"Foi bem fácil me apaixonar por ela, um dia, estávamos dividindo um elevador, no outro, ela se tornou a maior dona do meu coração. É impossível não cair de amor por alguém como ela, Cecelia conseguiu entrar para ficar. Quando eu percebi ter sido laçado por completo, apenas me entreguei e essa foi a melhor decisão da minha vida."
No século passado, as mulheres sentiam medo da lobotomia, hoje elas têm pavor do casamento.
Parece uma matemática exata, se você não casou até os vinte cinco, com certeza te resta duas opções: surtar para conseguir um casamento urgente ou desapegar e esperar que o destino te arrume um bom futuro. Um dia desses, não faz muito tempo, John, o agente de Cecelia, sugeriu que ela tomasse um café com alguns fãs de seus livros. Não foi difícil ouvi-la dizer sim, ela gostava religiosamente de cafés, conversas e bajulação. Charles estava no Brasil para uma corrida que mais uma vez acabaria vencendo, conversar com aquelas garotas poderia ajudá-la a matar o tempo.
Os últimos três anos fizeram muita coisa mudar entre Charles e Cecelia, o casal deixou a Itália, não totalmente, o piloto sempre acabava voltando pra lá, precisava trabalhar, contudo, seu lar ficava do outro lado da Europa. São Petersburgo os abraçou de modo caloroso, algo novo para uma cidade tão gelada. Usando o pretexto de ficar mais perto das amigas e aproveitar um pouco mais a infância de Verena, a escritora conseguiu voltar às suas raízes russas. O apartamento que ela tem em Mônaco segue assistindo o amor de duas mulheres, já o de Charles ficou para Brienne, sua maneira de seguir em frente por completo.
Anos passam muito rápido quando você esquece de prestar atenção. Cecelia ainda se lembrava da garota confusa que era há quatro anos, a que imploraria pela volta do marido, sendo capaz de andar no fogo apenas para vê-lo sorrir e dizer que ficaria para sempre. Sua versão atual dá gargalhadas dessa lembrança. Seu cabelo não é mais platinado, o loiro continua ali, mas desta vez, natural quase por completo. Com a medicação bem ajustada, ela consegue dormir uma noite inteira como as pessoas normais fazem, além de não sentir toda aquela melancolia exacerbada.
Claro que ainda tem muitas pitadas de Sylvia Plath e pensamentos que poderiam sair de Andy Warhol, Cecelia jamais assumiria isso com um sorriso no rosto. Contudo, em sua cabeça, ela sorria com esta constatação. Quando se está perto dos trinta anos, muitas coisas voltam a ser consideradas, casamentos, amizades, vida profissional, filhos, infinitas coisas, todas essas passaram pela mente de Cecelia.
Então, em uma das madrugadas que o remédio não fez com que dormisse, ela ligou para o seu pai, que por sinal, havia dormido naquela noite. Depois do desabafo melancólico de sua única filha sobre estar envelhecendo sem filhos ou um casamento, ele apenas a mandou dormir.
Não sem citar uma frase importante para o momento de Andy Warhol: "dizem que o tempo muda as coisas, mas é você quem tem de mudá-las.", simples assim, ela desligou o celular, sorriu e voltou para a cama. Isso aconteceu há mais ou menos sete meses, Spike já não era uma pessoa que atendia o celular sempre, ele nunca disse, mas Cece sabia que havia seguido em frente. Uma atriz de teatro, desta vez, da idade dele. O antigo casal continuava sendo um antigo casal, trocavam e-mails quase diariamente, falando sobre livros lidos, roteiros escritos e viagens feitas. O amor seguia entre seus corpos, mas com um limite saudável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Clássico| Charles Leclerc.
Fanfiction"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...