24 | nossa música.

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Anne Vacchiano

Estava em um dilema terrível.

De um lado, o time da minha vida quase saindo do campeonato. Do outro, o time que vim torcendo pelos últimos cinco meses ganhando com uma virada incrível. Estava muito feliz pelos meninos, mas ficava triste por ver meu time perdendo dessa maneira.

A parte mais irritante do jogo era aquela loira estúpida batendo palmas e vibrando pelo Barcelona. Ela nem ao menos conhecia os jogadores, como eu conhecia. Nem ao menos conhecia Gavi e tinha a coragem de aparecer aqui.

Carolina percebeu que eu estava incomodada e eu contei tudo para ela, que mal pôde acreditar que a garota estava bem aqui do nosso lado.

– Como se sente sobre isso? – ela perguntou baixo.

– Vou fazer ele lembrar que eu existo – dei de ombros.

Me sentia confiante o suficiente para saber que apenas por me ver, ele duvidaria de tudo. Fosse imaturo ou não, eu não tinha muito senso quando se tratava dele.

– Ele é meu.

Carolina me olhou sem palavras e riu, vencida.

– Você quer mesmo ele ou só não quer ver ele com outra pessoa? – ela sussurrou.

Essa pergunta me deixou atordoada por alguns minutos.

Mas eu gosto de acreditar no poder que temos sobre nossa mente. Se eu decidir pensar nisso, e então acreditar nisso, começarei a usar Gavi sem perceber. Mas, se eu disser para mim mesma que estou aqui por motivos genuínos, então estarei aqui por motivos genuínos. Simples e prático, como eu.

Quando o jogo terminou, com hat-trick do Lewandowski e uma assistência do Gavi, os jogadores não conseguiam esconder a tamanha felicidade. Eles haviam passado e agora iriam para as quartas de finais. Eu estava muito feliz também, apesar de ver Pogba, um dos meus jogadores favoritos, com lágrimas nos olhos; o que me deixou com um aperto no coração.

Saindo do camarote, nos direcionamos ao hall que ficava antes do estacionamento, esperando que os jogadores saíssem.

Por uma maldição do universo, a garota loira estava aqui também, esperando os jogadores assim como nós.

Eu vi bem quando Pablo foi aparecendo no hall, e em primeiro momento seus olhos encontraram os dela, que lhe deu um sorriso. Mas, então, seus olhos encontraram com os meus e o mesmo engoliu seco. Parecia paralizado por uns segundos mas voltou a si quando a garota se aproximou e o abraçou. Continuei parada ali, encarando feio a situação enquanto Gavi mantinha seus olhos em mim, com ela nos braços.

Se afastou dela devagar, dizendo alguma coisa e ela saiu em direção ao carro dele, enquanto ele vinha em direção á mim.

– Oi, Carol! – ele comprimentou primeiro. – O que faz aqui?

– Ah... ele não te contou?! – ela exclamou e ele franziu o cenho entendendo.

– Meu deus! Vocês voltaram – e ele sorriu tanto que parecia que seus dentes sairiam da boca. Isso me fez sorrir um pouco.

– Não exatamente... mas enfim, é.

Ele olhava para mim de soslaio sem dizer nada, e Carol entendeu como sua deixa, e nos deixou sozinhos.

– Bela camisa – ele exclamou irônico, finalmente me encarando.

– Bom, Juventus é meu time – dei de ombros.

– Nunca me disse isso.

– Nunca achei necessário – respondi e ele encolheu seus ombros, parecendo cansado das provocações.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora