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Tainá Passos

Terminei minha faxina, olhei no relógio e vi que já passava das onze horas. Não tava afim de ir trabalhar e eu não ia, obrigada eu não sou já que a dona do studio sou eu. Mandei mensagem pra Babi descer pra almoçar comigo, mas a mensagem nem chegou. E mais uma vez eu vou ter que almoçar sozinha.

Peguei minha carteira, tirei todos os meus cartões e deixei só uma nota de cinquenta. Não posso sair com cartão de crédito, não posso ver uma blusinha na liquidação que já quero torrar todo o limite.

Saí de casa na maior preguiça e desci essas ruas enormes da favela. Odeio morar nesse lugar, só subia o escadão que mata qualquer um. Tirando o povo fofoqueiro, sabem mais da minha vida do que eu mesma, um saco. Só continuo aqui porque não vou abandonar minha irmã com aquele lixo.

Tainá: Eaí tio, me vê três coxinhas e uma coca cola bem geladinha. - Não tava afim de comer comida de sal, gosto de uma besteira.

Ele acentiu e me entregou as coxinhas, junto com a latinha de coca cola. Ergui as sobrencelhas quando a Bárbara entrou na lanchonete junto com o W7.

Bárbara: Sabia que tu estaria aqui. - Beijou minha bochecha, seu rosto estava com um hematoma grande. - Queria almolar contigo, mas o Weverton já tinha me chamado pra sair.

Perdi até a fome! Não respondi ela, só tirei meu dinhero da carteira e deslizei sob o balcão. Sorri de lado pra ela e sai da lanchonete, esse negócio mexe muito comigo, ainda mas depois do que aconteceu...

Peguei meu celular do bolso e olhei para as fotos que o W7 tinha me enviado na noite passada. Era uma foto da Bárbara dormindo, ele estava em cima dela e com uma arma apontada pra sua cabeça. Na mensagem ele dizia que era pra eu ficar de boca fechada, ou minha irmã morria. Limpei minhas lágrimas e guardei o celular, ele sempre me envia essas fotos e sempre tenta me afastar dela.

Tainá: Você me paga desgraçado. - Guardei meu celular no bolso.

Subi as ruas com uma certa pressa, até a casa da minha irmã. A casa é dela, mesmo que aquele bosta diga ao contrário. Peguei a chave reserva que a Babi havia me dado e destranquei a porta. Subi as escadas correndo e entrei no quarto que ela usava de escritório. Abri seu notebook e conectei meu celular nele, criei uma nova pasta e coloquei todas as fotos comprometedoras lá.

Uma hora ela vai acabar vendo, isso não podia de forma alguma sair da minha boca. Mas também não podia ver ela sofrendo tanto na mão dele, porra, eu só queria poder dizer tudo o que fizeram comigo...

Quando terminei de enviar todas as fotos, desliguei o notebook e deixei do mesmo jeito de antes. Sai do escritório e ao passar pela porta do quarto deles, uma coisa me chamou a atenção. Olhei para os lados e andei até os arquivos qu estavam na cama. Os peguei e logo na capa do envelope estava escrito; Entregar pra justiça.

Franzi a testa e abri o envelope laranja. Puxeu os papéis que estavam dentro e na verdade eram fotos, puta que pariu... Isso aqui pode foder com a vida da Bárbara em muitos níveis.

Ouvi o barulho da porta sendo destrancada, rapidamente eu guardei as fotos e coloquei no envelope. Pensei em levar comigo, mas obvio que a primeira pessoa que iam suspeitar era eu, já que sou a única a ter acesso a casa. Preciso voltar aqui para buscar depois, dessa vez a Babi vai saber de tudo.

***

Coração BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora