Bárbara Passos
Tranquilidade! Uma coisa que estou tendo à alguns dias e que eu não tinha a tempo. Minha mão aos poucos está se recuperando, só tenho um pouco de dificuldade para movimentá-la. Voltei a trabalhar normalmente, consegui abrir um escritório foda aqui no Rio e por incrível que pareça, o Coringa decidiu não me pertubar mais. Tudo na mais perfeita ordem, finalmente.
Outra coisa boa, é que eu finalmente tô conseguindo largar o cigarro. Não é fácil e eu tenho que ficar comendo umas gomas mastigáveis o tempo todo pra reduzir meu hábito de fumar.
Tirei meu salto alto e chutei ele pra longe, gastei um dinheiro alto nessa porcaria pra ele machucar todo o meu pé. Aonde já se viu? Mal consegui ficar em pé na audiência. Tava quase tirando ele e tacando na cara do júri.
Liguei a televisão pra tirar esse silêncio medonho de casa e deixei em um canal qualquer, só pra eu não me sentir tão sozinha. Botei a mão no peito quando o som assustador do Plantão foi anunciado. Sempre quando isso rolava, alguma tragédia das grandes havia acontecido.
E não é que aconteceu mesmo? A jornalista principal do plantão estava anunciando pro Brasil inteiro que houve uma rebelião no complexo penitenciário de Gericinó, aqui no Rio de Janeiro. Mais vinte carcereiros morreram e outros trinta e cinco presos condenados. E o pior, no meio dessa rebelião, alguns presos conseguiram fugir.
Um deles havia sido o recém-condenado, Weverton Alves, mais conhecido como W7. E pelos rescunhos escritos em um "diário" ele havia sido o principal organizador da rebelião, juntamente da fuga.
Puta merda!!
Quanto tempo pra esse cara vim atrás de mim novamente? Suas ameaças ainda estão bem frescas na minha memória.
Me sentei no sofá com a mão no peito, ainda não tinha absorvido todas essas informações. Levei outro susto quando a porta foi aberta com tudo e por ela passou o causador de quase todas as minhas desgraças. Acho que eu comemorei minha tranquilidade cedo demais, o porra.
Victor: Levanta doutora! - Pediu, com a expressão séria e a voz em um tom alto.
Arqueeu as sobrancelhas, o cara pensa que é o que? Daqui eu só levanto se for obrigada. Levei minhas unhas até a boca e voltei a encarar a televisão.
Victor: Tô falando com você, Passos. Levanta logo dessa porra, preciso falar contigo. - Disse no mesmo tom, e por um movimento vi ele respirando fundo em busca de paciência.
Continuei sem falar nada, só encarei ele e cruzei as minhas pernas, anunciando que não ia me levantar daqui por nada. Ele por sua vez, agarrou meu braço e me obrigou a levantar.
Mas pelo menos eu não levantei por vontade própria. Com ele as coisas vão funcionar assim, ele vai ter que me obrigar a fazer tudo, porque se depender de mim, vai explodir de tanto ódio. É issos que eu quero mesmo, que ele exploda e vá voando direto pro inferno, que é o lugar dele.
Victor: Ficou sabendo que o pai do Luiz de Souza foi morto na cadeia? - Apertou meu braço com uma força descomunal.
Bárbara: Espera... - Arregalei os olhos - Então o neto e filho do Luiz, assumiu o lugar do avó? - Ele assentiu, como se fosse óbvio. - Puta que pariu, aquele cara vivia dizendo que ia me matar quando conseguisse o poder do avô, ele acredita cegamente que o pai dele era um santo, um homem bom.
Victor: Não vai acontecer nada contigo, já te disse que aqui ninguém encosta em você, abraça o papo. Mas tu precisa colaborar, me conta algum bagulho que eu deva saber, agiliza - Me chacoalhou e eu até bati os dentes um no outro.
Bárbara: Bom, eu sei que eles escondem os armamentos mais pesados lá na Baixada Santista. É armamento bom mesmo, acho que nem vocês tem aquilo. - Eu me arrepiava só de lembrar.
Victor: Bom saber, mas eu não quero saber de armamento doutora, isso não ajuda em nada porra, deixa de ser otária. - Revirei os olhos.
Bárbara: Então eu não sei como lhe ajudar. - Tentei me soltar, mas esse homem tinha uma força fora do normal.
Victor: Não testa a minha paciência! - Fechou os olhos e respirou bem fundo. - A porra da tua irmã vive falando pro Anjinho de uns bagulhos que aconteceram com vocês duas no passado, e do jeito que ela conta, parece que foi grave.
Bárbara: Ué homem, então vai perguntar pra ela, porque se aconteceu algo comigo ou com ela além do tiro, eu não tô sabendo de nada. - Dessa vez eu falei a verdade.
Victor: Caralho, aí depois que eu faço as merdas contigo, eu sou ruim. Vontade de estourar tua cara todinha no soco. - Soltou meu braço e levantou a mão pra mim.
Ah, não. Cheguei mais perto dele no ódio e encostei meu peito no peitoral dele, sentia sua arma na minha barriga, mas tava pouco me fudendo. Já abaixei a cabeça pra um macho agressor, mas isso mudou e eu não vou mais abaixar a cabeça pra ninguém não.
Bárbara: Estoura então, filha da puta! - Falei com o rosto bem perto do dele. - Bate! Desconta tus raiva em mim, mostra que tu é homem e precisa provar isso me batendo. Vai, faz, seu covarde de merda.
Sua expressão mudou drascamente, mas manteve seu olhar preso no meu. Sabia muito bem que ele estava fazendo isso pra eu abaixar a cabeça pra ele. Mas aqui não, pra me fazer abaixar a cabeça, só a força.
Victor: Não vou encostar a mão em você doutora, mesmo tu pedindo muito pra isso. - Sua mão que estava levantada, encostou na minha cabeça. - Eu gosto de usar isso aqui contra você... - Bateu com o indicador na minha cabeça. - Teu psicológico.
Sorri pra ele e o imbecil fez o mesmo. Ele estava se controlando, sentia isso em seus músculos totalmente retraídos e sua respiração ofegante no meu rosto. Depois de mais um tempo me olhando, ele piscou pra mim e saiu com a postura rígida, batendo a porta e tudo, ridículo.
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Coração Bandido
Fiksi PenggemarPlágio é Crime! Eu posso fazer tudo, ser melhor do que na última vez e fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez... "Mente criminosa, coração bandido. Não posso fugir desse meu instinto".