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Rain on.

Talvez fosse efeito do álcool, mas beber na casa do Dewdrop não estava sendo um pesadelo e eu nem acreditava que estava tendo uma conversa decente com ele, mesmo que as coisas que ele estava falando fossem um pouco bizarras.

Bebemos algumas garrafas de cervejas, enquanto conversamos sobre minha faculdade, as bandas que ele já tocou, os lugares que ele visitou, e conheci um lado dele completamente oposto de tudo o que eu já sabia. Eu contei sobre as bandas que ajudei na gravadora, e mais sobre minha vida profissional do que pessoal. Eu nem vi o tempo passar.

O frio começou a se intensificar, a ponto dele ligar o aquecedor.

-Você quer uma blusa? -Perguntou.

-Eu estou bem... obrigado.

Lá fora, percebíamos pelas luzes que estavam caindo alguns floquinhos.

-Caralho, neve logo por esses dias... não pode ser!

O olhei.

-Qual o seu problema com a neve?

Deu de ombros.

-Nenhum!

Fiquei sem entender, apenas não me importei com sua fala. Senti minha barriga roncar novamente.

-Está com fome?

Neguei, envergonhado.

-Vem, vamos ver o que tem aqui para resolver esse problema.

Que ódio do meu rosto que não ajuda a mentir.

Ele levantou e eu fui atrás.

-Geralmente tem coisinhas de preparo rápido -falou olhando os armários.

Ele pegou um pacote de doritos e colocou em uma bacia, em seguida, pegou alguns itens na geladeira e foi para o fogão.

-Olha... eu não quero incomodar não! -falei tímido.

-Relaxa! Eu também estou com fome.

-O que você vai fazer? Precisa de ajuda?

-Estou fazendo um molho para os nachos, é coisa rápida.

-Ok...

O silêncio voltou.

-Onde fica o banheiro?

-Pode seguir reto no corredor, não tem erro. Mas se não achar, é só abrir as portas e descobrir.

-Não tem perigo se eu achar seu quarto vermelho?

-Se você achar... já pode ficar por lá que logo eu chego!

O olhei assustado.

-É sério?

-Ué... quer pagar para ver?

-Acho que não!

Ele riu.

Levantei e fui até lá... Caminhei de vagar, eu estava amortecido pelo álcool, minhas pernas quase não me obedeciam direito, era hora de parar.

Ao passar por uma porta do corredor, senti um cheirinho de bebê... a porta estava entreaberta, era o quartinho do Theo, tinha seu nome escrito na porta. Achei muito fofo.

Quando cheguei ao banheiro, joguei água gelada no rosto para ver se amenizava minha embriaguez inicial, o que no fundo só serviu para me deixar com frio.

Ao voltar, eu já sentia de longe o cheiro do molho que o Dewdrop estava fazendo.

-Uau, que cheiro bom!

Sweet & Psycho - Dewdrop e RainOnde histórias criam vida. Descubra agora