Capítulo 13

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Em seu aposento, Westyn fitava o teto, se perguntando o quanto as coisas poderiam ficar ainda mais inacreditáveis. Ao ponto que seu próprio subconsciente, tinha medo de encontrar uma resposta para isso, pois já se encontrava num estado mórbido de raciocínio.

Tinham enfim chegado a Elrond, tinham completado a missão, outrora sentia que não. Que faltava muitas peças no quebra cabeça a serem montadas. Que havia algo maior a ser esclarecido, isso era um fato. Não tinham dado nem o primeiro passo, de uma escadaria que não sabiam onde levaria.

Nora e Raven, que decidiram os acompanhar após o Vale, tinham se revelado membras da nobreza de Elora. Não somente isso, com a Pixie sendo princesa do povo. Uma princesa.

Esfregou o rosto, mesmo que o banho que houvera tomado a algumas horas houvesse acalmado um terço dos seus membros agitados, sabia que estava longe de conseguir relaxar por completo.

Ou mesmo descansar, com tantas coisas na cabeça. Nem ele mesmo sabia se queria acalmar aquela onda furiosa de pensamentos, pois o faziam pensar, e quando estava perdido em pensamentos, não se via sendo consumido de forma ruim por eles. Pois dessa maneira ele se permitia navegar por eles. Ao invés de se afogar com a maresia indômita.

Por mais que tentasse, não conseguia acalmar seus pensamentos recentes, tentando montar as peças do jogo que havia se iniciado, a partir do momento em que partiram de Elrond para Wenkael em busca dos Loriorans. Onde tudo começara. Desde a primeira ordem do rei para que trouxessem em segurança as cria de Gillyn Briffyn a Elrond.

Um barulho de farfalhar de asas soou, com uma aterrissagem vindo de sua varanda do outro lado do aposento atraindo cada traço seu em alerta.

Se erguendo, apenas em uma calça de lã, com o torso nu exposto, Westyn se encaminhou para a outra sala.

Não pareceu nenhum pouco supreso ao encontrar o macho com asas em sua varanda, quando abriu as portas para ela.

— Sabia que estaria acordado. — Liryan o saudou, os cabelos castanhos parecendo escurecer no anoitecer.

A lua majestosa já despontando no céu acima. O brilho cinza reluzindo em suas peles marcadas.

Westyn coçou os cabelos bagunçados, se encostando na balaustrada da varanda, fitando o irmão com um olhar inerente.

— Não conseguir pregar os olhos.

— Nem eu. — Liryan compartilhou. As asas cor de ébano do Fëanor falcão se unindo as costas, tão diferente das envergaduras negras de Skye.

— O que tirou seu sono?

O olhar do outro sobre Westyn foi o suficiente para sua própria conclusão.

— Aposto que o mesmo que tirou o seu. — Liryan agarrou a estrutura da coluna, levando o olhar para a cidadela de cima a noite. — O rei de fato sabe a verdade.

Westyn suspirou, o frio da noite quase tornando seu ar em uma névoa esfumaçante por seus lábios entreabertos.

— Tive essa mesma impressão.

— O que lhe causou isso?

— Notei que ele não pareceu surpreso com o pouco que Gwen demonstrou. Mas acho que eu ficaria mais supreso se ele tivesse demostrado, afinal, a avó dela os mandou para cá por um motivo.

— Motivo esse que os dois desejam descobrir a qualquer custo.

O Fëanor prateado acenou.

— Mas deve haver muito mais. O rei Enel parecia apreciar a demonstração do poder de Gwen quando ela se descontrolou no salão real. — Westyn intimou, analisando suas próprias afirmações. — Fora que descobriu que Nora era princesa quando nenhum de nós o fizera. O que ainda me faz me sentir um idiota.

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