Coração Bandido

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Bárbara Passos

Acordei num sobressalto após ter tido um pesadelo horrível. Na verdade, não era bem um pesadelo, e sim minhas lembranças de um dia horrível. Olhei para minhas mãos e suspirei aliviada quando vi que elas não estavam com sangue, igual no sonho.

As palavras daquele homem fucavam se repetindo na minha cabeça, como um karma; "Você sempre vai ter meu sangue nas mãos doutora... Assassina, assassina!"

Esse com certeza foi o meu pior erro, o erro mais grave da minha vida... Que custou uma vida!

Tranquei esses pensamentos na mente, igual eu venho fazendo à anos. Se eu for para pra pensar nesse fatídico dia, eu não consigo mais e o meu senso forte de justiça vai me fazer ir pra uma delegacia depor tudo o que eu sei. E isso eu nunca vou fazer... Morreu, já era.

Peguei meu celular e sorri ao ver a foto que o Alex havia me enviado no Whatsapp. Ele estava com sua farda preta, bordado seu nome no peito e seus músculos cobertos por uma tatuagem? Que homem lindo. E além de lindo, é super gente boa. Pegamos uma amizade à alguns dias atrás e desde então, nós dois criamos uma aproximação forte. Cada dia que passa eu crio um carinho enorme por ele e ele conseguia me tirar um pouco da fossa em que eu me encontrava.

Me levantei com preguiça, escovei meus dentes, coloquei um roupão e desci pra sala. Liguei a televisão e coloquei The Vampire Diares pra rodas, já que estou fazendo maratona desde ontem. A única coisa que eu tenho pra fazer no dia é assistir porra de série... Monótona demais e chato!

Anjinho: Oh de casa... - Entrou na minha suposta casa, sem tirar o chinelo e sem ter um pingo de educação e vergonha na cara.

Posso ser chata e tudo mais, mas tenho pavor de visitas que entram na minha casa sem tirar o chinelo, ainda mais sabendo que a casa está toda limpinha. Pánico!

Bárbara: O que é? Quantas vezes eu vou ter que falar que odeio vidita inesperada? Manda uma mensagem antes de vim. - Revirou os olhos.

Anjinho: Se eu mandasse, tu não ia me deixar vim e as portas estariam trancadas. - Se jogou no sofá e largou as pernas em cima de mim.

Bárbara: Não abusa da minha vontade! - Empurrei as pernas dele pro chão, cara abusado.

Anjinho: Tô com fome pô, minha gata saiu pra fazer os corres dela e eu to na maior preguiça de fazer o que comer... Faz lá pra mim, aquele rango responsa.

Dei risada, mas aquela risada alta mesmo. Não é nem possível uma coisa dessas, que macho ridículo e sem noção. Será que todos os homens nesse lugar são assim?

Bárbara: Cara, para de forçar simpatia, eu sei bem que tu não gosta de mim. Consigo ver isso nos seus olhos. - Me levantei - Eu também não gosto nada de tu, só aturo pela minha irmã. Portanto, nós dois não precisamos forçar uma amizade.

Anjinho: Ih alá, se desfazendo da minha amizade doutora? - Debochou - Não gosto mermo, te acho folgada pra caralho em um lugar que tu nem conhece, quer peitar geral mas é fraca. - Cuspiu essas palavras na minha cara.

Bárbara: tUma mulher com personalidade assusta vocês? É, pelo visto estão acostumado com as mulheres sendo totalmente submissas à vocês. Não esperam isso de mim.

Anjinho: Logo tu aprende como funciona pô. Meu irmão vai te der uma amansada. E tu tá tendo sorte, a última não teve essa chance toda. - Deu uma risada maldosa.

Não ia mais dar palco pra palhaço subir em cima, e pelo amor de Deus, não sabia que homem conseguia falar tanta bosta assim. Entrei na cozinha e coloquei água ora ferver, tirei as peles do cantinho do meu dedo pra me distrair e não me deixar pegar o cigarro.

Anjinho: Doutora, teu celular tá tocando... - Gritou lá da sala e fui correndo até lá. - Trocando idéia com polícia? - Me entregou o celular e eu fiquei parada no meu lugar, estática.

Eu não sabia o que dizer... Porra, não era pra ninguém descobrir, ia ser um caso casual e nada que ninguém tivesse que descobrir. Mas se o Coringa descobre uma coisa dessas, eu tô na merda, mais do que já estou.

Anjinho: Vou deixar essa passar pra tu, não tô afim de ver tua cara destruída. - Fez uma careta cheia de ironia - Fica esperta aí doutora, aqui é cobra comendo cobra! - Apertou meu rosto e saiu depois.

Soltei o ar que eu nem sabia que estava segurando, puta merda. Será mesmo que ele vai aliviar essa pra mim? Sendo sincera, eu acho que sim. Não vou para de conversar com o Alex, não devo nada à ninguém nesse lugar e não ia parar minha vida. Porém precisava ter mais cautela pra ninguém descobrir ou desconfiar de algo.

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