Christian
Onde diabos ela está?
De pé, ao lado da entrada de uma antiga casa de arenito, toco a campainha pela segunda vez, com a mesma falta de resultados.
Anastasia Steele não está em casa.
Eu sei o sobrenome dela graças ao seu perfil no Facebook, que eu acessei tocando no ícone em seu telefone. De acordo com esse mesmo perfil, ela é solteira (que eu já suspeitava), tem vinte e seis anos e é formada no Brooklyn College. Ela adora livros e faz revisões freelance quando não está trabalhando em uma pequena livraria de propriedade familiar. Ah, e ela definitivamente é dona de gatos, três deles, a julgar por seus posts frequentes sobre eles no Facebook. Saber tudo isso sobre uma mulher que conheci por acidente me faz sentir como um stalker, um sentimento que é apenas exacerbado pelo meu desejo inexplicável de saber mais. Eu mexi um pouco no celular dela no caminho até aqui para ter certeza de que tinha o endereço certo, eu disse a mim mesmo e, no processo, olhei tudo, desde as fotos dela até o e-mail. Eu não li nenhum dos e-mails porque isso seria muito errado, mas olhei os assuntos. Parece que a maioria de sua caixa de entrada está ocupada por mensagens relacionadas a seus trabalhos de revisão, embora também haja um monte de e-mails de alguém chamado Kate. O mesmo vale para as mensagens, embora a maioria seja de "vovó" e "vovô".
Porra, eu estou sendo um stalker.
Enojado comigo mesmo, me viro para ir embora, assim, posso dar o telefone à minha assistente amanhã e esquecer essa loucura, mas, naquele momento, uma figura pequena e bem-feita, com cabelos ruivos, aproxima- se da rua... E congela no lugar, com as mãos voando para cima, segurando a alça de sua bolsa barata. Num piscar de olhos, me ocorre como devo parecer para Anastasia, com minhas feições na sombra pela pequena luz pendurada sobre a porta. Se eu fosse uma jovem mulher confrontada por um homem desconhecido de um metro e noventa e três na sua porta, no escuro, eu provavelmente estaria cagando nas minhas calças agora.
— Sou eu, Christian — digo rapidamente, querendo tranquilizá-la. Eu posso ter agido como um stalker, mas não quero fazer mal a ela. — Do Café, lembra?
Ela dá um passo para trás, ainda segurando a alça da bolsa.
— O que... o que você está fazendo aqui? — Ela soa sem fôlego; eu devo realmente assustá-la. — Como você me achou?
— Seu telefone — explico, puxando o smartphone rosa do meu bolso. — Eu encontrei no banco depois que você saiu e queria devolvê-lo para você.
— Ah — Ela se aproxima incerta. Quando a luz sobre a porta ilumina seu rosto pálido, vejo que sua expressão é uma mistura de alívio e confusão. Parando a alguns metros de distância, ela diz com uma voz um pouco mais calma: — Obrigada. Eu estava procurando por esse telefone. Estava quase em casa quando percebi que não o tinha, então, voltei ao Café, e o garçom disse que eles não encontraram nada e... — Parando, ela respira fundo e diz: — Estou muito feliz por você ter encontrado, mas não precisava vir até aqui. Eu poderia ter te encontrado em algum lugar amanhã ou...
— Não é tão longe do meu caminho — eu digo. É mentira, mas não vou admitir toda a extensão da minha insanidade. — Imaginei que poderia se preocupar, então, eu o trouxe.
Ela olha para mim, seus olhos azuis claros nas sombras da noite. — Oh. Ok, bem, obrigada. É muita gentileza da sua parte.
Ela estende a mão e eu lhe dou o telefone. Ela tem o cuidado de pegá-lo de tal forma que nossos dedos não se toquem, algo que irracionalmente me ressinto. Ainda pior, no momento em que o telefone está fora de minhas mãos, me arrependo de dar a ela tão rapidamente. Aquele telefone era a única coisa que nos ligava, e agora não tenho motivos para estar aqui, exceto meu desejo inexplicável de conhecê-la.
