Capítulo 39: Seis Meses

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Já era dia 28/04, exatamente seis meses desde a partida dos meninos para a guerra, quase quatro meses que estava na Grécia. A situação dentro dessa hospedagem aqui era boa, durante um mês não fiz quase nada por conta da minha recuperação, os dias eram apenas de ficar na cama, escrever artigos, ir até a sacada tomar um ar, visitas dos médicos e por aí vai, as meninas viviam no meu quarto me fazendo companhia juntamente a Ben. O próximo mês comecei a melhorar e sair um pouco mais do quarto, fazíamos encontros no jardim, saíamos todos juntos, escrevia mais artigos e ia para reuniões de trabalho, a vida estava completamente normal e com a rotina voltando ao normal. Mas frequentemente meus pensamentos voltavam a Guerra, lia todos os dias as notícias e torcia para não ver a foto ou nome do Aspen ou do Josh nas mortes ou até mesmo nos feridos, até agora os conflitos entre a Ásia e Ileia tinham cido poucos e nada muito grave (se é que tem um jeito de não ser grave em estado de guerra). Sentia falta de Aspen todos os dias, sempre pensava o que estaríamos fazendo se ele estivesse aqui e que a vida poderia estar bem diferente, igualmente com Josh, com toda certeza naquele ataque ele teria aparecido e dado uma surra neles, mas duvido que o ataque teria acontecido para primeiro de conversa.
A saudade apertava especialmente em momentos que via a aproximação de Katt e Ben, eles realmente estavam se dando muito bem, era como quando conheci Aspen, sorrisos bobos para lá e para cá, mensagens toda hora, apelidinhos e piadas para provocar um ao outro, isso era lindo de ver, desejava que os dois ficassem juntos, ninguém era um melhor partido para ela do que ele, com toda certeza eles brigariam pelo auto ego e achismo de Benjamin e pelas provocações que Katt faria com ele, mas apesar disso sabia que seriam felizes.

- É então Kattie, será que esse seu coração de sorvete tem derretido por um certo alguém? - disse a ela enquanto fazíamos uma caminhada matinal no jardim
- O que? Meu coração nunca se derrete minha querida Elisa - disse ela negando completamente.
- Tem certeza em? Eu já estou vendo os respingos - brinco e lanço uma piscadela
- Tá legal tá legal, talvez um pouquinho assim - ela sinaliza com os dedos.
- Eu sabia, conheço minha amiga e conheço aquele idiota
Nós duas rimos e ela suspira.
- Ah Eli, pelo jeito que Aspen falava dele eu achei que desejaria matá-lo na primeira oportunidade
- E não quer? Porque sejamos sinceras, até eu quero matá-lo - falo na brincadeira
- É, pensando bem, essa vontade foi despertada também.
- Também? E o que mais dói despertado aí dentro? - levanto uma sobrancelha.
- Ham - as bochechas dela coram - uma certa admiração, eu admito, acho que por enquanto é isso... Sei lá sabe, eu estou confusa.
- Huum bom saber que ele mexe com você desse jeito todo.
De repente Ben aparece atrás de nós, se enfiando no meio de nós duas, coloca os braços em nossos ombros e sorri.
- Quem mexe com quem? E de que jeito? - ele brinca olhando para nós duas.
- Ninguém! - Katt responde rápido, suas bochechas coram e ela arregala os olhos perecendo o tom meio agressivo.
- Ninguém que te interesse mocinho, você precisa aprender a não incomodar duas amigas fofocando. - digo para mudar de assunto.
- Mas eu gosto de fofocar.
- Cala a boca Benjamin - retruco rindo.
- Tá bom. Mudando de assunto, Safira está nos chamando para almoçar, pensei em um restaurante no centro da cidade. O que acham? - ele diz e olha para Katt.
- Eu gosto da ideia, mas só se depois tiver sorvete daquela sorveteria que eu adorei.
- Com certeza terá minha Lady - ele disse sorrindo.
- Tudo bem, então vamos! - disse por fim só para concordar - vou subir para pegar meu celular, podem ir indo pegar o carro que eu já encontro vocês.

Me desvencilhei deles e sai sem receber uma resposta, a intenção era deixá-los sozinhos e certamente consegui, porque nenhum dos dois ousou a me seguir.
Subi e peguei meu celular, vi uma chamada perdida de Aspen e meu Deus, meu coração acelerou e consequentemente sorri, disco logo seu número e retorno a ligação. Nada, não foi possível nem completar a ligação. Talvez haja a dúvida do porquê nós não conversamos todos esses dias, ou porque as pessoas estavam se comunicando com o exército por cartas, e a resposta é simples: o sinal de lá é péssimo, nível de não conseguir completar uma ligação. Mas para mim só de saber que Aspen estava vivo e tentando entrar em contato era uma alívio, com toda certeza ouvir a voz dele talvez me deixasse ainda mais tranquila porém, nem completar a chamada conseguia, então isso teria que esperar.
Desci e fomos para o restaurante, almoçamos como de costume, sempre conversando, fazendo piadas e nos divertindo. Confessor que era muito bom ter esses momentos com eles, estar com uma parte de meus amigos era reconfortante, era sentir que tudo estava certo.

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