Enquanto toda a banda conversava sobre as composições, Rain ficou sentado esperando por algo em que fosse útil. Papa o observou.
-Rain, por favor, nos dê uma luz aqui. Diga onde estamos errando.
Ele levantou receoso.
-Eu posso?
-Por favor!
-Bem, se vocês diminuírem um tom, o Sodo vai conseguir emendar um solo bacana antes do último trecho. E o Papa vai conseguir controlar melhor seu vibrato.
Ele pegou um violão e demonstrou sua versão aquela música, Kiss the Go-goat, e realmente ficou muito boa.
-Uaaau! –Aether bateu palmas- como não pensamos nisso? Caramba, eu adorei, por mim, mantemos assim.
-Eu também gostei bastante –concordou Swiss.
-Nós precisamos de você... já faz dias que estamos empacados, e você tem um olhar de fora para avaliar, vai ser muito importante a sua participação nesse projeto.
Rain sorriu.
-Tudo bem, eu posso ajudar no que vocês precisarem.
-Senta aqui, dá uma olhada nessa letra e diz o que acha. –falou Aether, levanto e deixando Rain sentar onde ele estava, indo pegar mais café logo em seguida- Sodo, você não vai tomar café hoje não?
-Não estou com vontade.
Rain ouviu, mas fez de conta que não, ele estava chateado por ser tratado desse jeito, mas era um trabalho temporário, ele só precisava aguentar mais um pouquinho, ele precisava daquela experiência.
Eles trabalharam duro durante a manhã, e teriam a tarde livre. Pouco antes do horário em que sairiam, a mãe do Theo apareceu, e quando ele a viu, saiu correndo para abraça-la.
Ela o pegou, e pegou as coisas dele, e saiu dando um até logo para os meninos enquanto falava ao telefone.
Os meninos foram saindo aos poucos.
Enquanto Rain enrolava os cabos para guardar, ele falou com Sodo:
-Seu filho é uma gracinha!
-uhum! –respondeu sem parar de tocar.
-Acho que eu nunca vi uma criança tão comportadinha como ele, você e sua esposa devem ser muito orgulhosos.
-1: ela não é minha esposa, é apenas a mãe do meu filho. 2: sim, somos muito orgulhosos da nossa criança.
Rain sorriu de canto, atou os cabos e os guardou. Antes de ir, ele precisava esperar o Sodo terminar, pois precisava deixar o estúdio do jeito que estava de manhã. Ele não queria atrapalhar, então, ficou sentado no sofá, mexendo em seu celular.
Aconteceu uma oscilação de energia, seguida de uma queda.
-Merda!!! Logo agora!
Sodo jogou sua palheta no chão.
Rain levantou e foi verificar o que tinha acontecido.
Só eles estavam no estúdio, afinal, já era horário de almoço. Ele voltou então para a sala onde estavam.
-Bem... só estamos nós aqui... o único problema é que como está sem energia, não vamos conseguir sair, pois o portão não vai abrir.
-Puta que pariu! Era só isso que faltava mesmo...
-Eu posso te ajudar a terminar... podemos usar as cordas graves do violão para ter uma base.
-Você sabe que não é a mesma coisa.
-Eu sei... mas quebra um galho.
-Você pode tentar, se quiser.
-Sodo...
-O que foi?
-Por que você não gosta de mim?
Sodo revirou os olhos.
-O que eu fiz de errado?
-Você não fez nada –falou simples.
-Então por que você fala assim comigo?
-Porque não era para você estar na banda!
-Mas...
-Não era para o nosso Water Ghoul ter saído!
Rain sabia algo da saída do membro da banda, mas era algo bem superficial.
-Não se preocupe! –Rain fechou a cara- eu não vou ficar por muito tempo, sou apenas um substituto!
Sodo riu.
-Finalmente estou ouvindo sua voz de verdade.
-Do que você está falando?
-Até agora eu só te ouvia como um subordinado, se você quer ser um Ghoul, precisa ter mais atitude.
-E desde quando isso se tornou interessante para você?
Sodo deu de ombros.
-Na verdade eu acho que você tem muito talento e pouca atitude... ah não ser é claro, que você queira ficar para sempre dentro de um estúdio.
-Que eu saiba isso não é da sua conta, com todo o respeito.
Sodo riu, enquanto olhava para Rain, diretamente nos olhos, como se estivesse vendo sua alma.
Rain desviou o olhar, intimidado.
-Sabe... tem algo em você que me chama a atenção... só não sei o que é, e nem por quê.
Ele continuava analisando Rain.
-Você me causa arrepios –falou Rain, de cabeça baixa.
O mais velho assentiu.
-É... eu costumo causar isso nas pessoas mesmo.