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Victor Augusto

Fiz nada pensando na doutora não, só mandei minha cria pra lá porque a filha da puta da Evelyn saiu a noite toda pra dar a buceta e agora tá de ressaca. E logo hoje, a minha coroa tá voltando de São Paulo e eu não quero a Maria Luiza perto dela.

Só uni o útil com o agradável. Sei lá que porra aconteceu com a Passos, só fiquei sabendo por cima que ela desmaiou no meio da rua e surtou com geral que tava tentando ajudar ela. Nem me liguei muito nisso, não porque nada pra ninguém e nem fiz questão de saber. Já tenho problema demais pra minha cabeça.

A porta foi aberta e a minha coroa passou pela porta toda séria, com dificuldade pra arrastar as malas pra dentro. Continuei no mesmo lugar, só cruzei os braços e fiquei observando seu esforço.

Victor: Como tá o velho? - Perguntei sem muita idéia. Não consigo engolir o fato dela ir pra São Paulo todo mês, se enfiar no meio da Cracolândia só pra ajudar o bosta do meu pai.

Angélica: Na mesma filho. Tá mais magro, se afundou de vez no crack, acabou se envolvendo em umas brigas por drogas e eu tive que pagar toda a dívida dele, quase dez mil reais. - Suspirou com tristeza. - Você deveria ir ver ele.

Victor: Eu? Por mim que morra pô. Sou trouxa igual você não mãe, o mínimo que tu tinha que ter é vergonha na cara. - Ri sem ânimo.

Eu amo a minha mão pô, mas ela não tem meu respeito, tenho nojo de mulheres igual ela, sem vergonha nenhuma na cara. Ela vivia tomando porrada todos os dias trabalhando igual uma filha da puta pra conseguir uns trocados e no final? Ele roubava tudo. E quando ele ia embora, ela ia atrás igual uma cadela, pedindo pra ele não deixar ela.

É dessa mulher que eu não quero minha filha perto, não quero a Maria Luíza tenha isso como exemplo. De uma mulher fraca, que não ama nem ela mesma e é desesperada por macho. Posso tá errado, mas foda-se, a filha é minha e eu faço o que quiser. Eu sei o que é melhor pra ela.

Nunca vou perdoar ela por ter me deixado ouvir tudo aquilo e por ter escolhido aquela vida. Ela teve opção, mas escolheu ser otária, não teve respeito por ela e nem por mim.

Angélica: As coisas não são assim, Victor. Eu não sinto rancor de seu pai, olha a situação que ele está filho, a qualquer momento ele pode morrer de overdose ou por algum traficante. Você não consegue ter empatia? É teu pai porra.

Victor: Não, eu não tenho isso aê. E você também não deveria ter, pelo amor de Deus mãe, o cara te espancava, você ainda tem pena daquilo? Porra, não dá pra entender mulheres iguais a você.

Angélica: Me respeita Victor, eu ainda sou a tua mãe independente de qualquer coisa. - Veio querer apontar o dedo pra mim.

Victor: Tu perdeu o meu respeito quando deu na minha cara na frente de geral, lembra? Me humilhou, coisa que tu nunca fez com meu pai. Tu nunca nem levantou a mão pra ele e ele te arregaçava até na rua.

Angélica: É sério isso? Você estava traficando na porta de uma escola porra, com quinze anos de idade e pra que? Tu nunca teve necessidade Victor, eu trabalhava pra te dar as coisas. Nenhuma mãe nesse mundo ia gostar de ver o filho fazendo aquilo.

Victor: Me dava o que, Angélica? O teu dinheiro só servia pra sustentar o vício do cuzão lá. Se eu não corresse atrás do meu, tava fodido. E olha onde eu tô agora, no topo caralho.

Angélica: Você critica tanto as mulheres que abaixam a cabeça pra homem, mas a primeira que se impõe contra você, tu já corta as asinhas! Eu lembro muito bem de tua ex, e fiquei sabendo da advogada que tu quase deixou sem mão.

Victor: Existe uma diferença entre se impor e me respeitar. - Pisquei pra ela e saí de casa.

Fui em direção pra casa da doutora pra buscar minha cria, na verdade minha casa. Cheguei lá minutos depois, abaixei o pézinho da minha Tiger e passei pelo quintal. Abri a porta devagar e parei ao ver a Malu fazendo as unhas da Passos.

As duas tava na mó animação, conversando sobre vários assuntos e rindo. A doutora tentou mexer a mão esquerda, mas ainda tava machucada e tremia muito. Por um momento me senti um bosta por ter feito isso, mas passou rápido, eu sou assim e não dá pra mudar. Nasci assim e vou morrer assim, é quem eu sou!

***

Etha... Barraquinho >>

Coração BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora