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Bárbara Passos

A Tainá andava de um lado para o outro e desde a hora que ela chegou aqui, não parou de falar um segundo sequer. Ela está bêbada, e conheço a minha irmã o suficiente pra saber que quando ela tá sob o efeito do álcool sua mente fértil cria inúmeras ideias absurdas.

Peguei meu celular, entrei no Spotify e coloquei na minha playlist do Orochi. Deitei na minha cama e fiquei bem tranquila ao som de Lobo.

Tainá: Você não tá me ouvindo? Nossa Bárbara, que mal eu te fiz? Alma sebosa. - Cambaleou um pouco e deitou do meu lado.

Bárbara: Eu estava te ouvindo, até tu vim com a ideia absurda de ir pro Rio de Janeiro. E também tu tá bêbada, não tenho paciência!

Tainá: Se você me deixasse terminar de fala ia saber o motivo de nós irmos pro Rio. - Apoiou sua cabeça no meu peito - Tu sabe que eu sempre quis expandir o meu studio né? Pois então, consegui um investidor foda lá.

Encarei ela com uma expressão suspeita e só acenei pra ela continuar.

Tainá: E porra, meu sonho era conseguir abrir um studio no Rio de Janeiro. O turismo de Copacabana é um dos melhores, a mulherada de lá adora um bronze e imagina a grana? Estourei!

Bárbara: A ideia é ótima, mas quem é o investidor mulher? Conta tudo, porque se for golpe eu já meto um processo no cu do cara! - Falei séria.

Tainá: Conheci ele lá no carnaval de Olinda, lembra? - Sorriu e eu acenti - E tu não vai querer meter processo no cu dele, vai por mim.

Bárbara: E ele pediu o que em troca? Você sabe bem que quando a esmola é demais, o santo desconfia.

Minha preocupação é válida, não podia deixar minha irmã cair em algum golpe e afundar sua empresa que tanto lutou para erguê-la.

Tainá: Isso aí nós fala depois. Vamos ao que interessa, você vai comigo, né? - Saiu de cima de mim e fez cara de cachorro sem dono.

Bárbara: Queria muito, eu amo o Rio. Mas você já sabe que eu não posso ficar indo pra lá, é arriscado pra mim. - Bufei.

A maioria dos meus clientes eram do primeiro Comando da Capital, graças ao W7. Ele só me deixava advogar pra eles e para presos de facções aliadas. E no Rio de Janeiro nós sabemos qual facção domina.

Tainá: Babi, esse é seu trabalho, ninguém lá vai te matar por isso. Qualquer ser humano que tenha um cérebro, sabe o papel de um advogado e você não tem envolvimento com facção nenhuma.

So sou casada com um dos integrantes.

Tainá: Visse? Eu disse pra tu não casar com aquele bosta. Agora tá aí com medo dele, você nem parece a mesma menina que descia a porrada nos nossos irmãos, lembra que tu tacou fogo no André?

Bárbara: Não me lembra disso que eu apanhei de cipó verde da mãe. - Dei risada, bons tempos.

Tainá: Se você não for, não tenho motivo pra eu ir também. Em todas as minhas conquistas tu tava lá comigo, não queria que essa fosse diferente. Você é minha força!

Sorri, em cada uma das nossas conquistas individuais, sempre estávamos uma com a outra. Não ia dar essa mancada com ela, o Weverton vai ter que entender e se não entender, sinto muito. Minha irmã vem sempre em primeiro lugar.

Bárbara: Tá, eu vou! - Falei e ela soltou um grito alto, a bixinha tava toda feliz. - Só me avisa o dia, pra eu poder desmarcar os meus compromissos lá no escritório.

W7: Tu vai pra onde Bárbara? - Entrou no quarto com a cara feia, seus olhos estavam vermelhos e sua agitação era de quem tinha cheirado. - E tu, não tem casa não mano? Já falei que não te quero aqui o tempo inteiro.

Uma coisa que eu notei, foi que ele não estava mais com a sua camiseta do Corinthians. Agora ele estava com uma camiseta da Nike e os cabelos molhados.

Tainá: Estou na casa da minha irmã e eu venho aqui quantas vezes eu quiser! - Se levantou.

W7: A casa é minha, tua irmã não tem nada! Agora mete o pé daqui antes que dê um b.o maior pra tu. - Ameaçou ela e eu entrei na frente.

Tainá: Cuidado hein, tu sabe bem que eu sei de coisas que acabariam contigo. Sorte sua que eu não quero ver minha irmã sofrendo. - Seu olhos se encheram de lágrimas. - Fica bem Babi, amanhã eu tô aqui de novo!

Não entendi nada que ela quis dizer, mas não prolonguei o assunto, não queria caçar mais coisa pra minha cabeça. Dei um beijo na bochecha dela e ela foi embora em seguida.

Bárbara: Que cena ridícula Weverton! Tu sabe que eu odeio isso, puta que pariu. - Balancei a cabeça negativamente e fechei meu robe de seda.

W7: Weverton? Pra tu é W7. - Esbarrou no meu ombro e eu caí sentada na cama. - Era pra tu tá dormindo, não fofocando com tua irmã.

Bárbara: E era pra tu tá em casa, não em um baile funk. - Falei sem pensar e ele me olhou feio. - Vou pro Rio de Janeiro com a Tainá. - Soltei de uma vez.

W7: Fazer o que lá porra? Ah, tanto faz. - Se aproximou de mim - Não vou mandar segurança nenhums contigo, tu tá indo porque quer e não vou botar meus manos no problema por você.

Ele segurou meu queixo e o levantou sem delicadeza alguma, me fazendo olhar pra ele.

W7: Só não se esqueça da pessoa que te deu tudo, se não fosse por mim, tu estaria na miséria. Uma advogada fracassada. Antes de fazer merda, se lembra disso, fecho?

Bárbara: Porque você é assim comigo? Porra, tu era tão diferente à alguns anos atrás. Não faz sentido.

Contos de fadas infelizmente nâo existe! A vida real é cruel e eu fui uma otária de achar que ele era um principe encantado. Ah se eu pudesse voltar no tempo...

W7: Cala a boca Bárbara, vai dormir e fecha essa boca de uma vez. - Soltou meu rosto e caiu deitado na cama.

Olho pro alto e segurei minhas lágrimas. Não me permito chorar, odeio mostrar fraqueza pra ele. Me enfiei debaixo de coberto e senti seus braços rodearem a minha cintura. Queria distância desse homem hoje, mas ele drogado sua agressividade aumenta quando está com cocaína até no cu. Eu morria de medo dele fazer algo comigo novamente.

***

Coração BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora