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Bárbara Passos

Peguei um pedaço de papel higiênico e fiz careta quando a Tainá soltou com força o ar pelo nariz, era disso que eu tinha medo; A fase de nagação e sofrimento dela, um saco. E obviamente sobra tudo pra mim.

Tainá: Tu deveria ficar o dia inteiro comigo, por sua culpa eu terminei meu relacionamento. - Jogou o papel sujo no lixo.

Bárbara: Ih, ridícula. - Entreguei a panela de brigadeiro quente pra ela - Meus clientes não vão se defender sozinhos, preciso ir atrás do meu.

Tainá: Então vá, alma sebosa. - Meteu a colher no brigadeiro e comeu. - Mas tranque essa porta porque se o Lucas Felipe mandar mensagem, vou acabar fazendo merda.

Bárbara: Assim que eu terminar tudo, vou voltar e ficar vendo filme triste contigo. - Beijei a testa dela e calcei meu Louboutin.

Tainá: Você vai é dormir, quem não te conhece que te compre Bárbara. Tu não consegue ver vinte minuto de filme e dorme. Oh céus, porque me mandou uma irmã dessas? - Olhou pro alto.

Bárbara: Você me ama. - Dei risada e saí do quarto quando ela me tacou papel higiênico sujo. Tranquei a porta por fora e coloquei a chave na bolsa.

Desci as escadas devagar e me sentei no sofá, abri um band aid e coloquei no meu calcanhar pra não machucar. A porta foi aberta e como de costume era o Coringa junto com a filha.

Victor: Espara aí filha! - Pediu, enquanto subia as escadas com uma mochila. - Bom dia doutora, vou precisar ficar aqui por um tempo, mas relaxa que tu mal vai me ver... Não curto muito a tua cara.

Desgraça viu! Porque eu não posso ter um pouco de paz e tranquilidade? Nem é pedir muito.

Bárbara: É recíproco! - Sorri com ironia e ele terminou de subir o restante das escadas. - Ih, seu pai tá de mal humor?

Malu: E quando ele não tá? - Deu risada - Olha o que eu fiz no meu cabelo, gostou? - Afagou seus cachos bem definidos. - Não vou mais prender meu cabelo, ele é lindo mesmo. - Sorriu toda feliz.

Isso deixou meu coração quetinho, saber que ela estava feliz com o próprio cabelo me deixa mais do que satisfeita.

Bárbara: Tá lindo e você tá certa, lembra sempre do que eu te falei tá? Tenha orgulho de ser quem você é! - Beijei a bochecha dela, que me abraçou.

Malu: Vamos logo pai... - Gritou, ajeitando a mochila nas costas.

Victor: Calma porra, tu não nasceu de sete meses não pirralha. - Desceu as escadas correndo, já com outra roupa.

Malu: Odeio chegar atrasada, sempre tem algum insurpotável pra roubar meu lugar. - Fez careta. - E meu pai sempre me leva faltando cino minutos pro portão fechar, não sei pra que enrolar tanto.

Bárbara: Eu te levo hoje, vem... - Puxei o braço dela pra fora de casa, mas parei quando o Coringa agarrou e meu também.

Victor: Coé, doutora, tá tilt? Tá com muita intimidade, tô gostando disso não. Sabia que não ia dar bom deixar ela muito tempo contigo, tu é pirada demais. - Apertou meu braço.

Bárbara: Vem comigo e aprende a resolver as coisas da maneira correta! - Puxei meu braço e olheu feio pra ele que ficou ali na dúvida.

Apertei a chave da minha Porsche e destravei. Entrei dentro do carro e a primeira coisa que fiz, foi ligar o som e abrir o teto solar.

Victor: Tu que vai dirigir? - Abriu a porta do passageiro e me olhou com a expressão de pavor.

Bárbara: Não, você que vai. - Ironizei e girei a chave na ignição, fazendo e carro ligar. - O carro é meu, se tu quer dirigi, vai ter que dirigir o teu!

Conferi pelo retrovisor se a Malu já estava de cinto e esperei o sem noção entrar no carro também. Dei risada disfarçadamente e pisei fundo no acelerador, depois pisei no freio, fazendo ele ir pra frente com tudo.

Victor: Dirige essa caralho direito ou eu tiro a força porra! - Faltou gritar.

Fingi que ele nem tava falando comigo e depois que eu peguei a via, pisei fundo no acelerador para l desesperado do Coringa. Por mim ele que vá para no parabrisa.

Bárbara: Abaixa esse boné aí, não quero ser vista do teu lado não. - Falei e estacionei na porta do colégio da Malu.

Maria Luíza se despediu de nós dois e entrou pro colégio, acompanhada de outras duas meninas. A diretora felizmente estava no portão, fazendo a recepção das crianças. Acenei pra ela brevemente e ela fez uma expressão estranha ao me ver, bem provável que ela já me conheça.

- Doutora Passos, o que faz por aqui? - Disse um pouco apreensiva. - A menininha que acabou de sair do carro, é parente sua?

A filha da puta já sabe do que eu quero falar, com certeza a Maria Luíza já havia falado com ela sobre tudo que sofre dos alunos. E pelo seu medo, ela não fez absolutamente nada para mudar aquilo.

Bárbara: Sou a mãe dela, tudo bom diretora? - Estendi a minha mão pra ela, que apertou. - Bom vim aqui tratar de um assunto importante e creio que a senhora já saiba do que se trata.

- Nós já resolvemos senhorita. - Mentiu na cara de pau. Sério que essa mulher vai querer mentir logo pra mim. Que patética.

Bárbara: Não resolveu porque a minha filha continua fazendo reclamações. - Peguei aluns papéis e entreguei pra ela. - O histórico do seu colégio não é um dos melhores né? Vários inquéritos por injustiça racial aparentemnete nada resolveu. É porque os pais racistas das crianças responsáveis lhe deram uma boa grana pra acobertar?

Ela tentou falar, mas nada saiu da sua boca. E qaundo saiu algo, foi tão insignificante que eu nem liguei.

Bárbara: Eu vou abrir outro boletim de ocorrência contra o seu colégio e contra os pais responsáveis por injúria racial. E você sabe qual é a pena descrita no artigo 140 do código penal? - Perguntei e ela assentiu. - Isso mesmo, detenção e multa. Eu espero vê-la no tribunal em breve e a senhora sbae quantos casos eu já perdi? Um, e foi porque o meu cliente acabou sendo morto na cadeia. - Dei um sorriso.

- Acho que não tem necessidade de levarmos isso para outro rumo, que tal uma conversa com todos os reponsáveis? - Sentia o medo dela.

Bárbara: Nossa conversa é no tribunal, na frente de um juíz! Acho melhor já acionar seus advogados minha senhora. - Levantei o vidro do carro - Passar bem.

Arranquei com o carro sem lhe dar um direito de resposta, com racista não tem outro tipo de conversa que não seja justiça. E dessa vez tudo vai ser resolvido, comigo não tem caso perdido, não sou a melhor advogada do país atoa.

Victor: Caralho, tu é muito braba. - Levantou o boné e me encarou surpreso. - Nunca conheci uma mulher tão foda, cheia de si.

Bárbara: Eu já sei disso tudo, agora pode sair do meu carro, eu tô indo trabalhar. - Destravei a porta no meio da avenida.

Victor: Porra, não tem como ficar na boa contigo, mulher do caralho. - Abriu a porta e eu buzinei pra ele sair sa frente do carro logo.

O desgraçado deu um tapa forte no capô novinho do meu carro e saiu sorrindo. Que ódio dessa homem, a minha vontade é de passar com esse carro por cima dele, até ele pedir pra parar.

***

Coração BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora