01| Toshikazu Kawaguchi.

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"⁠No final das contas, não importa se alguém retorna ao passado ou viaja para o futuro: o presente não muda

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"⁠No final das contas, não importa se alguém retorna ao passado ou viaja para o futuro: o presente não muda."

Prazos, palavras e mais prazos.

Cécile não aguentava mais passar todas as noites acordada, tentando entregar logo aquele maldito livro para seu editor. Ela não poderia enrolar mais, deixou tudo para a última hora e ganhou apenas mais duas semanas, só que as horas iam passando e desse tempo todo, só restavam 72h. Todos os dias, sua única rotina era terminar de escrever. Comia o que sua governanta deixava pronto, tomava banho quando já se sentia totalmente exausta e prestes a dormir.

Dormir. Ela não sabia qual foi a última vez que dormiu mais de quatro horas, nem quando fazia faculdade estava sob tanta pressão assim. Ao menos, estava quase perto do fim, faltavam apenas algumas páginas do penúltimo conto e finalmente conseguiria reescrever o último. A russa tinha velas espalhadas pela mesa, John Mayer tocando em seus ouvidos e uma festa infernal incomodando a sua concentração.

Ela queria tanto terminar aquele capítulo logo, assim poderia dormir um pouco mais, só que aquela música horrível estava entrando com tudo em sua casa. Matilda, a governanta, disse que pediu ao porteiro para baixarem a música antes de ir embora, pelo visto apenas iludiram a senhorinha.

Morando em Mônaco há três meses, Cece nunca ouviu nenhum ruído saindo do apartamento de seu vizinho, por isso nas primeiras horas tentou não se importar, afinal, ela também cantava Kanye West bem alto as vezes e com certeza seria ouvida por alguém. Cécile afundou as mãos no rosto e resmungou, se não tivesse que entregar a merda do livro nem estaria preocupada com o barulho, talvez até quisesse se juntar a festa, mas seu editor acabara de enviar um e-mail relembrando que o prazo precisava ser cumprido desta vez.

Dado isso, a russa levantou-se da cadeira, deixou seus fones na mesa e começou a caminhar pela casa. Estava quase toda escura, com exceção de algumas luzes amarelas bem fracas, Matilda sabia que Cécile ficaria até tarde dentro do escritório, então já deixava as coisas bem apagadas, assim, ela só precisaria ir para o quarto, tomar um banho e dormir.

Vizinhos praticamente de porta, Cece apenas abriu a sua e deu dois passos para bater na do vizinho, a música estava alta demais, três batidas não iriam ser suficientes para aquilo. Morrendo de vergonha, a escritora esmurrou a madeira após ser ignorada, ouvindo o som ser baixado de imediato, podendo até ouvir passos dentro da casa.

Moreno, alto e muito bonito.

Tanto que ela se sentiu minúscula sob o olhar dele, próxima o bastante para sentir seu cheiro, ela esperava álcool, que era exatamente o que estaria bebendo se não fosse pelo livro, mas ele não cheirava álcool, apenas a perfume doce. Cécile se esqueceu por um segundo o que estava fazendo ali, mas se sentiu uma boba por se perder tão facilmente.

— Posso ajudar? — o homem indagou com um sorriso no rosto.

— Claro, bom, me chamo Cécile. Sou escritora e estou finalizando o meu próximo livro, tenho só mais algumas horas para entregá-lo ao meu chefe, sua música está me atrapalhando um pouco — Cece explicou de cabeça baixa, extremamente envergonhada.

Clássico| Charles Leclerc.Onde histórias criam vida. Descubra agora