"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...
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"Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil."
Cécile passou dois meses em Los Angeles.
Parecia ter levado uma parte de Charles consigo. Quando começaram a morar juntos, sabiam que suas vidas seriam inconstantes, o piloto passava boa parte do mês viajando e a escritora precisava cumprir alguns compromissos de agenda. Um deles surgiu logo no final de abril.
Charles ficaria praticamente o mês de maio todo viajando, pois as corridas eram próximas demais umas das outras e Cécile iria ajudar Spike em seu novo roteiro. O texto ficou pronto enquanto ainda estavam casados, mas a Warner Brothers queria a versão final para o início da produção. A loirinha foi convocada para ajudá-lo a enxugar muitas páginas de estória, não existe ninguém melhor para isso que ela, foi simples aceitar ir até lá, difícil mesmo foi conseguir explicar isso ao namorado.
O carro da Ferrari realmente estava bom naquele ano. Das corridas disputadas, a dupla tifosi conseguiu pegar pódio em todas elas, assim como a Red Bull, era um excelente início, as coisas finalmente pareciam estar dando certo na vida de Charles Leclerc. Ele conquistou um relacionamento calmo, com alguém que amava imensamente, morava em uma cidade que gostava e finalmente se sentia no controle do trabalho.
A única coisa que o incomodava era a saudade da namorada, ficou extremamente mal acostumado com os primeiros meses do ano, as primeiras três corridas foram todas com a companhia dela. Chegando em casa sem tê-la o esperando ou no meio de seus mecânicos antes de um pódio, ele nunca se sentiu tão feliz e vazio ao mesmo tempo. As ligações e as mensagens sustentavam as coisas, ela sempre entregava carinho ou as palavras que ele tanto queria ouvir.
Ficar distante era doloroso, mas não tinha como evitar, Cécile jamais abriria mão de sua carreira para se dedicar apenas a ele, Charles por sua vez, nem gostaria disso. Foi em julho que as coisas pareciam voltar à normalidade, a escritora estava dirigindo de volta para casa depois de tanto tempo fora, ela sentiu saudades de Florença. Coisas ruins sempre são mais fáceis de esquecer, por isso aquela cidade era tão marcante, porque nada de ruim parecia acontecer ali.
Cece entrou com o carro na garagem, seu namorado havia mandado deixarem-o para ela no aeroporto, brevemente disse que não conseguiria buscá-la no aeroporto, por só chegar no dia seguinte. Foi um pouco frustrante para ela, mas tudo bem, essas coisas aconteciam o tempo todo entre eles, as agendas deixaram de ser problema logo no primeiro mês em que moraram juntos.
A casa onde moravam parecia ter saído de um verdadeiro sonho. O casal vive em Fiesole, um dos distritos de Florença, uma região que parecia não ter evoluído no tempo, as casas eram no estilo colonial, jardins enormes, o tipo de lugar que qualquer pessoa desejava viver. Os dias ensolarados pareciam eternos, Cece gostava de se levantar pelas manhãs e sair para caminhar, colocava seus óculos escuros, pegava o caderno de anotações, uma caneta e sentia em um dos filmes que ela ajudou a escrever.
