24| Cecelia Sabalenka.

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"Em algum momento, você precisa abrir seus olhos, encarar o horizonte e ter certeza de que realmente existe nesse mundo

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"Em algum momento, você precisa abrir seus olhos, encarar o horizonte e ter certeza de que realmente existe nesse mundo. Não é simples, muito menos rápido, é doloroso e cansativo essa coisa de viver, mas quando se pega o jeito, é maravilhoso."

— Não me importo de repetir, por ti, faria isso um milhão de infinitas vezes, então por favor, me deixe te conhecer. Cada parte, eu prometo não ir embora porque isso é impossível, amore mio. Só me dê um espaço maior no seu coração.

Cecelia começou a fumar com quatorze anos, vivia na França durante esse período, todos os outros adolescentes do colégio faziam isso durante os intervalos, pausas e depois das aulas. Durante muito tempo, ela sempre carregava carteiras de cigarro consigo, era algo indispensável em suas bolsas, cigarros, livros e chicletes. Quando ela voltou pra casa dos pais meses depois do intercâmbio, eles não falaram nada sobre o vício da filha.

A primeira vez que descoloriu o cabelo foi aos treze anos, um rapaz por quem era apaixonada disse que ficaria linda de cabelos curtos quase brancos. Sem entender muito bem o motivo, Cecelia implorou para sua mãe e Anna a levou para platinar os fios, desde então, a escritora nunca mais voltou ao tom natural, um loiro escuro característico das mulheres Sabalenka. Contudo, ela se sentia bonita assim, às vezes com o cabelo totalmente branco, outras com ele com uma aparência mais verão. O importante era se olhar no espelho e sentir que ainda era a mesma garota.

Seu primeiro beijo foi com Crista Vasilieva, garota que anos depois se tornaria uma célebre lutadora russa. Elas se conheceram em um evento de música, Aleksandr iria se apresentar e Cecelia foi assistir o pai, mas acabou beijando a garota em um depósito mal iluminado, durou cerca de cinco minutos. Porém, para ambas foi algo tão que pareceram horas passadas. Depois de anos, elas ainda se lembram disso.

Cecelia tem medo de ficar sozinha em lugares escuros, quando mais nova adorava zoológicos, pois, conseguia ver girafas e elefantes, animais que não encontrava em qualquer lugar. Ela jamais diria isso para alguém — que não fosse Charles—, mas ela gosta mais de seu pai que de sua mãe, o que é estranho e a garota não sabe se as pessoas também sentem isso. Alek era seu maior exemplo em todos os âmbitos de vida.

Ela conversa sozinha quase o tempo todo, recitando trechos de seus livros que ainda não foram escritos, sente que se fizer isso em voz alta, não vai esquecer de colocá-los no papel. Carrega sempre um pequeno caderno na bolsa e uma caneta, ela não gosta de escrever as coisas à lápis, sente que as palavras perdem o valor pois podem ser mudadas. A caneta não, afinal, se torna definitivo, importante.

O relógio pendurado na parede da sala mostrava que o sol iria nascer e eles ainda não haviam ido dormir. Cinco horas em ponto. As costas de Charles pareciam bem confortáveis no tapete saudita, exatamente como sua namorada, relaxados pelo vinho e entorpecidos por passarem todo esse tempo juntos. Fitando o teto e com ouvidos atentos na voz de Nina Simone que ecoava pelo ambiente, Lilac Wine estava tocando.

Clássico| Charles Leclerc.Onde histórias criam vida. Descubra agora