"Quando o amor bate à porta, você tem duas opções: se esconder por ter medo de entregar o seu corpo, seu coração e sua alma ou você pode tentar usar a coragem que tem aí dentro, nem tudo precisa ser sinônimo de fraqueza. O amor principalmente."
Budapeste, Hungria.
Cecelia Sabalenka é bem diferente de Cécile Raud. Cecelia é a parte racional da artista, quem assinou os contratos, vendeu os livros, fechou os negócios e criou uma carreira. Cécile é a poeta, a escritora, a pessoa que os amigos gostam. Não são duas personalidades, apenas são dois nomes importantes. Ela não se importava se a chamassem de Cecelia, seus pais mesmo sempre a chamavam assim, mas às vezes estranhava um pouco, estava tão acostumada com o nome artístico que ficava confusa.
Durante as viagens, ela costumava dormir pouco e pensar muito, bom, era assim quase sempre, mas viajando isso piorava. Budapeste é uma cidade estranha, as pessoas não são muito receptivas, até mesmo uma russa pensava assim, mas é extremamente rica de cultura. Ele teve alguns encontros de leitura, no outro dia teria o último, dentro de uma universidade, iria ler alguns trechos de Clássico e teria uma roda de conversa com os presentes ali.
Era noite, ela não conseguia dormir como sempre, decidiu levar seu notebook para o restaurante do hotel que ficava aberto vinte e quatro horas. Estava começando a escrever um novo livro, um romance desta vez, não quis contar a ninguém para não gerar expectativa, quis levar as coisas devagar, o que nunca acontecia. Quando saiu do elevador e caminhou para o lugar, viu que não tinha ninguém no saguão além do concierge, ela acenou para ele com um sorriso e recebeu outro em troca.
Quando entrou no restaurante, apenas um garçom estava ali, a cozinha parecia a todo vapor, ela não sabia muito bem como um hotel cinco estrelas funcionava, mas acabou por imaginar que eles trabalhavam a noite para terem o café da manhã pronto bem na hora. Seria uma boa analogia para explicar o amor, ela anotou isso mentalmente. Em uma pequena televisão, o garçom estava assistindo algo da Fórmula 1, Cécile sorriu de canto, conseguir esquecer Charles estava se tornando cada vez mais complicado, mas ela iria chegar lá.
O garoto, não era tão novo assim, deveria ter a idade da escritora, se levantou com seus olhos vivos, não parecia cansado, caminhou até ela sorrindo. Sua mesa era pequena, bem ao lado da parede, perfeita para escrever, assistir a cozinha trabalhar e de vez em quando olhar a corrida junto do garçom.
— Posso te servir alguma coisa, senhora? — perguntou ele.
— Consegue me trazer um cappuccino italiano? Aquele com bastante canela e um pouquinho a mais de leite, sabe? — sorriu a loira.
— Vou pedir na cozinha, posso te trazer um croissant? Não estamos em Paris, mas o nosso cozinheiro faz um maravilhoso — Gabor, nome que ela leu no crachá, disse sorridente.
— Vou confiar em você.
Gabor sumiu para dentro da cozinha e Cécile abriu seu notebook, as palavras eram como um refúgio interessante para ela. O que tinha colocado pra fora até agora era um casal com dificuldade de comunicação, viviam sob o mesmo teto, compartilhavam os mesmos gostos, as mesmas ideias, mas nunca conseguiam conversar sobre o que mais tinham em comum: seus sentimentos. Talvez ela tenha pego a péssima mania de seu ex-marido, escrever sobre sua vida ao invés de vivê-la.
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Clássico| Charles Leclerc.
Fanfiction"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...