"Uma mulher adulta é como um coiote - ela consegue sobreviver com muito pouco. Os homens são mais parecidos com gatos domésticos. Deixe-os sozinhos por muito tempo e eles morrerão de tristeza."
Já era quinta-feira e o texto de domingo ainda não havia sido escrito.
Renald, o editor americano de Cécile, enviava um e-mail a cada hora cobrando o bendito texto e ela o ignorava de bom grado. Ela estava com o notebook aberto em seu colo, as páginas de textos iniciados e não finalizados, tentou escrever sobre o casamento de seus pais, mas não conseguiu, pensou que falar sobre amizades duradouras seria mais fácil e ela também acabou deixando de lado. Nada parecia ser bom o bastante.
— O que está assistindo? — Rhea perguntou.
Cécile arregalou os olhos, não acreditava que aquela imagem era real. Tanto tempo sem ver a amiga e justamente no momento em que mais precisava dela, ali estava, talvez devesse escrever um texto sobre a única amizade que jamais foi embora. Mesmo a países de distância, Rhea e Cece continuavam juntas.
A loirinha abriu os braços e esperou que ela chegasse em seu colo, exatamente como aconteceu. Rhea encheu o rosto da amiga de beijos, tantos meses longe uma da outra, Cécile finalmente sentiu que a solidão não era mais tão presente em seu corpo. Ela nunca se sentiu tão deprimida quanto naquele momento, mas era bom finalmente ter sua vida de volta.
— Quando te conheci, éramos fãs de livros — resmungou a morena ao perceber o que passava na televisão.
— Tentei reler The Handmaids Tale, mas até isso me lembra o Spike e no momento, pretendo continuar vivendo mais uns anos — sussurrou a russa.
— Nosso problema é acreditar que algum homem vale a pena, infelizmente essa não é a verdade. Ter um Oscar não faz dele um gênio, assim como abrir mão de você, não o torna inteligente. Ele é um homem, Cécile, é isso o que ele faz.
— Sempre soube que ele era um idiota, mas era o meu idiota, agora vai ser o idiota de outra garota e isso dói. Poderia ser eternamente o meu idiota e eu continuaria feliz.
Rhea puxou Cece de volta ao seu abraço, ela conhecia bem a dor de ter um coração partido, nada poderia ser melhor pra ele que o tempo. Principalmente por saber o quanto sua amiga o amava, nenhuma palavra seria capaz de curar aquele pobre coração ferido, mas um abraço poderia ajudar.
— Você precisa tomar um sol, Cece, nunca te vi tão pálida, nem mesmo na época em que vivemos em Moscou. Levanta, nós vamos andar pela orla.
Rhea saltou da cama, caminhando até o closet. Cécile não tinha a menor vontade de caminhar por Monte Carlo, pessoas ricas a deixam enjoada e ali definitivamente não era o melhor lugar para conseguir ficar bem. Todavia, sua melhor amiga veio de tão longe apenas para fazer companhia a ela, se não fosse fazer por si mesma, poderia tentar por Rhea.
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Clássico| Charles Leclerc.
Fanfiction"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...