20 | set fire to the rain.

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Pablo Gavi

Não via Mateo e Robert há um bom tempo e sabia que isso era bom, pois eles só apareciam quando algo dava errado. Mas aqui estavam eles, no meu escritório me encarando em um silêncio profundo.

- Vão abrir a boca ou...? - quebrei o silêncio e Mateo se levantou.

- Já era - ele disse apenas e eu não entendi.

- Do que você 'tá falando?

- Você se lembra de que... quando trouxemos Anne para cá, ela assinou um contrato? - assenti. - O contrato continha tudo que estávamos fazendo e uma cláusula de sigilo. Mas, de alguma forma, esse contrato está rodando por toda a internet agora.

Senti meu coração parar de bater pelo o que pareceram horas. Engoli em seco, isso não era possível.

- Precisamos falar sobre o que vamos fazer a partir de agora. O clube provavelmente não vai te penalizar, mas sua relevância social vai definitivamente cair. E Anne, ela precisa ser processada.

Pisquei duas vezes, não acreditava em nada que eles estavam dizendo.

- Quê?! - questionei irritado. Só consegui prestar atenção nas palavras "Anne" e "processo".

- Ela assinou uma cláusula de sigilo e mesmo assim contou para alguém.

- Isso é mentira! Ela nunca contaria a ninguém - disse mesmo sabendo que ela havia contado, e o cara em questão tinha milhares de razões para querer nos prejudicar.

- Não tente a defender, já sabemos de tudo - Robert se pronunciou. - Agora apenas se concentre em ficar o mais longe dessa garota.

- Vocês querem que a culpa recaia sobre ela - falei, mordendo meus lábios, sentindo minha garganta fechar.

- Tudo o que fazemos é pelo bem da sua imagem, Pablo.

- Não me chame assim - retruquei e ele arregalou os olhos.

- Sinto muito que tenha se apegado á ela, mas é como Mateo disse: Já era.

Queria socá-los no meio da cara. Queria puxar meus próprios cabelos até ficar careca. Minha visão estava ficando turva, minha voz cada vez mais sem som e eu sabia o que tinha que fazer.

Saí da sala sem dizer nada e tirei o celular do bolso. Disquei o número cujo já havia discado um milhão de vezes e me senti ansioso na medida que ela demorava a me atender.

- Oi - ela disse.

Soltei o ar que nem sabia que estava segurando.

- Você viu?

- Acordei com a notícia, você também? - seu tom de voz parecia nervoso.

- É. Eu não tenho ideia do que fazer - admiti, querendo simplesmente desaparecer.

- Está ciente que não podemos mais nos ver, não está?

- Foi o que me disseram, mas eu não estava afim de seguir seus conselhos.

- Eles não estão errados, Gavi.

Me sentei por um momento.

- Então é isso que você quer?

- O que eu te disse ontem não é mentira. Mas...

- Tá bom, já entendi.

- Pablo, é só por enquanto. Por favor, não me odeie.

- Não te odiar quando? Quando me difamar para o mundo, dizendo que eu sou o vilão da sua vida?

- Eu não disse nada disso.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora