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Bárbara Passos
Coringa estava andando de um lado pro outro extremamente alterado, enquanto gritava com alguém pelo radinho. Seu ombro estava jorrando sangue, mas aparentemente ele nem estava sentindo a dor de tão nervoso. Estava gritando com raiva e frieza, o que era bem típico dele.
Victor: Quem deixou passar vai ser cobrado, já deixa bem avisado! - Gritou e colocou o rádio na cintura. - É doutora, as manifestações não adiantaram de porra nenhuma. Governador deu o aval pra eles fazer operação de novo, segunda vez só essa semana. - Passou a mão na cabeça, nervoso.
Bárbara: Óbvio que não ia adiantar de merda nenhuma, é óbvio! - Gritei com raiva também, o grito de milhares de pessoas não resolveram porra nenhuma.
Isso que o STF anunciou pra imprensa e o caralho a quatro que proibiu operação policiais, eles só podiam agir em situações extremas. Mas parece que essa liminar não deu em caralho nenhum.
Victor: Limpa esse braço e não sai daqui! - Disse pegando um fuzil e colocando nas costas. - Eu tô falando muito sério dessa vez Passos. Teu amigo tá por aqui, cuidado! Não vou ter pena nenhuma da próxima vez que tu fizer merda. - Apontou o dedo na minha cara antes de sair.
Revirei os olhos e mostrei o dedo do meio quando ele bateu a porta com força. Cara ridículo e sem noção, vontade de enfiar o dedo naquele ferimento dele e não tirar mais.
Rasguei um pedaço da minha blusa social favorita com uma dor no coração. Enrolei ela no meu braço que estava sangrando horrores, nunca imaginei que um tiro de raspão pudesse fazer um estrago. Sou tão azarado que até um tiro que era pra atingir outra pessoa, pega em mim também.
Quando terminei, me sentei em qualquer cantinho ali e tapei meus ouvidos por conta do som alto dos tiros. Que inferno! E eu sinto pena dos moradores que provavelmente estão nas ruas uma hora dessas. Seis da tarde, horário que muitas pessoas estão voltando do serviço... Eles invadem sem mais nem menos, sem tempo de toque de recolher. Porque não fazem essas operações na madrugada? Nuca vou entender.
Sei lá quanto tempo passou, mas os tiros cessaram um pouco só se escutava alguns, mas bem distante daqui. Me levantei quando a maçaneta da porta começou a ser girada, fiquei na esperança de ser o Coringa, porém quem passou por ela foi o Alex, apontando aquele fuzil enorme pra mim.
Alex: Doutora? - Abaixou a arma. - Porra, segunda vez que eu te vejo nesse lugar. O que uma mulher como você faz aqui? E em uma casinha de tortura?
Bárbara: Como assim uma mulher como eu faz nesse lugar? - Cruzei os braços.
Alex: Ah Bárbara, vamos ser sinceros né pô. Olha pra tu, uma mulher com boas condições, bem resolvida e com um emprego foda! - Se aproximou e eu dei uma afastada. - Aqui não é lugar pra tu tá se misturando!
Bárbara: Não sou melhor que ninguém por isso Alex, que pensamento ridículo! - Revirei os olhos.
Alex: É sim, doutora. - Olhou para os lados. - Tu tem uma grana foda pra comprar uma casa no melhor lugar do Rio de Janeiro ou do mundo e prefere ficar aqui, intocada atrás de um traficante sem futuro nenhum. - Negou com a cabeça, se sentindo no direito de ficar decepcionado.
Como ele sabe dessa merda? Não duvido nada dele ter feito amizade com o Weverton na cadeia, isso até é bem provável pra mim.
Alex: Vem embora comigo, posso não ter o melhor salário, mas não sou um bosta igual o Coringa. E comigo tu vai tá do melhor lado, aproveita a oportunidade que a vida tá te dando doutora...
A porta é aberta novamente e dessa vez quem passou por ela foi o Coringa, apontando o fuzil pro tenente. O Alex fez o mesmo e os dois ficaram se encarando, apontando a arma um pro outro. Exalando uma masculinidade fodida.
Victor: Tenente Alex! - Deu um sorriso cheio de ironia. Primeira vez que vejo ele sorrindo, desde o dia que transamos. Sorriso bonito até.
Alex: Ele não é nada do que tu pensa Bárbara, o cara é um bosta! - Disse sem tirar os olhos dele.
Mas eu não penso nada do Coringa, e o que eu penso, não são as melhores coisas.
Victor: Tu que sabe doutora, te dou a liberdade de escolher o lado que tu quer ficar. - Continuou sorrindo. - Pensa bem, tu sabe o que é melhor!
Me senti em uma competição de dois machos tantando controlar o que é melhor pra mim. Mas os dois estavam praticamente me dando um ultimato e com duas armas apontada um pro outro.
E eu sei o que é melhor pra mim! Posso estar arriscando tudo e escolhendo a pior opção, mas vou estar escolhendo o lado que eu acredito ser o certo, espero não me arrepender no futuro por essa escolha arriscada!
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Coração Bandido
FanfictionPlágio é Crime! Eu posso fazer tudo, ser melhor do que na última vez e fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez... "Mente criminosa, coração bandido. Não posso fugir desse meu instinto".