17| Matilde Campilho.

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"A arte não salva o mundo

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"A arte não salva o mundo. Mas salva o minuto."

"O divórcio não é o fim", por Cécile Raud.
The New York Times, Revista de domingo.

Meu casamento terminou há mais ou menos um ano e meio. Quem poderia imaginar? Eu poderia.

Claro que não me casei esperando o fim da relação, eu sempre fui totalmente apaixonada por ele, diferente do que muitos pensam: meus pais sempre tiveram uma relação maravilhosa. A realidade de escrever livros melancólicos vem sempre de uma urgência interna em que busco colocar pra fora os meus sentimentos conflitantes, resultando em casais desesperados por amor e ensaios cercados de realidade.

O conheci quando ainda estava na faculdade, me apaixonei como qualquer pessoa que passa cinco minutos junto dele se apaixona. Ele tem uma risada gostosa, uma voz divertida e histórias que te fazem querer viver em Los Angeles, sou uma pessoa normal, eu caí de amor na primeira noite em que conversei com o meu amor. Meu primeiro amor. Meus pais foram o primeiro e único amor um do outro, sempre soube disso e pra mim, acabaria sendo assim também, spoiler: não foi desse jeito.

Ele foi casado antes de se casar comigo, era mais velho (quase uma vida inteira) e conhecia muito mais do mundo, mas eu sempre ignorei tudo, pra mim, o amor é universal, não importa o passado, vale mais a pena focar em tudo o que se pode construir em um futuro. Qual é, somos viajantes do tempo, não voltamos ao passado, apenas conheceremos o presente e isso é quase meu lema de vida.

Sempre foi divertido, mas envelhecer é doloroso e isso acaba criando barreiras que se você não for muito forte, não consegue aguentar. Ele gostava de escrever durante as madrugadas, assim como eu, amava viajar, tal como eu, amava me amar, diferente de mim. Foi ao lado dele que aprendi a valorizar pequenos momentos, me lembro de uma trilha que fizemos no Nepal, eu fiquei super cansada e mal humorada durante o longo trajeto, quando chegamos ao topo, estava tão presa na minha própria mente que não consegui perceber o lugar lindo em que estávamos.

Com suas mãos em meu rosto, ele olhou no fundo dos meus olhos e disse: "My little love, quantas vezes poderemos estar aqui, exatamente aqui? Nunca mais, Cécile, as coisas não se repetem, sei que foi chato subir tanto, está tudo bem, mas que tal olhar para a imensidão e deixarmos o trajeto lá atrás. Já passou, o destino é o que importa agora." O destino é sempre o que importa.

Você fez todos os meus destinos serem importantes, sabia?

É bom ter alguém para dividir a vida, é melhor ainda quando se consegue perceber que não dá mais para ser um casal. Eu entendi, ele entendeu, nós viramos amigos. Há mais ou menos sete meses ele deixou de ser o meu destino favorito, é, chegou outra pessoa. O amor verdadeiro não é algo que se pode substituir facilmente, acho que nunca vou deixar de amar você, mas ao mesmo tempo, sei que acabou.

Clássico| Charles Leclerc.Onde histórias criam vida. Descubra agora