08| Gillian Flynn.

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"Amor incondicional é um amor indisciplinado, e, como todos vimos, amor indisciplinado é desastroso

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"Amor incondicional é um amor indisciplinado, e, como todos vimos, amor indisciplinado é desastroso."

Três regras são necessárias para você superar alguém: bloqueie o indivíduo de todas as suas redes sociais, não frequente os lugares em que ela costuma estar — ao menos não no início —, entenda que se não fosse para acontecer, não teria acontecido.

Cécile fez tudo isso para superar Adam, mas não era quem atormentava sua cabeça mais, seu pesadelo andava sendo seu vizinho. Dois meses se passaram desde o casamento e, nunca mais conversaram como antes, a escritora ficou uma semana nos Estados Unidos para resolver algumas coisas do lançamento, além de ter organizado alguns destinos de divulgação, como ela já havia previsto, iria para a China, Japão, França, Rússia e Espanha em um primeiro momento.

Rhea voltou para a Rússia uma semana depois do casamento, ela tinha que terminar seu manuscrito e Cécile viajou quase ao mesmo tempo. Foi estranho entrar no apartamento em que passou anos de sua vida dividindo com outra pessoa, alguém que ela tanto amou. As lembranças nunca vão embora, as memórias que eram alegres se tornam mais tristes e a esperança de tudo voltar ao normal acaba um dia.

Ficar ali dentro a sufocava, por isso, depois de passar a primeira noite em claro, decidiu ir dormir em um hotel. Aquela não a vida que ela desejava, solitária, nostálgica e deprimente. O que a consolava era saber que aquele pesadelo estava acabando, seu advogado conseguiu evoluir um acordo para uma possível venda do imóvel, Adam queria comprá-lo, mas Cécile disse não. O apartamento era dele, não fazia sentido comprá-lo duas vezes, ela sabia que aquela era a forma que o diretor encontrou de pedir perdão, mas não iria aceitar daquela maneira.

Era injusto.

Dentro daquela redoma de vidro, a única coisa que Cece pensava era em voltar para Mônaco, diferente do vizinho, que queria ir para qualquer outro lugar. O casamento não era de um todo horrível, por já conviverem há muito tempo, ele e sua esposa se entendiam bem, mas era tudo tão mecânico, não tinha aquela chama ardente, nem a paixão avassaladora, pareciam apenas dois amigos dormindo na mesma cama.

Se bem que aquela relação não poderia ser chamada de amizade, pois amigos conversam, Charles e Brienne não chegavam nem perto de manter um diálogo. Conversavam sobre compras da casa, às vezes sobre as viagens que fariam juntos, já que ela ia em todas as corridas do marido e de vez em nunca sobre o que planejavam fazer nos dias de folga. Dois estranhos dividindo uma cama seria bem mais apropriado.

O sexo é algo extremamente escasso, aconteceu três vezes nos últimos dois meses. Brienne não pedia e Charles não queria, por isso, só foi acontecer quando estavam bêbados ou felizes por alguma coisa, o que era raro. O piloto pesquisou notícias sobre a vizinha quase todos os dias, sentia falta dela, da amizade que criaram rapidamente, mas não teve a menor coragem de ir fazer uma visita quando ela chegou na cidade novamente.

Clássico| Charles Leclerc.Onde histórias criam vida. Descubra agora