Safira:
Os dias que se sucederão a morte de Aspen foram os mais escuros que vivi em minha vida. Aquela sensação de perder um amigo era avassaladora, tornava tudo o que fazia pesado e até piadas eram uma lembrança do acontecimento.
Todos nós sofremos mas, com toda certeza do mundo, quem estava pior era Elisa. Na primeira semana ela não saiu do quarto dela, não comia ou ao menos saia para o jardim, trocava poucas palavras com todos, não chorava ou esboçava um sorriso com nossas tentativas de distraí-la. Aquela Elisa alegre, carinhosa, amorosa e viva que conhecíamos se foi com Aspen.
Um dia consegui tirar Elisa do quarto e a levei para o jardim, eram oito horas da noite quando pisamos os pés naquela grama macia, a brisa leve e fresca batendo em nossos rostos, pude ver ela respirar fundo e fechar os olhos brevemente. Andamos um pouco e nos sentamos em um dos bancos, Elisa olhava para o chão e silêncio então tentei puxar algum assunto que a animaria.
— As estrelas estão lindas hoje Eli, ouvi dizer que de madrugada terá uma chuva de meteoros.
Ela ergueu os olhos para olhar o céu, o silêncio ainda pairava e quando estava prestes a tentar denovo escuto a dizer:
— Elas estão lindas mesmo... Mas não se compara ao céu em um dia específico - Sabia do que ela estava falando, era óbvio que falava de Aspen e do encontro dos dois. - Acho que Aspen vai gostar de estar ali. - sua voz embargada me quebrou o coração.
Algo me dizia que minha escolha sobre o assunto foi uma péssima ideia.
— Claro, garanto que ele deve estar muito bem lá...
Não sabia mais o que dizer a ela. Elisa perdeu o amor da sua vida, o que consolaria uma mulher nessas condições?
— Saf... Me desculpe - olhei para ela e percebi seus olhos marejados - me perdoe por todo esse trabalho que estou dando, eu prometo que vou melhorar só... - foi interrompida por suas lágrimas
— Ei Eli, calma - a puxo para um abraço apertado - você não deu trabalho nenhum, somos uma família e estamos cuidando uns dos outros nesse momento difícil.
— Obrigada Saf - disse ela em meio às lágrimas - eu sinto tanta falta dele
Ela desabou em meus braços, chorou por meia hora seguida. Tentei manter forte mas soltei algumas lágrimas também, tudo aquilo estava pesado de mais para Eli e consequentemente para mim também.
Um mês depois decidimos que era a hora de voltar para Iléia. Maxon e George organizaram toda a partida, com guardas a todo momento e todo o conforto possível. Partimos então, eu, Eli, Benjamin e Kattie de volta ao lar.Elisa:
Depois de uma longa viagem estava em Iléia denovo. Nada estava diferente, tudo era como um lugar de conto de fadas mas, até mesmo para mim era mais reconfortante estar ali, era como se nada tivesse mudado.
Fomos todas para minha casa, Katt correu para mostrar a Ben a casa enquanto Safira e eu subimos para desfazer as malas. Lá fora haviam centenas de guardas a postos fazendo vigia na porta de casa, talvez aquilo era um exagero? Eu acreditava que sim, mas quem sou em comparação aos príncipes que me protegiam a todo momento.
Enquanto guardava minhas coisas no armário achei uma das camisas de Aspen, naquele momento lembrei que meu conto de fadas não tinha tido um final feliz. Peguei aquela peça de roupa e me sentei na cama com ela nas mãos, pensei em todos os momentos bons que passei com ele e o porque daquela camisa estar no meu guarda roupa, era um dos meus pijamas favoritos desde que Aspen dormiu em casa pela primeira vez. Não pude conter minhas lágrimas, que começaram a cair sem meu consentimento.
— Eli você... - Katt parou na porta do meu quarto e veio até mim - o que foi amiga? - ela se sentou ao meu lado e me abraçou
— Era... Era dele Katt - disse gaguejando
Ela suspirou e me abraçou mais forte, eu a abracei de volta e suspirei.
Tudo aquilo era demais, saber que perdi a única pessoa que eu mais amei na vida me consumia, cada canto daquela casa me lembrava a Aspen, mesmo sem nenhum motivo especial. Sentia que não podia continuar, nada fazia sentido se eu não pudesse tê-lo comigo.
Katt me deixou sozinha depois que parei de chorar, fiquei na cama tentando dormir enquanto todos estavam dormindo durante a tarde para descansar da viagem. De repente escuto meu celular tocar, era Phoebe, prima de Aspen.
— Alô, Phoebe?
— Elisa! Oi, como você está?
Eu com toda certeza não esperava Phoebe me ligando e com uma voz totalmente doce e amorosa, dado as circunstâncias de que ela não ia muito com a minha cara ainda.
— Estou bem na medida do possível, e você? Como está todo mundo? - sinto um nó na garganta enquanto falo, aquela conversa parecia algo normal mas conseguia sentir o clima pesado até por telefone.
— Estamos seguindo - ela ficou em silêncio por um momento - então, te liguei apenas para saber como estava... E minha tia também estava bem preocupada com você.
— Ah entendi... Sabe se ela está livre hoje? Acabei de voltar da Grécia e eu gostaria muito de visitar vocês.
— Estamos livres sim, você é bem vinda quando quiser... Inclusive estamos planejando arrumar o apartamento dele na quarta, esperamos que possa ir também.
— Ah - suspirei para engolir o choro - claro claro, eu estarei lá. Vou hoje ainda visitar Mariana, espero que nos encontremos lá.
— Combinado Elisa, até mais.
Ela desligou a ligação o mais rápido possível.
Era o certo, mas o que se dizia em uma situação dessas? Eu deveria levar algo? Flores? Doces? Apareceria com minhas cartas? Como deveria me portar? De certa forma ninguém está preparado para uma situação deste porte.
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A visão das estrelas.
RomanceA seleção está prestes a começar, uma oportunidade em um milhão de se casar com um príncipe e encontrar o amor. E Elisa Clark, uma garota de apenas 20 anos começando a viver, mais insegura do que pode imaginar e a procura de novas oportunidades vê...