"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...
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"Nenhum homem é bom o bastante para valer suas lágrimas, não o deixe pensar que tem esse poder."
Cécile estava deitada em uma cama enorme de hotel, seu rosto não tinha maquiagem, mas seu cabelo estava arrumado. Deveriam ter umas três câmeras ao seu redor, além disso, Harriet conversava sobre alguma coisa com a diretora da gravação.
Seria uma matéria de mais ou menos dez minutos, a ideia era um editorial de amigas, conversando sobre a vida, dando conselhos, tentando fazer o falso de uma maneira natural. Harriet garantiu que elas só falariam sobre assuntos que Cécile estivesse confortável em gravar, caso abordassem algo inoportuno, seria cortado na edição.
A russa não queria fazer, mas era a Vogue, se lembrou de quando era uma criança e desejava estar na capa da revista, além disso, não tinha muita escolha, seus agentes já estavam contando com aquilo para o avanço do marketing.
A jornalista pegou sua ficha de tópicos e deu uma rápida lida antes da gravação começar, Cécile deixou seu celular no canto da cômoda, encarando-a de canto. A escritora estava em NY há cinco dias, em todos eles teve tantos compromissos que sequer teve tempo de encontrar seus pais, o que no momento, era a coisa que ela mais desejava fazer.
Além disso, sem buscar por notícias de Adam desde a assinatura da dissolução de sua união estável, ela soube que ele estava na cidade, o que piorou um tanto seu clima.
Tudo parecia ser a coisa errada, no momento errado.
Estava cansada de saber que ele não deveria ser um problema, muito pelo contrário, tentava se apegar nas lembranças dos bons momentos que passaram juntos, mas odiá-lo era bem menos doloroso. Harriet sussurrou que a gravação iria começar e Cécile voltou a ser uma garota de quinze anos que fazia teatro na escola, era tudo uma questão de interpretar um personagem, esconder a Cecelia, se tornar uma atriz.
— Quer começar pelas perguntas poéticas ou por todas as idiotas primeiro? — Harriet perguntou, arrancando um sorriso travesso da amiga.
— Poéticas, preciso manter o meu personagem de culta ao menos nesse início — Cécile brincou.
— Ah, você vai adorar responder essa aqui. Quando as pessoas decidiram que era melhor ler sobre o amor do que ir buscá-lo?
— Depois da minha última experiência, prefiro continuar escrevendo ao invés de ir atrás de um grande amor. Idealizamos tanta coisa que no fundo não são verdadeiras, ninguém tem mais a paciência necessária para lidar com as escolhas e o trabalho que é viver um relacionamento. Nem todos são ruins, bem longe disso, eu tive um casamento incrível, mas parece que quanto mais o tempo passa, mais difícil fica aguentar os fins.
— Como se aguenta os inícios?
— Não tem que se aguentar, quando começamos, tudo é mais simples, você pode fazer escolhas, onde jantar, como sair. São questões que ficam fáceis, é divertido, aquela sensação de estar se apaixonando por alguém e aos poucos ir aprendendo a amá-la. Não vai ficar mais simples, pelo contrário, fica ainda mais complicado porque quando se conhece alguém mais a fundo, você se torna parte dela.