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Bárbara Passos
Juro que as vezes que sinto vontade de enfiar o meu código de ética no rabo pra poder pegar uma arma e meter tiro no filho da puta do Anjinho. De anjinho ele não tem nada, tá mais pra capetinha né.
Eu odeio ver a Tainá sofrendo tanto e não é nem por ter que ouvir seu choro insuportável e por ter que aguentar seus dramas durante dias. E sim, porque eu tenho um instinto muito grande de proteção para com ela, não suporto saber que outras pessoas podem estar machucando com uma mulher tão incrível como ela. Não entra na minha cabeça que alguém possa fazer isso, porque pra mim a Tainá é a mulher mais foda desse mundo.
Cobri com uma manta a Maria Luíza que estava dormindo igual uma princesinha no tapete de felpudo. Tentei levar ela pra dormir no quarto, mas acabei não conseguindo e eu resolvi dormir aqui no tapete com ela.
Afastei seu cabelinho do rosto com cuidado e beijei sua testa com carinho. Coisa mais linda!
Me levantei e fui pra cozinha pegar uma garrafinha de água, não consigo dormir se não tiver uma garrafa do meu lado. Até porque eu sinto muita cede e não tenho coragem de buscar água de madrugada, morro de medo.
Bárbara: Puta que pariu, que susto! - Botei a mão no peito quando vi o Coringa abaixado na frente da filha. - Você não sabe bater na porta ou algo do tipo?
Victor: Bater na porta da minha casa? - Se levantou e passeou meu corpo com os olhos. - Pô doutora, tu podia colocar um pijama mais comportado. - Desviou os olhos dos meus peitos e olhou pro meu rosto.
Bárbara: E tu deveria cuidar da sua vida, que tal? Na verdade tu podia ficar em completo silêncio pro resto da sua vida, séria ótimo. - Debochei e me sentei no sofá.
Victor: Tá abusada hein? Vou acabar com essa tua marra rapidinho. - Começou com suas ameaças.
Só ignorei ele, mas fiquei extremamente puta quando vi ele mexendo na Maria Luíza pra fazê-la acordar. Aí que raiva!
Bárbara: Deixa a menina domir cara. - Falei incomodada.
Victor: Tenho que levar minha filha pra casa, e não vou levar a bonitona no colo com o meu ombro todo fodido. - Apontou para o ombro enfaixado.
Não sei porque eu fui olhar, porra, porque esse filho da puta tem que ser tão gostoso? Ele estava sem camiseta, já que a mesma estava pendurada entre seus ombros. Suas correntes grossas de ouro largadas pelo pescoço ne fizeram ter lembranças de um certo dia aí... Com toda certeza se esse homem não fosse escroto, eu me apaixonaria com muita facilidade.
Que isso, Bárbara?
Bárbara: Deixa ela dormir aqui comigo, é perigoso acordar ela e sair com a menina no vento. Tu já é pai à anos e não sabe disso? - Olhei pra Malu.
Victor: Tem certeza? Tu só vai levar socão no meio da noite! - Perguntou receoso.
Assenti, eu vivo dormindo com a Tainá que falta se enfiar dentro de mim, um soco não é nada perto disso.
Bárbara: Tenho, agora pode ir embora, tchau! - Expulsei mesmo, não queria ficar na presença dele, me incomoda.
Cruzei minhas pernas em cima do sofá e passei um creme antisséptico nas solas machucadas do meu pé. Já passei horas em cima de um salto 16cm e nunca machucou tanto os pés quando alguns minutos correndo descalça por aí.
Victor: Teu pé é horrível. Tu é toda linda, da cabeça até a canela, porque o pé... Caisa mais horrorosa, puta que pariu. - Riu e sentou no meu lado.
Tal pai, tal filha.
Bárbara: Tu ainda está aqui? Não te mandei embora meu querido? - Bufei.
Ele não disse nada, só puxou a minha mão machucada e eu mordi o lábio com um pouquinho de dor. Quando eu achei que ele fosse me machucar, ele só cobriu minha mão com a sua e ficou à massageando com cuidado. Doía um pouco ainda, mais isso estava ótimo.
Victor: Dói muito ainda? - Começou a movimentá-la com ajuda da sua mão.
Bárbara: Um pouco, treme mais do que doí. E atrapalha muito no meu dia a dia, mas tu fez um ótimo trabalho, parabéns. Da próxima vez, vê se acerta a mão direita, que é a que eu mais uso.
Victor: Foi mal por isso doutora, sacanagem minha! - Disse bem baixinho, quase que eu não consigo escutar. - Tu é gente boa e eu fui um cuzão contigo, sem motivo. Mas é aquilo, eu sou assim, não dá pra mudar.
Pera aí, ele está mesmo se desculpando ou eu estou ficando louca e ouvindo absurdos?
Bárbara: Tem como você repetir? - Queria me certificar que ele realmente havia dito isso.
Victor: Tá surda é porra? Pega a visão doutora, essa é a primeira e última vez que tu escutou isso da minha boca. - Largou minha mão sem delicadeza alguma. - Amanhã cedo eu tô aqui pra buscar minha cria, fé pra tu!
Ele saiu puto da vida e bateu a porta com força, o que fez o barulho alto. Esse povo não sabe fechar uma porta de forma comum e igual em ser humano normal? Se essa criança acorda, sou capaz de cometer um crime contra o pai dela.
Neguei com a cabeça, me levantei e deitei do lado da Malu com cuidado para não acorda-lá. Me enfiei debaixo da manta e ela acordou brevemente, olhou pra mim com os olhinhos quase fechados e me abraçou. Sorri e ajeitei ela que já havia voltado a dormir nos meus braços.
Enquanto o sono não vinha, eu fiquei olhando pra ela com carinho. Toda vez que eu olhava pra ela, eu conseguia ver seu pai, os dois eram bem parecidos, mas características físicas e até um pouco na personalidade. Eu até podia desculpar o Coringa um dia, mas nunca vou esquecer tudo o que ele me fez sem motivo nenhum. Só por coisas que ele criou na cabeça dele, ou por talvez me achar uma ameaça, coisa que eu nunca fui.
Ou tudo isso pode ser um jogo dele, não consigo confiar nele de forma alguma. Pode estar querendo sexo pela forma que me olhou... Não sei, mas não consigo nem me visualizar tendo relações sexuais com alguém, sinto até meu coração bater mais forte ao imaginar alguém me tocando dessa forma, não dá.
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Coração Bandido
FanfictionPlágio é Crime! Eu posso fazer tudo, ser melhor do que na última vez e fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez... "Mente criminosa, coração bandido. Não posso fugir desse meu instinto".