— Anastasia, escute — digo enquanto ela apanha o telefone com evidente alívio. — Acho que cometi um erro antes, no Café.
— Você deveria conhecer alguém chamado Emmeline? — Um pequeno sorriso aparece em seus lábios, e eu percebo que ela chegou à mesma conclusão.
— Isso mesmo. — sorrio para ela. — Deixe-me adivinhar. Você deveria conhecer Clint?
— Sim — Seu sorriso se amplia, expondo pequenos dentes brancos e as mesmas covinhas bonitas que eu vi na selfie. — Quais são as chances disso acontecer, certo?
— Eu posso ter um dos meus analistas vendo isso, se você quiser — digo, apenas meio brincalhão. Pesquisar a resposta à sua pergunta retórica me daria uma desculpa para manter contato, algo que eu realmente quero. Com aquele sorriso torto, a ruivinha parece tão adorável que quero lambê-la como uma casquinha de sorvete. — Tenho certeza de que podemos descobrir se geramos algumas estatísticas sobre as tendências de nomenclatura na população — acrescento.
Anastasia pisca, seu sorriso escurecendo. — Um de seus analistas? Você dirige um laboratório de ideias ou algo assim?
— Um fundo de investimentos — digo. — Empregamos uma infinidade de estratégias para ficar à frente do mercado, desde a análise tradicional de patrimônio até a negociação orientada por quantificação.
As covinhas desaparecem completamente. — Ah, entendo. — Ela parece desapontada, uma reação que é o oposto do que eu recebo quando as mulheres percebem que eu devo valer um bocado. Mostrando um novo e menos sincero sorriso, ela diz: — Obrigada novamente por devolver o telefone, Christian. Eu realmente aprecio você ter vindo até aqui. Se me der licença... — Ela me olha com expectativa, e percebo que ainda estou em pé na porta da sua casa, bloqueando-a.
Eu deveria me mover essa seria a coisa educada e gentil a ser feita mas não o faço. Em vez disso, pergunto sem rodeios: — Você odeia Wall Street ou algo assim?
Eu sei que estou no limiar de assediar a garota, mas não posso deixá-la ir assim. Uma vez que ela entre em seu apartamento um lugar de merda, a julgar pelo estado decadente da porta, tudo estará acabado. Ela seguirá a sua vida e eu voltarei para a minha, e não estou pronto para isso acontecer.
— Hum, não. Não tenho nada contra sua profissão. Quero dizer, não realmente. — Ela me lança um olhar desconfiado. — Eu só... — Ela inala. — Olha, Christian, eu realmente agradeço o gesto e tudo, mas estou com fome e exausta, e ainda preciso alimentar meus gatos e responder alguns e-mails. Podemos discutir a ética de Wall Street em outro momento.
Em outro momento? Algo tenso dentro de mim relaxa. Embora, sem dúvida, ela quisesse dizer suas palavras por educação, vou levá-las a sério. Eu vou ver Anastasia novamente e descobrir o que é que me atrai nela.
Saindo do caminho, eu digo: — Parece bom. Boa noite, Anastasia. Foi um prazer conhecê-la.
— O mesmo. Adeus, Christian, e obrigada de novo — ela diz, puxando as chaves da bolsa enquanto se aproxima de mim.
Eu a vejo abrir a porta, certificando-me de que entre em segurança, e quando a porta se fecha atrás dela, eu peço outro Uber e anoto no meu telefone os próximos passos. Minha pulsação está vibrando de excitação e meus músculos estão apertados em antecipação ao novo desafio. Estou agindo completamente alheio a mim, mas não me importo mais. Anastasia pode não ser o que eu preciso a longo prazo, mas ela é o que eu quero no momento, e pela primeira vez na minha vida, vou viver o presente. Eu vou ter a ruivinha exuberante para a sobremesa e me preocupar com as consequências mais tarde.
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O Titã De Wall Street
RomanceUm bilionário que quer uma esposa perfeita... Aos 35 anos, Christian Grey tem tudo: riqueza, poder e o tipo de aparência que deixa as mulheres sem fôlego. Bilionário, ele dirige um dos maiores fundos de investimentos de Wall Street e pode derrubar...