08 | cowboy like me.

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Pablo Gavi

Acordei cedo demais para um sábado de folga, mas estava ansioso com outra pessoa na minha casa.

Não sabia se ela já estava de pé, não sabia se ela tinha ido embora e estava arrependida de ter ficado aqui.

E principalmente: não sabia a razão da estadia dela, mas não reclamaria, afinal, eu odeio estar sozinho em casa.

Quando abri a porta do meu quarto, pude ver a massaneta da porta á frente sendo aberta.

– Bom dia – ela disse assustada, parecia não esperar me ver naquele momento.

– Bom dia. Minha casa não é tão ruim quanto eu, é?

– Justamente o que eu iria falar – zombou. – Até fiquei surpresa com tamanha organização, mas me lembrei que Martinha faz tudo.

– Martinha? E vocês são amigas agora, por acaso?

– Você demora anos para se arrumar, e eu sempre converso com ela enquanto te espero – disse sem se importar muito e se dirigiu ao banheiro.

Vacchiano tinha ido diversas vezes á minha casa para me levar aos treinos, descobrimos que isso era uma coisa que eles gostavam de ver. Então, ela acaba vindo bastante aqui, mas nunca tinha ficado por mais de uma hora.

Desci para comer algo, e encontrei uma incrível única maça na geladeira. O resto era comida enlatada e almoço para esquentar, então não daria para comer isso agora.

Mordi a maça e me sentei na bancada.

Estava dando uma olhada na minha agenda quando Vacchiano apareceu na cozinha.

– Tem café? – questionou procurando a garrafa com os olhos.

– Não, não sei fazer – admiti.

– Vou fazer então – e começou a separar o necessário.

Fiquei de olho para garantir que ela não fosse quebrar minha cozinha, e ela pareceu incomodada.

– Você só tem essa cara feia? – perguntei quando ela cruzou os braços me encarando.

– Para de me encarar enquanto eu cozinho – pediu, mas parecia uma ordem. – Anda, vai sentar em outro lugar.

– Caramba, você quer mandar até aqui na minha casa – virei a cabeça para o lado, fitando a morena em minha frente, que continuava estressada. – Preciso garantir que você não vai quebrar nada.

– Ah, Pablo, você nem sabe como se usa metade dessas panelas.

– Mas eu paguei por todas elas e sem contar que, Marta vai me matar se alguma coisa aparecer quebrada.

– Dá uma relaxada, mané, na hora que tomar o meu café vai saber que valeu a pena – a olhei fingindo pensar, e ela bufou. – Vai pra sala, Gavi.

– Você é insuportável. 

– Se isso te ajuda com seu ego – falou baixo e eu resolvi não responder. Apenas saí dali como o ser humano consciente que eu sou.

Ainda estava analizando se perguntaria sobre ontem.

Não queria invadir o seu espaço, porque aí ela invadiria o meu e eu não queria que isso acontecesse.

Mas por outro lado eu estava preocupado. Sim, eu Pablo Martín Páez Gavira, estava preocupado com Anne Vacchiano. Que coisa ridícula de se admitir, mas era real. Ela estava na minha vida agora – não por escolha – e eu precisava saber.

Talvez fosse apenas a boa e velha curiosidade... ou talvez o tempo com ela esteja me deixando louco.

Louco mesmo era eu estar pensando tanto em uma besteira. Porra, se eu quiser saber eu tenho que perguntar.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora