21| sei partir.

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Anne Vacchiano

Não sei explicar quando minha vida começou a sair dos trilhos. Não sei se foi quando me distanciei da minha carreira, quando parei de escrever músicas ou quando me mudei para a Espanha. Só sei que eu venho cometendo uma trilha de erros dos quais eu não sei lidar. Então eu só... fujo.

Tudo bem, ter vindo para a Espanha com certeza foi o pior dos meus erros. Apesar de ter conseguido o que eu queria, não acho que eu realmente precisava ter feito tudo o que eu fiz. Fingir um namoro... enganar todo mundo, e ainda receber por isso. Eu só me sinto mal pelas coisas terem acontecido desse jeito. Pessoas realmente talentosas não precisam disso. Então, uma parte das coisas que eu falei nas minhas redes sociais não era mentira. Era como um desabafo muito dramático.

Há duas semanas, quando tudo aconteceu, eu pensei que as pessoas iriam começar a me odiar. Então fiz o que foi preciso para me fazer de vítima e deu certo. Não foi tão bom para Gavi, mas eu estava me protegendo e talvez um dia ele entendesse isso. Sei que ele deve estar me odiando nesse momento e não o culpo, pareci estar disposta á tudo e de repente eu não estava mais. Além disso, ele gostava de mim. Isso me perseguiu pelas últimas semanas, pois estava com medo de errar com ele como errei com Marcus. E mesmo assim errei.

A diferença era que com ele eu me sentia segura. Me sentia segura de contar meus medos, e de conversar sobre qualquer coisa. Queria que eu pudesse ser sincera também. Me odeio por ser uma mentirosa, mas ao mesmo tempo não sei se quero mudar isso. Nunca disse á ele como ele me fazia sentir. Tudo o que eu podia fazer era colocar isso em músicas, esperando que ele ouvisse e entendesse que são todas sobre ele.

Mas eu nunca mais vou me encontrar com Pablo Gavi, e isso eu já aceitei. Podemos até nos ver, mas não iremos nos falar. Não faz mais sentido, por mais que eu sinta falta. Eu não preciso dele e não acho que ele precise de mim.

E eu não me senti triste em nenhum momento, estou bem acustumada com despedidas. É só um friozinho na barriga quando penso... quando me lembro das suas mãos por todo o meu corpo, seu olhar me dizendo mais do que já ouvi em toda a minha vida. Ele era a melodia 'pras minhas músicas.

O que me manteve acordada nos últimos dias foi um pensamento engraçado. Meses e mais meses com Marcus e nunca escrevi nada sobre ele. Apesar de ter me sentido culpada pela maneira que agi, nunca me preocupei o suficiente. Parece que desde que conheci Gavi, Marcus se tornou apenas o cara que dormia comigo. Só quem estava ali.

Isso era horrível e eu estava bem ciente disso. De qualquer maneira, estou feliz nesse momento. Rojo estava sendo um sucesso e eu já me preparava para a tour que começaria no ano que vem, fora os eventos em que eu me apresentaria nesse ano. Minha gestão e minha gravadora estavam surtando de alegria com os números que estávamos fazendo. Para alguém que não nasceu herdeira como eu, o sucesso era realmente estigante.

Estava deitada na minha cama quando escutei minha campainha tocar. Me levantei rapidamente, animada com quem devia ter chegado.

– Oi, linda! – falei ao ver o sorriso da morena se formando em minha frente.

– Já estava com saudades? – Carol perguntou enquanto entrava, e eu ri.

– De você? Jamais.

– Não quero papo furado, Anne – disse se sentando no sofá e eu franzi o cenho, me sentando ao seu lado. – Quero saber de cada detalhe.

– Cada detalhe do quê exatamente? – perguntei me fazendo de desentendida, ela me olhou irritada.

– Dessa história ridícula, oras! Como assim era tudo mentira? – suspirei.

lie to me - pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora