaba vendo muitos amigos seus se casando. Um exemplo é Frenkie De Jong, companheiro do Barcelona, que casou á três anos, e Ferran que anunciou o noivado á três meses.

Só esperava que isso não trouxesse pressão para o meu lado, eu ainda não estava no tempo de pensar em casamento. Primeiramente eu teria que estar apaixonado, e em segundo, eu teria que dividir minha vida por completo. Me sentia muito jovem, despreparado e com pouquíssima vontade disso também.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora